Verdades no almoço

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A volta para casa foi bem menos constrangedora do que eles esperavam.

Passaram em um posto de gasolina e tomaram café.

Não falaram nada sobre o futuro, sequer sobre a desculpa que usariam para justificar o motivo de terem passado a noite fora,estavam apenas vivendo o presente naquela manhã.Sem preocupações,sem medos, sem farsas.

A casa estava vazia quando eles chegaram.Nem mesmo Naná estava.

Um olhou pro outro e  começaram a pensar que aquilo não podia ser normal.

Subiram para os quartos, e o silêncio da casa os assustava cada vez mais.

-Vou tomar banho.-disse Tulipa despedindo-se de Ângelo da porta de seu quarto.

-Vou ligar para o papai.-Ângelo deu um selinho nela .

Depois de três toques Heitor atendeu o celular.

-Filho?

-Oi,pai!Sou eu...

-Graças a Deus!-Heitor suspirou aliviado

-Ta tudo bem ,pai?

-Agora está, não é?Quer dizer, eu fiquei preocupado quando não te vi no quarto ontem á noite.E por não ver você chegar em casa antes que eu saísse...

-Ta tudo bem!Eu tô bem, pai.

-Ótimo.

-Bom...não quer me perguntar onde eu estive?

-Preciso?

Ângelo riu de nervoso, jogou-se na cama e suspirou:- Pai...

-Escuta,filho... eu estou meio ocupado agora.Podemos almoçar juntos hoje?

-Claro!Onde?

-Vou pra casa ás 13:00,se puder me esperar aí ...

-Posso!Vou estar em casa.

- Ok.

-Pai..

-Fale Ângelo, estou com um pouco de pressa.

-Onde está a....-Ângelo não sabia mais como chama-la depois de tudo que aconteceu.

-Sua mãe foi para casa da sua vó com Naná hoje cedo, é aniversário dela, lembra?

-Droga!- Ângelo lembrou que tinha prometido ir para o aniversário da avó aquele ano.

-Pois é...

-Eu vou ligar para ela.

-Faça isso.Aproveite e ligue para sua irmã, veja onde ela se meteu também.Faz isso pra mim?

-Sim...-Ângelo sentiu um aperto no peito.Estava mentindo de novo, e estava magoando pessoas por isso.E essas pessoas eram as mais importantes da sua vida: sua mãe e seu pai.



As 13:15 Ângelo ouviu o pai abrir a porta.

Ele e Tulipa estavam sentados na sala, assistindo filme.Olharam um para o outro e disseram juntos baixinho:
-É agora!

-Cheguei!-Heitor gritou do pé da escada pensando que eles estavam lá em cima.

-Estamos na sala!- Ângelo gritou e segurou a mão de Tulipa. Ficaram esperando o pai surgir na sala.

Assim que os viu de mãos dadas o sorriso que Heitor tinha no rosto, se desfez.Ângelo o olhava ternamente pedindo por misericórdia, e Tulipa carregava sua armadura de arrogância pra momentos como aquele, por isso seguia sorrindo como se não houvesse nada de errado ali.

Tulipa 🌷 Parte I Onde histórias criam vida. Descubra agora