POV HARRY
Levantei-me e dirigi-me até Amy. Estava aterrorizada, caída no meio do chão, deslavada em lágrimas. Ajudei a levanta-la e peguei-a ao colo. Ela agarrou com força o meu pescoço. Levei-a até ao carro e pousei-a no banco da frente. Fui dar a volta para ir para a porta do condutor. A minha boca sabia a sangue e a pele dos meus dedos estava esfolada.
Entrei no carro e conduzi até casa de Amy.
Quando parei o carro, olhei para Amy. Não tinha dito nada. Chorou durante um pouco mas depois calou-se e encostou-se ao banco, acabando por adormecer.
Pousei as mãos no volante e suspirei. Porque é que estava a fazer tudo isto por ela? Abanei a cabeça e sai do carro. Agarrei em Amy e levei-a ao colo até ao quarto.
Deitei-a na cama e fui até à casa de banho.
Olhei-me ao espelho e vi-me. Tinha uma mancha roxa que rodeava o meu olho esquerdo e sangue na sobrancelha e no lábio superior. As lágrimas vieram-me aos olhos e assim que os fechei escorreram pela minha cara. Sentia-me como alguém que quer proteger os seus, independentemente das consequências e sendo eu agora o protector de Amy isso só poderia ir dar à mais obvia conclusão. Primeiro os meus olhares sobre ela na quinta, ter-lhe abraçado, ter vindo viver com ela, e o maior de todos, ter andando à luta com um homem que é o dobro de mim… A resposta era óbvia. Estava completamente apaixonado por Amy.
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Ouvi Amy a descer as escadas e via a entrar na cozinha ainda com a roupa com que tinha adormecido ontem. Estava encostado à bancada a beber café. Ela olhou para mim mas não foi capaz de dizer nada. Nem mesmo eu… Em vez disso fiquei calado à espera que milagrosamente ela me disse-se alguma coisa.
POV AMY
Estou a ser uma cobarde. Ele lutou com o Nick, por minha culpa. Sinto-me terrivelmente mal e ele não pára de olhar para mim. Sinto as minhas mãos a tremer, mas que posso eu dizer? “Olha Harry, obrigada por teres lutado com um rapaz que é o dobro do teu tamanho para defenderes uma rapariga que antes não te ligava nenhuma, és o meu herói!” NÃO! Amy, vá lá… Diz algo…
- Como é que estás?
Pronunciei isto sem desviar os olhos da taça dos meus cereais integrais. Agora só espero que ele não esteja chateado comigo…
- Vivo – Disse ele.
Foi um bocado “seco”. Parece chateado, mas que devo eu fazer? Nunca pedi que isto acontece-se. Suspirei fundo e olhei para ele. Agora que estava a olhar com atenção é que pude ver o estado dele. Estava péssimo.
POV HARRY
Ela fixou o olhar dela no meu. Olhei para baixo e não fiz mais nada. Nunca quis que isto acontece-se.
Olhei para cima e vi Amy ainda a olhar para mim com lágrimas nos olhos. Custava-me mais ver aquilo do que a dor que tinha no olho. Pousei a chávena do café em cima da bancada e abracei-a, encostando a cabeça dela no meu peito e acariciando os seus cabelos.
- Eu peço imensa desculpa Harry! Não queria que isto te acontece-se! – Disse ela por entre soluços e fungos.
Não disse nada, só continuei a acariciar o cabelo dela…
* Uma semana depois *
Não havia sinais do Nick. Ele não tinha dito nada desde aquela noite. Melhor para nós.
Amy teve o dia de folga. Ficou em casa e disse-me que ia arrumar algumas coisas. No entanto, continuo preocupado e com medo que aconteça alguma coisa enquanto estou a trabalhar.
POV AMY
Pela primeira vez, em algum tempo, senti que devia dar um dia de compensação a mim mesma. Vesti umas leggins e uma t-shirt, amarrei o cabelo e comecei a limpar o meu quarto com a música aos altos berros, tal e qual como uma adolescente maluca. Ouvi o meu telemóvel a tocar (nem sei como) e rezei para que não fosse o Harry. Não queria que ele se torna-se meu pai, nem nada do género. Felizmente para mim, não era ele… Atendi.
- Hey, maninho, finalmente que dás sinais de vida!
- Suponho que isso seja tudo saudades minhas…
- Ah, ah, ah, nem por isso!
- Pois claro… Tenho uma coisa para te dizer!
- O quê?
Ouvi tocar à campainha? Seria o Harry? Não… Ainda era cedo, e ele tinha as chaves…
- Espera Zack, estão a tocar à campainha…
Desci as escadas e abri a porta… Um sorriso apareceu nos meus lábios…
- Truz-truz – Disse o Zack com o telemóvel na mão e à frente da minha porta!
Nem acredito que ele estava ali, o meu irmãozinho mais novo! Abracei-o de imediato e despenteei-lhe o cabelo como costumo sempre fazer…
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