A cigana

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ARREPENDIMENTO. Foi o primeira coisa que Daemon sentiu quando Zelina lhe virou as costas e se misturou com a multidão. O que era absurdo. Por que iria ele se arrepender por dizer aquilo a uma criminosa, que deveria estar a apodrecer numa masmorra?

Ele precisava dela, fazia parte dos seu planos.

O segundo sentimento, já quando dispensava a sua guarda, foi preocupação. Não devia te-la deixado ir sozinha.

Ela estava com raiva, ele vira a ira nos seus belos olhos safira, ouviu o rancor na sua voz quando lhe pediu o "pagamento".

Vingança, punição, era o que ela queria. So os Deuses sabem o que aquela mulher se deve ter controlado para não o ter morto ali mesmo.

Daemon devia ter ido atrás dela, ele queria, não a queria largar um único segundo. O que também era absurdo. Não, ele não estava apaixonado por ela, mas ele queria-a sempre ao seu lado. Na noite anterior, quando se deitou na cama dela para a ver adormecer, o seu serão fora todo passado a olhar para ela a dormir. Certificando-se que não teria mais pesadelos.

Aquele magnetismo, era estranho. Mas a bruxa o avisara, por isso não se podia queixar e nem valia a pena procurar alguém para acabar com aquilo.

- So a morte o poderá quebrar. - dissera a mulher.

E ele não queria morrer e não queria que Zelina morresse.

*

O cheio a suor, fumo e vinho barato foi o que lhe atingiu primeiro. Gritos e gargalhadas enchiam o espaço iluminado por tochas e lanternas apesar de o sol ainda estar bem no alto. O armazém tinha janelas mas foram pintadas de negro para que ninguém visse o que se passava ali.

Ela sorriu quando deu o primeiro passo para dentro do armazém, chegara a Almas Perdidas, o famoso e nojento e mal frequentado bar de Irta. Nunca percebeu como tanto o outro Rei ou o actual nunca se deram ao trabalho de acabar com aquilo. Era um poço de corrupção, depravação, entre muitas coisas mais, todas intoleráveis, segundo a lei.

Zelina pousou um braço no balcão do bar e chamou o empregado.

- Ponha-me na lista. - disse ela.

Ele a olhou, ou pelo menos tentou, visto que ela antes de chegar tinha passado pelo mercado e comprado roupas confortáveis e uma grande capa em que o capuz lhe cobria quase todo o rosto. - Nome.

Ela riu por dentro, se dissesse seu nome verdadeiro ninguém acreditaria - Zelina Abderus.

O homem gargalhou - Quem lhe dera não é? Mas eu não caiu nessa. Toda a gente sabe que ela se foi..

- Foi? - ela adorava fofocas, principalmente sobre ela.

- Sim, ela morreu. Foi apanhada pelos guardas do príncipe, à mais ou menos uma semana, e mal chegou ao palácio o Rei matou-a. - o homem suspirou - Uma tristeza, um desperdício de talento.

Ela estava bem morta, oh se estava.

- Então, Paylla Miawdox.

O homem assentou o nome falso num papel. - Em breve será chamada. Quer algo para beber enquanto espera?

Ela assentiu.

*

Daemon ainda estava embaralhado nos seus pensamentos quando entrou na taberna onde um homem todo coberto com uma capa negra o esperava.

O príncipe também estava disfarçado com um capuz que lhe cobria a tatuagem da cabeça e o cabelo fora trançado para que o branco não chamasse a atenção, pois naquele lado da cidade um príncipe, com certeza, não sairia de la com vida.

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