Eu não tinha ideia do que eu iria fazer para conseguir trazer Cam de volta. Mas pelo menos eu tentaria, pois eu não poderia viver com esse peso em minha consciência.
Pelo quê eu já tinha ouvido e pelo o quê já tinham me contado, a Rainha era uma mulher muito má. Suas crueldades não tinham fim. É só vê a nossa situação, seu povo, e perceber que ela não é uma pessoa muito solidária.
Somos divididos em quatro reinos, O Norte, Sul, Leste e Oeste. E cada um deles é governado por um Rei/Rainha de acordo com suas "habilidades". A Rainha do Oeste tem poderes sobre o ar. O Rei do leste tem poderes sobre a água. O Rei do Sul sobre a terra, e a nossa rainha do Norte, sobre o fogo.
Já ouvi muitas histórias de pessoas que desobedeceram a rainha e acabaram em cinzas. Só espero que esse não seja meu fim.
Eu pego a espada do meu pai. É a unica coisa que me restou e eu não vou abrir mão dela, mesmo que ela não tenha ultilidade na hora do meu encontro com a Rainha. Coloco ela presa em minha cintura e saio de casa.
Está na hora - penso - acho que minha vida vai mudar radicalmente a partir de agora. Só espero que não seja para pior.
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O sujeito já está me esperando quando eu chego. Está com a mesma aparência ( acho que ele não muda nunca) mas eu não me sinto mais tão apavorada com a sua presença e ele dá um breve sorriso enquanto me aproximo.
- A Rainha lhe consedeu um breve minuto do seu precioso tempo para avaliar sua proposta - Diz ele.
- Bem, eu estou pronta. - Digo com um falso tom de coragem.
- Eu vejo - Diz ele olhando. fixamente para a minha espada ( Mesmo que não se dê para ter certeza).
- Bela arma que você possuí - Diz ele com certo interesse.
Por instinto, eu seguro o cabo de minha espada.
- Foi meu pai que deixou para mim.
- Vejo - Diz desconfiado.
- É verdade - Quase grito - Não lhe devo satisfações de nada.
- É claro, criança. Eu só estou aqui para te levar até a rainha.
- Bem, então me leve - Digo rispidamente.
- Eu só quero ter certeza de que você tem total noção do que está prestes a fazer. Pois uma vez sob os domínios da Rainha, você não poderá sair até que ela ordene.
Tento não pensar sobre o que ele acabou de me dizer, mas começo a temer por minha vida.
- Sim... Eu tenho certeza do que estou fazendo.
- Se você tem certeza. - Diz e dá um pequeno vislumbre de sorriso e antes que eu perceba, estamos sendo engolidos por uma espessa fumaça preta.
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Quando eu sinto que todo o ar foi drenado dos meus pulmões e que eu morrerei antes mesmo de chegar até a Rainha, sinto meus pés encostarem em terra firme e sinto que já posso respirar mais uma vez.
Caio no chão de tanta exaustão.
- Levante criança - Diz o sujeito - há coisas piores te esperando lá dentro.
Quando ele diz tal palavras eu levanto meu rosto e olho abismada para o longo castelo que surge na minha frente. Ele é enorme, deve ser maior que toda a minha vila e nas suas extremidades estão fixados mastros com bandeiras, todas negras e com o símbolo da Rainha, o fogo.
Mas os arredores do castelo não são tão esplendorosos, a natureza está morrendo e pelo cheiro de morte do ar, muitos corpos são descartados aqui.
O sujeito negro me pega pelo braço, com uma força impressionante, pois eu não tenho forças nem para andar e começamos a adentrar o castelo. Há vários homens com armaduras que parecem nem notar o nossa presença, pois olham fixamente para frente.
O interior do castelo é igualmente negro como o exterior, há muitos mastros com castiçais que estão pendurados nas paredes e o cheiro de morte aqui parece até mais forte. Quanto mais adentramos o interior do lugar mais gritos eu escuto, como se várias pessoas estivessem sendo torturadas.
De repente eu penso em Cam. Espero que ele esteja bem.
Esse lugar parece um labirinto , mas o sujeito parece saber exatamente para onde estamos indo. Quando eu acho que já se passou uma eternidade e meus pés começam a protestar, nós paramos em uma enorme porta cor de sangue, com dois soldados ao lado.
- A Rainha está me esperando - Diz o sujeito a um dos soldados.
E sem esperar por uma resposta ele me conduz através da porta.
É ela. Ela está sentada em um espaçoso trono de ouro no meio de uma sala enorme é vazia. Ela é incrivelmente linda, não parece ter mais de quarenta anos e ostenta varias joias pelo corpo, há uma linda coroa em sua cabeça, que aparenta estar pegando fogo ( realmente está pegando fogo) seus cabelos são loiros e muito lisos e sua pele é tão branca quanto a neve.
Ela dá um pequeno sorriso quando nos aproximamos.
- Rainha - Diz o sujeito e se curva aos seus pés, me obrigando a fazer o mesmo.
- Levante Laycon - ( então esse é o nome dele) - Me diz o que você quer aqui.
- Trouxe essa garota, soberana - diz se levantando e me puxando á sua frente - Ela deseja fazer um acordo com a senhora.
Os olhos da rainha brilham e ela olha com certa repugnância para mim.
- O quê você quer de mim? - Ela me pergunta, mas eu não sei o que responder, por um momento minha mente entra em colapso.
- Você não fala? - Pergunta agora um pouco impaciente.
- Sim... Eu falo. - Respondo trêmula.
- Então, o quê você quer de mim?
- Quero que você deixe Cam ir embora para casa, comigo. - Digo com falsa confiança.
Ela não me pergunta quem é Cam, o tal de Laycon já deve tê-la informado.
- Bem, o que você me daria em troca? - Diz ela desinteressada.
- Eu..ham...Faria qualquer coisa.
- Bem, eu não preciso de nada de uma camponesa imunda. Agora se retire daqui.
- Eu lhe daria minha alma. - Digo desesperada.
- Eu já tenho almas imundas suficiente. - Diz com desdém. - Agora tirem essa criatura daqui.
De repente três soldados aparecem das sombras e tentam me pegar, mas eu pego minha espada que estava junto ao meu cinto e em um momento de desespero eu aponto a espada para os três.
- Eu só saio daqui com o Cam. - Minha mão treme e eu sei que não conseguiria atacar os três. Eu morreria. Ou a Rainha acabaria comigo antes.
- Parem - Diz ela olhando fixamente para a minha espada. - venha até aqui.
Eu ainda estou apontando minha espada para os soldados, mas eles desaparecem antes que eu perceba. Vou até ela.
- Onde você conseguiu essa espada? - Pergunta interessada.
- Foi herança de meu pai. - Digo.
Ela olha desconfiada para mim. Por que ninguem acredita que essa espada pode ser minha?
- Laycon? - Diz ela. E eu nem sabia que aquele sujeito continuava ali.
- Creio que seja verdade Rainha. Não acho que ela esteja mentindo.
- Bem, então eu tenho uma proposta para você. - Diz ela com um estranho sorriso.
E eu sei que esse acordo não será nada bom para mim.
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Valentina
PertualanganEssa aventura conta a história de Valentina, uma garota que vivia uma vida de dificuldades ao lado do seu namorado Cam, mas quando ele vende sua alma para a Rainha, uma mulher a quem todos temem, ela irá começar uma longa e perigosa jornada para sal...