Capitulo 10

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Estamos andando a horas, a ritmo de lesma, já que o Rei do Leste está mancando e recusou a minha ajuda. Meus pés estão doendo muito, mas eu não digo nada.

Na verdade, nós não falamos nada um com o outro. Só andamos.

- Você não quer a minha ajuda? - Olho para trás, ele continua andando, mas está cada vez mais devagar.

Ele não diz nada.

- Desse jeito nunca vamos chegar ao Castelo do Oeste. - Digo irritada.

Ele não diz nada. Só continua andando.

- Eu posso de ajudar - Digo e no impulso eu tento pegar seu braço.

Mas ele faz um movimento impressionante, me vira de costas, roda meu braço e pega minha espada, colocando-a no meu pescoço.

- Nunca mais toque em mim. Eu posso não ter poderes aqui e posso estar com a minha perna machucada, mas eu ainda posso matar você. - Sussurra ameaçadoramente em meu ouvidro. E me solta, me fazendo tropeçar.

- Me devolva a minha espada. - Digo com raiva. Como ele conseguiu me imobilizar dessa forma estando com a perna ferida? Isso me deixa furiosa.

Odeio que me façam me sentir fraca. E é assim que eu me sinto perto dele. Fraca, a única coisa que eu tento não ser.

Ele me devolve a espada e continua andando sem dizer nenhuma palavra.

Que sujeito esquisito - penso - e volto a andar.

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O céu está escurecendo, nos trazendo um eminente anoitecer. Eu enxergava pouco, tropeçando em vários obstáculos, mas aparentemente o Rei do Leste enxergava bem no escuro e não dava sinais de cansaço ou exaustão, mesmo com a perna machucada. Eu estava muito cansada, mas eu não iria falar isso para ele.

Mas de repente ele para, trombando comigo.

- O que foi? - Pergunto.

- Você tem que sair daqui, agora!! - Diz ele, nervoso.

Olho para os lados. Não vejo ou escuto nada, mas pelo visto ele sim, pois seu rosto está com uma expressão de preocupação enorme.

É claro que nessa floresta deveria ter algum animal, mais eu não esperava encontrar nenhum. Como eu sou estúpida.

- Corre! - Ele diz e começo a correr, mesmo não sabendo o porque.

- CORRE!!! - Ele grita quando eu olho para trás, para ajudá-lo, mas ele não quer a minha ajuda, então eu continuo a correr.

Seus passos ficam cada vez mais distantes, mas eu me recuso a olhar para trás, só continuo a correr e correr, como ele me instruiu.

Eu não posso morrer. - Penso - Eu tenho que salvar Cam.

Então eu caio no chão, já não tenho forças para correr. Estou exausta.

Eu olho para trás. Ele sumiu. Será que alguma fera o tinha encontrado? Aparentemente sim. Ele não teria chance nenhuma com a perna machucada.

Ele provavelmente está morto e eu serei a próxima.

Nesse momento eu penso em subir em alguma árvore. Semprei fui boa nisso e meu pai me ensinou bem em como caçar, então eu sei como me esconder do inimigo.

Identificar, mirar e atirar. Era o que ele dizia. Que pena que meu arco e flexa não está aqui, assim estaria mais preparada.

Escolho uma árvore mediana, assim poderei subir rapidamente e me esconder, já que a minha visualização está baixa, pois a escuridão está cada vez maior.

Sento em um galho mais grosso e espero. Não sei pelo o quê estou esperando, mas mesmo assim fico encarando a escuridão que sussurra para mim: Você vai morrer.

Estou tremendo. Não de frio, mas sim de medo. Eu sou uma covarde, mais me finjo de durona, algo que eu nem de longe sou, mais tento ser.

De repente eu ouço passos, mas não passos normais, e sim passos fortes e ritmados que fazem o chão tremer.

Meu coração acelera, quase saindo do peito.

Eu vou ser morta por uma fera da floresta. - penso - Meu fim não podia ser melhor.

É nesse momento a criatura aparece. É realmente enorme, tem praticamente o tamanho de um cavalo. Sem exageros. Seus olhos, mesmo no escuro, é de um tom vermelho sangue intenso e seu pelo é tão branco que traz luz a essa floresta sombria.

É parecido com um lobo, só que três vezes maior.

Ele é realmente magnífico.

Eu continuo a tremer e meus dentes batem tanto um no outro que eu acho que vão formar uma sinfonia.

O enorme lobo de repente para de baixo da minha árvore e começa a farejar. Ele está procurando alguma coisa.

Então ele olha para cima, para mim.

Ele estava procurando por mim.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora