"Os gêmeos do inferno"

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             Ícaro observava Halley dormir, e a cada minuto ele a inspecionava, para ter certeza de que ela estava respirando e de que seu coração continuava a bater. Até que ele escutou um barulho vindo de fora do quarto. Sem acordar Halley, Ícaro levantou-se da cama, que ambos estavam deitados, e saiu do quarto, passando pelo corredor e voltando à sala da pretora. Ao entrar no salão de Tsuki, ele percebeu que a porta onde os dois samurais — um chamado Masami e o outro Akira — entraram, seguindo a pretora, que carregava Calliel nos braços, estava aberta e uma luz azulada saía de lá, iluminando todo o lugar. Ele caminhou pelo salão e entrou pela porta de onde a luz azulada vinha, e escutou quando um som semelhante ao de uma agulha caindo ao chão em um lugar silencioso ecoou. Ao caminhar um pouco mais rápido chegou a um lugar muito frio, onde tudo era feito de gelo. Ali estava Calliel, deitada sob uma cama, onde duas crianças colocavam suas mãos sob a cabeça da anja e emitia uma luz de coloração azul. Então era dali que vinha a luz. Porém, o que Ícaro não percebeu é que havia um vaso enorme atrás de seu corpo, e ao andar para trás, esbarou-se nele e fez com que ele caísse e partisse-se ao chão. O som de vidro quebrando pôde ser ouvido por toda a sala onde eles estavam, e fez com que Masami, Akira, a pretora Tsuki, e as duas crianças — que deveriam ser gêmeas — virassem-se em sua direção. Os olhos lunares de Tsuki pararam nele, e se locomovendo silenciosamente, ela aproximou-se dele e disse:

— O que fazes aqui? Já não era tua hora de dormir?

— É só que eu ouvi um... — nesse momento ele viu os garotos retomarem suas posições, pondo suas mãos na testa de Calliel — Esperem! O que vocês estão fazendo com ela? Quem são vocês?

Porém as crianças não desviaram o olhar e continuaram fazendo o que estavam fazendo antes de Ícaro chegar. A pretora, então, virou-se para o Arcanjo Mortal e respondeu-lhe, dizendo:

— Ícaro, eu os chamei pois achei que seria preciso, Calliel precisa do máximo de ajuda possível, achei que entenderia.

As crianças eram pálidas e louras. Elas possuíam olheiras fundas e escuros, olhos verde-água, lábios pálidos e sem vida, e seus dedos finos e ossudos.

— Mas quem são esses pirralhos?! — Perguntou novamente Ícaro.

— São os irmãos Jackson. — Respondeu uma voz vinda detrás de Ícaro.

Ao virar-se, viu ele uma garota pálida, com longos cabelos negros. Era Halley;

Halley entrou no salão da pretora, a procura de Ícaro, até que enxergou uma luz azul vindo da porta atrás do trono. Ela correu e entrou pela porta, pois era possível escutar vozes semelhantes às de Tsuki e de Ícaro. Ela apressou seus passos e viu uma sala de gelo, e ali havia uma cama, onde Calliel estava deitada. Porém, seus pelos da nuca arrepiaram-se quando ela viu as pessoas que estavam em pé ao lado da cama de Calliel. Aqueles olhos verdes, aqueles cabelos louros emaranhados, o rosto magro e ossudo daquelas crianças que deveriam ter no máximo nove anos, eram as crianças que ela havia visto em seu sonho, onde ela havia ido para o inferno, e conhecido esses gêmeos, eram os irmãos Jackson. Ela escutou, então, quando Ícaro perguntou para alguém: "Mas quem são esses pirralhos?!" E pensando alto, ela disse: "São os irmãos Jackson".

Quando Halley entrou na sala de gelo, ela viu quando os dois irmãos desviaram os olhares de Calliel, para ela e abriram um sorriso sombrio.

— Quanto tempo Halley, não nos vemos desde a sua visitinha lá embaixo, não é?! — Disseram os Jackson em uníssono, em um tom irônico.

Halley, porém, ignorou-os e apenas aproximou-se de Ícaro e disse:

— Ícaro, acabei de ter um sonho, não um sonho, mas uma visão.

As Asas de Um Anjo - Livro II da saga 'A Última Nefilim'Onde histórias criam vida. Descubra agora