Capítulo 13

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- NÃOOOOOOOOO!!! - Ele grita mais uma vez.

- Fique quieto ou eu não poderei te ajudar. - Digo tentando estancar o ferimento.

- Mas está doendo muito. - Ele diz com a voz rouca. - Pare com isso!!!

- Eu não posso. - Digo. - Tenho que desinfetar sua perna ou então a infecção se espalhará por todo o seu corpo.

Estamos dentro da pequena e humilde carroagem que nos abrigou na estrada deserta e o Rei do leste não para de se debater sempre que eu toco em sua perna.

- Está tudo bem ai? - Pergunta Theodoro. O homem que está conduzindo a carroagem.

- Sim - Digo. - Só estou com problemas para desinfetar a perna dele.

- AHHHHH. - O Rei do leste grita mais uma vez quando aplico o anti-inflamatório.

- Provavelmente você vai ter que calterizar isso. - Theodoro diz, ainda com os olhos na estrada.

- Calterizar? - O Rei do Leste diz assustado. - Ele ficou louco?

- Não tenho equipamentos para calterizar a perna dele aqui. - Digo, ignorando as súplicas dele.

- Eu te levarei até um lugar aonde você possa curar a perna de seu irmão. - Diz Theodoro.

- Obrigada. - Digo.

- Ninguém vai calterizar a minha perna. - Diz o Rei do Leste para mim.

- Vai sim. - Digo, irritada. - Ou você prefere que amputem ela?

- Vamos ao Castelo do Oeste e depois atravessaremos um portal para o Reino do Leste. E assim eu vou usar meus poderes para me curar. - Diz ele.

- Sua perna não vai resistir. Já está grangrenando. É só uma questão de tempo até ela perder a circulação. - Digo.

Ele olha para mim e nada diz. Acho que está reconsiderando o que eu disse, mas está fraco e logo não terá forças nem para se levantar.

- Estamos quase chegando. - Theodoro diz - Vocês vão descansar e comer alguma coisa e seu irmão precisa de cuidados urgentes de uma boa curandeira e nesse lugar tem uma das melhores.

- Eu nem sei como lhe agradecer. - Digo a ele.

- Não precisa. É um prazer ajudá-los.

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- A mulher da taberna, Vanda, irá acolher você e seu irmão. - Diz Theodoro, nos ajudando a sair da pequena carruagem.

- Você não irá entrar? - Pergunto.

- Não. Tenho negócios na cidade. - Diz ele.

- Bem, obrigado por tudo então.

- Já disse que você não precisa me agradecer.

Ele se despede e logo vai se afastando com sua carroagem. Eu e o Rei do Leste ficamos parados em frente a uma pequena pousada observando o homem desaparecer pela densa paisagem.

- Vamos entrar. - Digo. - Você está cada vez pior.

O lugar não era muito muito grande, mas era arrumado e aconchegante. Nós entramos em uma simples sala de visitas com alguns itens de decoração nas paredes e com dois sofás bem no centro do ambiente. Ali dentro era quente e acolhedor.

Uma mulher aparece atrás de um balcão de madeira e nos recepciona. Aparenta ter uns cinquenta anos, usa um vestido bem simples, é baixinha e seus cabelos loiros estão ficando brancos devido a idade.

- Coitadinhos. - Ela diz com uma voz melosa.  - O que aconteceu com vocês?

- Fomos assaltados. - Digo.

- Ah. Esses tempos modernos, acabam conosco. - Diz se lamentando.

- Meu irmão precisa que sua perna seja cauterizada. - Digo e o Rei do Leste pigarreia em desacordo ao meu lado.

- Ah vejo. - Ela diz olhando para perna dele. - Qual é o seu nome meu jovem?

Qual é o nome dele? Pela primeira vez eu percebo que ele nunca me disse o seu nome.

- Christopher. - Ele diz.

- E o seu querida? - Ela se vira para mim.

- Valentina.

- Ohhh. Valentina. - Ela diz sonhadoramente. - Menina Valente. É um lindo nome. O meu é Vanda, sou dona dessa pousada e eu cuidadei muito bem de vocês.

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Ela também nos apresentou seu marido Carl que lhe ajudou a cauterizar as feridas do Rei do Leste, ou seria Christopher?

Ela nos deu dois quartos separados que eram grandes e aconchegantes, com uma cama macia e um fogo crepitante na lareira, e disse que o jantar sairia em breve, mas mesmo assim nos ofereceu algo para comer  antes, eu agradeci, pois estava faminta.

Depois de tomar um belo banho de banheira, alguém bate à porta do meu quarto.

- Pode entrar. - Digo.

- Sou eu querida. - Diz Vanda, entrando no cômodo com uma bandeja na mão. - Eu já estou terminando o jantar e seu irmão já está descansando, com a perna bem melhor. Acho que não será necessário amputar, mas temos que esperar. Eu trouxe algumas frutas bem frescas para você. - E coloca a bandeja na cama.

- Obrigada. - Digo. - Estou faminta.

- Eu vejo. - Diz. - Está tão magrinha.

- Eu não tenho comido muito ultimamente.

- Quantos anos você tem? - Pergunta ela com certo interesse.

- 18. - Digo, devorando as frutas.

- É bem jovem, realmente. - Diz ela.

Eu não sei como responder a isso, então continuo a comer e tudo está muito bom.

- Eu vou deixá-la comer em paz. Pois a noite vai ser bem longa. - Diz e sem esperar uma resposta, se retira.

Eu realmente não entendo o que ela diz dizer com isso, então continuo a comer, pois o sabor dessas frutas está divinamente bom.

Aparentemente ainda existem pessoas boas nesse mundo, é estranho pensar em como ela nos acolheu sem querer nada em troca.

Depois que termino de comer, eu decido ir atrás do Rei do Leste mas um mal estar violento me atinge, acho que comi demais, e o chão começa a girar ou é minha cabeça que está dando voltas?  Tudo está rodando cada vez mais, estou a ponto de vomitar.

Tento me levantar da cama para chamar alguém que possa me ajudar, mas minha visão está embaçada e meu corpo está pesando chumbo. Caio no chão. Então a última coisa que eu escuto antes de desmair é uma voz melosa que diz:

- Não se preocupe querida, você vai dormir agora.



 

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⏰ Última atualização: May 29, 2016 ⏰

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