A caridade

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Não quis olhar muito para as fotos e fui direto para o quarto da Luísa, quando eu cheguei lá a porta estava fechada. Bati na porta e falei "Luísa , aqui é a... (Pausei. Iria dizer o meu nome, Mas e se a Luana já tivesse dito mal de mim?) a amiga da mamãe, posso entrar?"

"Pode". Disse Luísa com voz de choro.

Entrei ela estava secando as lágrimas."Luísa, sabia que você é muito mais linda pessoalmente?" sentei na sua cama.

Ela abriu um largo sorriso e respondeu : "Sabia!" Ahh, tinha que ser filha do Rafael Devil para, tão pequena, dar uma resposta dessas! Sorri para ela.

" Você tem quantos anos?"

Ela fez 4 com a mão. "Ual,tudo isso?! Perguntei, fingindo surpresa com a resposta dela. Ela sorriu e fez sim com a cabeça.

"Tia, por que a mamãe disse que eu morri e que eu estava no inferno?"

" Luísa, antes de você existir a sua mãe teve uma outra filha, mas ela foi para o céu. Era dela que a sua mãe estava falando."

" Mas por que a mamãe disse que ela foi para o inferno?"

"Luana é boba e está muito triste porque lembrou da filhinha que ela perdeu, por isso falou isso. Mas ela morreu e foi para o céu. Virou um lindo anjinho, tá bom?"

"Quando eu morrer eu vou virar anjinho? Vou poder encontrar a minha irmãzinha?

"Vai virar e vai poder encontrá-la sim,meu amor."

"Eu dei para a mamãe a minha boneca favorita. Ela está melhor?"

"Está sim". Abracei-a.

"Vamos brincar?" Perguntei. Quis mudar o rumo da conversa, fazer com que esquecesse um pouco da mãe.

Ela sorriu. E me perguntou: " De que?"

" Do que quiser,meu amor!" Respondi

Ela levantou da cama,ficou em frente a sua enorme estante, ficou na ponta do pé e apontou o livro que queria. Eu levantei e vi qual livro ela estava apontando: "Alice no país das maravilhas?" perguntei surpresa.

"Sim" ela respondeu.

Peguei o livro e deitei com ela na cama. Comecei a ler, mas quando estava no meio do livro ela adormeceu. Parecia um anjinho dormindo. Mais tarde eu acabei pegando no sono também.

Rafael entrou no quarto falando comigo: "Alice". Acordei com ele me chamando. Sei que não era bem um chamado, era um inicio de uma frase que foi interrompido quando ele me viu dormindo com a sua filha. "Shiu" eu disse, enquanto Luísa se remexia na cama. Levantei da cama. Cobri Luísa e dei um beijo na testa dela de boa noite. Desliguei a luz e retirei o Rafael do quarto para que Luísa pudesse dormir e a gente conversar mais a vontade.

Descemos a escada e fomos para a sala. Sentamos no sofá. Ele me disse: "Obrigado por ter cuidado da minha filha para que eu pudesse deixar a Luana na clinica e me desculpa por ter te acordado."

"Não precisa me agradecer, sua filha é um amor! A sua babá fugiu (ri) e não teve com quem deixá-la, eu entendo. Tentei te esperar acordada, mas você demorou e eu acabei pegando no sono. Luana está melhor? Gostou da clínica?"

" Aparentemente é boa, obrigado pela indicação. Tiveram que sedá- la. Vou ter que ligar para a babá para ver se ela ainda quer trabalhar aqui, caso ao contrário, terei que contratar outra. O que seria uma pena porque a Luísa gosta dela. Espero que ela não demore muito para se adaptar sem a mãe. Não vou deixá-la frequentar esse tipo de lugar, sendo tão nova."

Sorri. " Eu te entendo.Tudo vai dar certo. Eu estou aqui com você." Peguei na mão dele.

"Mudando de assunto, "Alice no país das maravilhas"? Você leu isso para a minha filha dormir? Não tinha nada mais original,não?"

Lágrimas  De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora