"A garota dos cabelos dourados"

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        A luz do sol entrava pelo vitral da janela e clareava todo o quarto de Ícaro fazendo com que Halley finalmente acordasse. Ainda com os olhos fechados, ela esticou sua mão direita procurando pela mão do namorado pela cama, porém nada encontrou. Ao abrir os olhos, percebeu ela que não havia ninguém mais além dela ali na cama, ele já havia levantado-se e saído do quarto, deixando-a sozinha, deitada, enrolada em um cobertor vermelho, olhando para a linda pintura de anjos que fora feita no teto. Esfregando os olhos, ela sentou na beirada da cama e olhou para o vitral — uma bela obra de arte feita de vários pedaços de vidros de todas as cores que quando juntos formavam uma imagem de um querubim de asas negras que rompia o céu noturno tentando alcançar a brilhante lua que pairava acima dele —, Halley espreguiçava-se caminhando até o vitral, quando viu pela janela uma tropa de guerreiros alados com armaduras prateadas — posicionados em formato da letra grega ômega perto do tanque — ajoelhados perante o pretor Raphael que segurava uma bela garota loura em seus braços. A garota tinha hematomas por todo o corpo, e diversos cortes nas pernas, braços e até no próprio rosto. Ela calçou, então, as sandálias pretas de Ícaro e correu pelo corredor, descendo as escadas para logo em seguida chegar ao tanque e descobrir o que havia acontecido com a garota.

Ao chegar ao lugar, ela deparou-se com toda a legião ali, eram mais de 3.000 guerreiros, do mesmo jeito que as legiões romanas de Júlio César. Uma guerreira de cabelo amarelo-queimado levantou-se e foi em direção a Halley, com um semblante tristonho.

— O que está acontecendo aqui?! — Perguntou Halley, seu tom de voz era seco e preocupado.

— Essa garota foi encontrada aqui hoje de manhã nesse estado, enquanto batia na porta do senhor Raphael e pedia ajuda.

— Mas... quem é você? — Perguntou outra vez a nefilim.

— Me chamo Seraphina, mas sou uma querubim, meio contraditório não acha, tudo isso porque eu...

Halley não deixou nem a anja terminar de falar, correu em direção a Raphael e ousou tentar ver a garota dos cabelos dourados de perto, no entanto foi impedida por alguém que agarrou seu braço e a puxou para trás. Ao virar-se ela viu aqueles olhos turquesa e os cabelos dourados e emaranhados com mechas bem mais claras — que chegavam a parecer prateados — que caiam sobre o rosto angular do garoto. Era Ícaro. Ela, que estava tensa, sentiu quando seus músculos relaxaram e se derreteram ao toque do garoto.

— Você não pode aproximar-se dela Halley, ela está infectada.

— Como assim?!

— Ela está com icor demoníaco, ela foi atacada por um demônio, talvez um cão infernal, por isso Raphael tentou curá-la, mas como você, ela não suportou o poder do pretor e acabou desmaiando. Mesmo sendo uma anja ela está muito fraca.

Halley olhou para o rosto da garota e por baixo de todos aqueles cortes e machucados ela pode ver a beleza de um anjo nela, aquele brilho no rosto que só os seres angelicais possuíam.

Uma voz então fez tremer o chão e balançar as colunas gregas do lugar.

— Halley aproxime-se! — Aquela voz grossa e forte só podia ser de uma única pessoa, Raphael.

Ela olhou para Ícaro e ele assentiu soltando seu braço. Logo em seguida os dois seguiram em direção ao pretor e ajoelharam-se perante ele.

— O que desejas senhor arcanjo? — Perguntou Ícaro.

— Vocês podem pegar, por favor, o Códex Gigas que está em cima do meu trono?

Ambos assentiram e saíram correndo ao salão de Raphael. Ícaro abriu a porta violentamente e Halley correu para o assento do pretor para pegar o livro que um dia dera a profecia sobre Abigor a ela. Porém ele era pesado demais para ela carregar.

As Asas de Um Anjo - Livro II da saga 'A Última Nefilim'Onde histórias criam vida. Descubra agora