"Bem vindos ao Japão"

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"O bambu que se curva, é mais forte que o carvalho que resiste"- Provérbio japonês

A primeira coisa que Halley sentiu foi frio, a segunda foi medo. Ao levantar-se do chão, ela tentou se situar no lugar, onde eles estavam, e não foi tão difícil, só de ver as construções e a beleza do lugar ela reconheceu, eles estavam no Japão.

— Japão, não é?! — Perguntou Halley.

— Tenho quase certeza — respondeu Ícaro atrás dela, segurando a anja Calliel, desacordada, em seus braços.

Um barulho formou-se atrás deles fazendo-os virar imediatamente. Era uma pisada forte e pesada de uma bota de armadura prateada, que afundava na neve branca que cobria o chão. Fora Seraphina, a querubim que Raphael mandara para auxiliá-los.

— Bem que nos avisaram que esse lugar possuía uma energia pesada e obscura — a voz da querubim era sóbria — vamos logo ao templo legionário japonês, quanto mais rápido formos, mais rápido chegaremos lá, há muito a ser feito.

— Espere — Começou Halley — então existe um tanque de Betesda para cada país?

— Sim e não — Havia um certo tom de dúvida na voz de Ícaro — bem, sim, em todo país há uma Betel* Legionária, onde os guerreiros daquele determinado país moram, porém não são réplicas de Betesda, cada lugar tem seu próprio templo, por exemplo, Japão: interior do Templo Fushimi Inari-taisha, Brasil: subsolo da Igreja de São Francisco da Penitência, Grécia: no subsolo do Parthenon, Egito: no interior do Templo de Karnac, Roma: embaixo da Igreja de San Francesco de Ripa, entre muitas outras Beteis.

Um gemido pode ser ouvido por ali, e quando todos viram, entenderam que quem fizera-o fora ninguém mais que Calliel, que estava despertando do seu desmaio. Ela abriu os olhos e tentou falar, mas não conseguiu, ela estava fraca e mal conseguia piscar os olhos. Seu pobre rosto estava cheio de cortes e hematomas enquanto uma linha de sangue escorria do canto de sua boca.

— Calliel — começou Halley — não fale, poupe suas forças, estamos aqui para te ajudar, apenas não se mova.

A anja assentiu e sorriu com o canto da boca. Seus olhos dourados estavam desiguais, um mais fechado que o outro, seu corpo tremulo pesava mais para Ícaro do que 350 kg de chumbo, porém ele precisava leva-la até o templo.

*   *   *

Já era anoite, a escuridão já havia engolido a luz do sol, dando vez a lua e as estrelas brilharem no céu. A neve caía sem cessar, e cobria o verde do chão, tornando-o branco como as nuvens.

— Gente — começou Seraphina — não dá para continuar desse jeito, temos que descansar e fazer uma fogueira para passarmos a noite.

— Mas Seraph não podemos ...

— Concordo plenamente com ela — disse Halley interrompendo Ícaro — se não descansarmos, vamos ficar mais fracos do que já estamos.

— Mas pessoal entendam...

— "Mas" nada — protestou Seraphina — vou procurar lenha por aqui por perto para construirmos uma fogueira, do contrário nos tornaremos cubinhos de gelo.

A querubim abriu suas asas e voou como uma coruja, cortando o céu noturno que pairava acima deles. A nefilim viu quando Calliel tremeu-se de frio nos braços do arcanjo mortal. Então, Halley tirou seu moletom — que aliás era de Ícaro — e colocou em Calliel, para que ela pudesse esquentar-se. Halley deitou-se naquele chão frio, revestido por uma grossa camada de neve e ali descansou. O frio a envolvia feito um cobertor, seu corpo deitava-se na neve fofa — que lembrava a cama de sua casa — procurando repouso, enquanto a lua iluminava o lugar, como um abajur traz a luz a um escuro quarto, cuja luz do sol não entra.

As Asas de Um Anjo - Livro II da saga 'A Última Nefilim'Onde histórias criam vida. Descubra agora