"A aranha gigante"

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            Halley, ao olhar para as suas mãos, percebeu que a estaca de madeira que ela possuía  também havia sido transformada em pó e, infelizmente, ela estava desarmada. O demônio, cujo nome era Bangungot, exalava de si um odor forte de comida podre e olhava de um modo agressivo para Halley, mostrando suas presas inferiores como uma besta raivosa. A nefilim afastava-se paulatinamente do demônio, mas Bangungot a seguia enquanto rosnava feito um leão, mas abrindo um sorriso amarelo.

— Que lugar é este? — Perguntou Halley, com a voz imposta em um tom autoritário — Diga-me ou te mandarei diretamente para o inferno.

Bangungot esbanjou-se em uma sombria gargalhada e respondeu Halley:

— Quem és tu para mandar-me ao Abismo? A essa altura o inferno já está aberto, os portões de fundo do Abismo estão escancarados e nossa Mãe já despertou.

Halley sabia do que ela estava falando; quando a espada de Yekun perfurou o coração da pretora Tsuki, a anja da lua, a profecia que dizia que Yekun tocaria a lua para abrir os portões do Inferno foi cumprida. Dessa forma, todas as criaturas malignas, como demônios, espíritos antigos e perversos, seres desconhecidos de natureza obscura e outros seres, haviam sido soltos da Prisão Divina, que é o Inferno, o Abismo. O demônio, abrindo uma par de asas negras como as de um morcego, voou na direção de Halley para atacá-la, mas a nefilim, esquivando-se, jogou-se ao chão e, com um ato de reflexo, conseguiu chutar a asa esquerda do demônio, que caiu diretamente ao chão, enquanto grunhia. Halley levantou-se e disse a Bangungot:

— Eu perguntarei outra vez e te darei outra chance de responder: que lugar é este?

O demônio, levantando-se também, respondeu-lhe:

— O único lugar que não pode ser é o céu, garota insolente!

E, voando em direção à nefilim, tentou atacá-la novamente, mas, antes que Halley pudesse desviar-se novamente, Bangungot agarrou a nefilim pela gola da camisa e a levantou ao alto. De perto, Halley podia sentir melhor o fedor de enxofre que exalava de Bangungot e os fungos asquerosos que cresciam por todo o rosto do demônio, além de perceber que todo o globo ocular de Bangungot era completamente vermelho. O demônio começou a olhar profundamente nos olhos de Halley como se tentasse ler seus pensamentos e imediatamente, por algum motivo, Halley começou a pensar em aranhas, grandes, pequenas, peludas, pretas, amarelas, de todos os tamanhos, cores e formas; algo que poucos sabiam era que Halley era aracnofóbica, o que a deixou bastante amedrontada só de ser induzida a ter aquele pensamento. O demônio, então, riu e se pôs a gargalhar perante Halley. De repente, a nefilim sentiu pequenas coisas subindo de seus pés e andando pelas suas pernas, como se possuíssem várias patinhas; ao olhar para baixo, Halley viu que eram milhares de aranhas que subiam de uma só vez por suas pernas enquanto Bangungot ainda a segurava pela gola da camisa. Halley começou a gritar, balançar suas pernas violentamente, mas nada fazia com que o demônio a soltasse, tudo a fazia rir mais ainda. 

           Algumas aranhas entravam em suas calças, outras em sua blusa enquanto outras subiam em seu pescoço e andavam em seu rosto; Halley estava desesperada com todas aquelas aranhas andando por seu corpo, até que uma grande luz saiu de seu peito, lançando algo que parecia bastante com um ofuscante raio de sol, e arremessou Bangungot para longe, desintegrando as aranhas em uma fração de segundos. Bangungot caiu com as costas ao chão, fazendo um estrondo gigantesco naquele imenso vazio em que elas lutavam. Halley, caindo de joelhos e respirando de modo arfante, tocou em seu peito com suas mãos ainda trêmulas e viu que a luz irradiava acima do peito, próximo ao ombro; era a marca angelical deixada por sua mãe, a marca Divinum Sagittam, a flecha divina. Halley já havia perdido as contas de quantas vezes aquela marca já havia salvado a sua vida, desde o sonho em que ela havia sido levada ao inferno e iria ser morta pelos esqueletos guardiões do Castelo Infernal até esta luta contra Bangungot, mas — no fundo de sua alma — ela agradecia a sua mãe Annie, que fora uma grande legionária de Betesda, por ter deixado um símbolo tão poderoso desenhado nela, quando Halley era apenas um bebê. Halley mal conseguia se levantar, tossindo e tentando recuperar o seu fôlego, quando viu Bangungot se levantar enquanto rosnava para ela como uma besta feroz.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2020 ⏰

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As Asas de Um Anjo - Livro II da saga 'A Última Nefilim'Onde histórias criam vida. Descubra agora