Reparava que agora nos olhos dela haviam lágrimas. Lágrimas de dor. O meu lábio caiu. Levantei as minhas mãos fortes e coloquei-as na face de Amy, pousando os meus dedos no seu pescoço.
- Amy, porque choras?
- Eu… Harry…
Ela fechou os olhos e as lágrimas caíram pela sua face molhando as minhas mãos. Ela queria falar, mas parecia que tinha medo.
- Não tenhas medo e diz-me o que se passa!
Mantive-me sempre frente a ela e esperava uma resposta. Nunca havíamos falado antes. Sinceramente, ela não tinha de me dar explicações. Mas, o que é que poderia ter posto Amy a chorar daquela maneira? Ou quem!
- Eu não posso Harry… Desculpa!
Ela afastou as minhas mãos com as suas e virou costas voltando para dentro do bloco. Levei a minha mão à cabeça puxando o cabelo para trás. Peguei na minha mochila e entrei no carro. Conduzi o caminho inteiro, pensando na Amy. Não a queria ver assim!
Tinha acabado de saborear o meu almoço quando Mark entra na sala e me avisa que Amy havia me tinha chamado. Levantei o meu corpo da cadeira e ganhei coragem para mover os meus pés. Comecei por dar passos pequenos, mas depois alonguei-os. Estava curioso e admirado, por Amy me ter chamado! Saí pela porta e avistei Amy junto do Falcão. Falcão era o cavalo mais forte do estábulo. Apenas Amy conseguia controlar aquele cavalo forte e preto. O Sol bateu-me contra os olhos, mas coloquei a mão na testa protegendo a minha visão. Continuei a caminhar. Abri o portão da cerca e entrei. Amy tirou os olhos de Falcão e manteve-os em linha com os meus.
- Não tinha a certeza se vinhas.
Levantei a sobrancelha e meti um sorriso nos meus lábios. Desde aquele episódio à saída do trabalho, que foi exactamente há uma semana, nunca mais falámos. Não a incomodei, talvez precisa-se de espaço para pensar no que quer que a tenha feito chorar, e, além do mais, nós nem éramos amigos.
- Porque sorris dessa maneira?
Olhou para mim confusa e pousou as suas mãos no focinho de Falcão. Sorri outra vez e baixei a cabeça.
- Há uma semana Amy!
Ela manteve-se calada e o seu simples e lindo sorriso, desapareceu. Mantive-me firme e engoli um seco. Falei.
- Sabes, não tens de me explicar, se te sentes melhor assim.
Ela baixou a sua cabeça, continuando com as suas mãos no Falcão. Passei a minha mão pela testa e fiz uma suave “festa” na cabeça de Amy. Virei costas e comecei a andar.
- Harry!
Eu parei, mas continuei de costas para Amy. Consegui perceber que ela caminhou para mais perto de mim. Enchi o peito de ar, e senti a mão de Amy pousar no meu ombro!
- Amy…
- Não, Harry! Deixa-me falar.
Virei-me para ela.
Os olhos dela brilhavam. Notava-se que era uma rapariga forte, mas sensível. Tinha as suas inseguranças. Os seus olhos castanhos-escuros fixavam os meus verdes claros. Tínhamos as nossas próprias diferenças. De repente deixou de olhar para os meus olhos e pousou os seus olhos nos meus lábios. Ela aproximou-se de mim.
- Acabei com o meu namorado à 1 semana e meia, mas ele não me deixa em paz. Ele está obcecado comigo e tenho medo do que ele me possa fazer.
Os olhos dela subiram novamente e ficaram em linha com os meus. Agora percebia que era medo que ela sentia. Olhei para ela. Como é que alguém pode ser tão mau com uma rapariga assim! Parece um anjo vindo do céu.
- Eu protejo-te Amy!