Alice: A boboca no país das maravilhas

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Peço desculpas a quem não gosta de pessoas melosas, quero dizer, românticas, mas para que vocês entendam o que de fato aconteceu comigo eu preciso falar da época em que era feliz ou que pelo menos achava que era.

Vou falar de uma época em que eu morava num bairro maravilhoso, onde a maioria dos moradores eram artistas, a minha família era tipo de comercial de margarina: perfeita! Todos felizes, convivendo harmoniosamente, sem nenhuma briga em nenhum momento.

Eu estudava num dos melhores colégios do bairro, tinha cinco melhores amigas e juntas formávamos um grupinho: "As poderosas". Eu era a líder desse grupo. Éramos as meninas mais conhecidas do colégio, todas as minhas amigas do grupo já tinham beijado e algumas até namorado, mas eu, otária, sonhava com o dia em que conheceria o meu príncipe encantado. Os meninos sabiam que comigo não tinham desenrolo, então nem tentavam.

Até que um dia eu comecei a acreditar que teria conhecido o meu príncipe encantado. Tinha 14 anos quando o vi pela primeira vez! Parecia um anjo e tinha nome de um, embora o seu sobrenome já fosse uma prévia de aonde ele iria me levar. Seu nome? Rafael Devil.

Ele tinha acabado de se mudar para o bairro e desde o dia em que o vi pela primeira vez na quadra da escola jogando bola eu o desejava como nunca desejei nada em toda a minha vida. Mas como ficaria com ele se os meninos tinham medo de mim?

Naquela época eu não estava acostumada a lutar pelo o que eu desejava porque tudo que eu queria eu conseguia de mão beijada. Fiquei por muito tempo apenas o observando na escola, não tinha coragem nem de dizer um "oi" para ele. Nunca tinha gostado de ninguém antes, não sabia como fazer e o que fazer, mas me encarreguei prontamente a contar para a vaca que na época era a minha melhor amiga Luana Snake e para o meu querido diário que foi queimado quando descobri a verdade que irei contar a vocês.

Passou- se um ano e eu tinha virado amiga dele, mas ainda era tonta o suficiente para não saber como me insinuar parar ele.

A cada dia que passava o meu amor por ele ficava cada vez maior e eu sentia que precisava dele para que o meu mundo cor de rosa, para que o país das maravilhas ficassem completos para sempre! E após um ano finalmente o universo começou a sorrir para mim, pelo menos era o que eu acreditava porque na verdade ele estava gargalhando aquela gargalhada digna de um filme de terror.

Eu consegui ficar com o Rafael Devil e embora o meu diário tenha sido queimado eu nunca consegui esquecer aquele patético dia 06/06/2006 e me sinto no dever de contar para vocês como aconteceu.

Lágrimas  De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora