A fuga da realidade

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Bom, aqueles 4 terríveis meses se passaram e o ensino médio havia finalmente terminado.Eu tinha que decidir o que eu queria fazer da vida.

É  óbvio que se eu quisesse não precisaria trabalhar porque nasci em berço de ouro, mas eu queria fazer algo para distrair a minha mente e se tem algo que eu sempre amei  na minha vida é me comunicar, embora  naquela época, não estivesse conseguindo fazer isso há muito tempo!

Eu queria ser jornalista. Já estava decidido! Mas de qualquer  modo quis ouvir a opinião  do doutor Aluízio que foi a favor, dizendo que eu precisava fazer alguma atividade que eu gostasse para que eu não ficasse com depressão, pois eu estaria, segundo ele, ocupando a minha mente. Se isso que eu tinha não era depressão, não quero nunca conhecê – la! Meus pais ficaram super felizes com a novidade quando eu contei!

Se acham que eu estava mais tranquila  com o fim da escola se enganaram. Para mim dava no mesmo porque eles descobriram a hora e o dia que eu saía de casa para as minhas consultas com o doutor Aluízio, então os via três vezes por semana: na hora que eu entrava no carro dos meus pais para ir a consulta e na hora que eu saía do carro para  entrar em casa. Eles ficavam do outro  lado da rua se beijando, numa posição  estratégica  que era terminantemente  impossível  não olhar.

Os meses passaram e aquele natal e ano novo foram os mais sem graças e tristes da minha vida, me sentia muito sozinha.

Foi aí que eu tive a ideia de fugir  de tudo, eu queria me distanciar de tudo que estava me fazendo mal, construir novas amizades, viver em paz e, principalmente, abandonar o doutor Aluízio  Luz! Eu não aguentava mais aquelas terapias. Me sentia doente e um pouco louca também, mas o pior era a certeza que veria aquele beijo.

Cada beijo que eles davam na minha frente querendo me provocar doía tanto como se fosse o primeiro que eu tivesse visto, era como se tivesse sido enfiado uma espada no meu coração em todas a vezes.

Eu precisava fugir daquelas terapias, minha mãe sabia que eu sofria com cada beijo, mas achava que um dia eles fossem parar ou que eu iria parar de dar importância!  Mas como se eles acabaram com a minha vida?

Então eu resolvi perguntar para eles se eu poderia estudar jornalismo fora do país e eles aprovaram!

E sim, quem imaginou que eu fosse pensar em me vingar logo de primeira, se enganou bonito! Eu tive a atitude de muitas mulheres traídas e quis tentar esquecer dessa merda toda,como se fosse possível!

Eu fiz a prova e passei. Meus pais, como presente de 18 anos, me deram uma casa nos Estados Unidos que eu tenho até hoje e amo muito!

10 anos se passaram e nesse tempo eu me formei em jornalismo, voltei a falar com  as pessoas normalmente, voltei a sair com o pessoal para socializar, embora nunca tenha dado abertura para uma amizade íntima. Sabe, contar segredos? Pois é, até hoje não consigo fazer isso! Comprei  um carro e consegui virar a chefe da revista de moda mais conceituada do mundo: a vogue!

Quando saí das casas dos meus pais, fiz eles me prometerem que não me contariam nada sobre ninguém que morasse naquele bairro, principalmente  Luana e Rafael e de fato, eles não me contaram nada e eu pensei que jamais voltaria a vê- los. Santa ilusão.

Os meus pais sempre que podiam vinham me visitar, já que eu disse que jamais colocaria os meus pés no Brasil de novo. Ah, como eu amo os meus pais! Eles sempre serão tudo para mim!

Até hoje não consegui me livrar daquele mala do doutor  Aluízio, só pode ser carma! Brincadeiras a parte, é sempre ele que me dá os melhores conselhos quando eu não sei o que fazer!

Bom, mas acho que vocês não devem estar querendo muito saber sobre o doutor Aluízio, né? Vamos para  o que de fato interessa: minha vida amorosa!

Responderei aquelas perguntas que eu imagino  que vocês devem estar se fazendo, relativo a esses 10 anos em que  fiquei longe do  Brasil, se tiverem mais mande por  comentário. Responderei a todas! Amo aquele balãozinho cheio de números, sabe?

Não, depois do Rafael não   tive namorado.

Não, depois do Rafael não   me  apaixonei.

Não, nesses 10 anos eu  nunca me esqueci do Rafael e nunca vou me esquecer.

Sim, eu tentei por diversas vezes imaginar como ele estava, se continuava com a Luana, se ainda morava no mesmo lugar, se ainda se lembrava de mim.

Sim, depois do Rafael tive vários ficantes. Homens bonitos, sexys, interessantes e muito gostosos!

Sim, já fiquei com diversos modelos! Mas não consegui ir além de meros casos, não consegui  mostrar para ninguém quem eu sou de verdade, não consegui e nem consigo até hoje  confiar em ninguém. E em todos os relacionamentos  quem dá as cartas até  hoje   sou eu, inclusive na cama! Não suporto ser dominada!

Bom, no próximo capítulo vocês saberão o motivo pelo qual  eu tive que voltar ao Brasil após 10 anos longe.  

Lágrimas  De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora