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Antes dele chegar
Às vezes Niall me fazia viver.
Nós éramos três. Niall, Liam e eu. Tão pobres que tinha vezes que juntávamos as moedas para conseguir comprar um cigarro para dividirmos. Tivemos nossas dificuldades desde sempre.
Minha mãe era uma viciada. Viveu mais vezes em clínicas de reabilitação do que na própria casa. Liam perdeu os pais quando tinha doze anos, seu irmão mais velho, Joe, o criou junto com sua irmã de dois aninhos, a partir dali. Eles tinham quase nada em casa e viviam numa casa de dois quartos. Mas eram felizes e isso bastava. Niall era o mais afortunado de nós, filho único, seu pai e sua mãe trabalhavam e garantiam que ele tivesse o melhor, mesmo que por vezes precisassem escolher entre comida e a conta de luz.
Mas num bairro como o nosso, mesmo o pouco era muito.
O fato era que nós crescemos juntos, nos apoiando em cada pequena decisão, pois o dinheiro podia ser pouco, mas o amor e o companheirismo tínhamos de monte.
Então, é obvio, que quando num sábado à tarde, recebemos uma mensagem de Niall, pedindo que nós o encontrássemos na capela do centro, não tivemos que pensar muito antes de irmos com nossas motos para aquela direção.
O problema foi quando eu descobri que precisaria entrar na igreja.
Eu não sou o tipo de cara que julga a fé alheia. Respeito e admiro pessoas que acreditam em algo com tanto fervor, porém, igrejas me causavam um sentimento desagradável, algo relacionado ao pânico que eu tinha de queimar assim que atravessasse a porta.
Ou que aquelas senhoras do coque trouxessem uma revelação que eu me masturbava à noite assistindo Teen Wolf. Eu sempre tive uma quedinha pelo Stiles.
Sentado ao lado do loiro oxigenado, eu apoiava minha coxa contra a de Liam, uma espécie de conforto familiar.
Foi quando eu pensei que tinha um dom. Quando eu era mais novo, costumava frequentar os cultos com a minha vó (antes de eu perder toda minha fé, quando precisei d'Ele, e ele não me salvou), eu sempre ouvia como algumas pessoas tinham o dom de ver anjos e demônios. Mesmo que para o jovem Styles aquilo parecesse mais um castigo.
Eu achei que tinha o dom de enxergar anjos.
O ser celestial, tinham olhos azuis vívidos, uma boca rosada, acompanhando esses traços vinha um corpo que parecia ter sido esculpido por anjos. Sua franja castanha estava jogada sob seus olhos e eu suspirei feito uma garotinha apaixonada quando ele a balançou pra fora dos seus olhos com um gesto afetado. Ele vestia uma camisa branca de botões e um crucifixo dourado reluzia no seu pescoço. Uma calça jeans apertava suas coxas grossas. Eu não podia mais me declarar ateu, quando eu enxergava tão claramente um anjo na minha frente.
Não tive tempo de frear minha língua, antes que eu relatasse isso à Liam, Niall parecia concentrado demais em sua oração.
-Eu não sou mais ateu - Liam franziu o cenho, desconfortável demais com o ambiente em que a gente estava. Murmurou "até tu, Brutus?". Sorri e balancei a cabeça - Eu acabei de ver um anjo. O garoto sentado na primeira fileira, sorriso bonito e gestos femininos.
Liam bateu na minha coxa discretamente.
-Ele é problema, Harry. Sobrinho do pastor. - Checou se Niall ainda orava - O último que se envolveu com aquela família, sobreviveu por muito pouco.
Hoje, Louis, sabendo tudo que eu sei, eu gostaria de ter prestado atenção na fala do meu melhor amigo. Mas o seu sorriso celestial me hipnotizou enquanto eu fingia ouvir uma história que teria feito toda a diferença se eu soubesse.
Quando horas mais tarde, Niall nos apresentou, eu sabia que já estava perdido. Mas algo nos seus olhos me fazia sentir em casa, e nada que Liam dissesse poderiam mudar isso.
Eu não sabia se acreditava em Deus, mas anjos, eu tive certeza que existiam.
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Crazy in Love l.s (EM EDIÇÃO)
FanfictionLouis e Harry são um clichê improvável. O badboy sempre parte o coração do mocinho. Exceto, que é Harry quem fica pra trás. Harry é um punk bonzinho. Louis é evangélico, e não é gay. (exceto, que ele é).