Capítulo VI. Diana

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Segundo o site Dicionário Informal, tem-se por megalomania o "tratamento psicológico onde o doente tem mania de grandeza, de poder, de superioridade. Aquele se caracterizada pela obsessão de fazer atos grandiosos". Dessa forma, megalomaníaco é aquela pessoa "que tem mania de grandeza, de poder e de superioridade tem obsessão de realizar atos grandiosos. Aquela(e) que se acha o maior ou melhor".

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Verão de 1984, Rio de Janeiro

Eu já estava há mais de uma hora dentro do prédio de Medicina da Faculdade Moreira Rodrigues, e, nesse intervalo de tempo, apenas uma garota simpática havia me cumprimentado e perguntado meu nome. As pessoas passavam rapidamente pelo corredor, ora em grupo, ora separadas, enquanto eu me sentia imperceptível no meio de tanta gente. Centenas de faces que eu não reconheceria se esbarrasse no imenso corredor. Ainda sem saber como agir, percebi, no meio destas faces, uma que fez com meu coração acelerasse de uma maneira esquisito e minhas mãos começassem a suar. Ela era alta, àquela distância parecia ser quase da minha altura, e sua pele bronzeada contrastava com o cabelo crespo e negro preso num coque. Em poucas palavras, ela era linda. Atravessava o corredor, conversando animadamente com um garoto um pouco mais alto que ela, se aproximando cada mais do canto onde eu estava, destoando de toda a hiperatividade exalada pelo local. Assim que me localizou, se despediu do amigo com um cordial abraço, me abrindo um sorriso, solícita.

-Você é o calouro de medicina né? - Ela se aproximou, tirando uma série de folhetos de dentro da pasta azul clara. - Eu sou sua veterana, meu nome é Diana. Lorena me disse que seu nome é Júlio Zhong. Se precisar de ajuda, é só falar.

Lorena devia ser a morena baixinha e simpática que eu conheci mais cedo, afinal, ela era a única pessoa com quem eu falei desde que havia pisado naquele prédio.

- Na verdade, meu nome é Júlio Zhang. - Respondi, timidamente, enquanto Diana me entregava os folhetos que havia separado. - E obrigado. Eu ainda estou meio perdido, esse lugar é...

- Imenso né? - Diana completou, me fazendo acenar em confirmação. - Também me senti assim ao pisar aqui pela primeira vez. É incrível como consegue ser tão grande e tão sufocante ao mesmo tempo.

- Eu nunca tinha visto nada igual na minha vida. - Eu não sabia se falava da construção ou da garota à minha frente. A definição se encaixava perfeitamente às duas.

- Um pouco intimidante, certo? Mas logo logo se acostuma. Dou duas semanas pra você ser mordido pelo bicho universitário e eu te encontrar casualmente em uma das reuniões do nosso centro acadêmico ou em uma das nossas choppadas. - Diana bateu levemente em sua testa. - Que distração a minha! Os folhetos que te entreguei irão sanar suas dúvidas e te ajudar a entender melhor como funciona isso aqui.

- Obrigado! Com certeza eles serão de grande ajuda.

- Bem...- Ela tirou um bloquinho da bolsa e anotou uma sequência de números numa folha. Destacando-a, me entregou logo em seguida. - Esse é o telefone lá de casa. Qualquer dúvida, só me ligar. Agora eu tenho que ir, porque se eu atrasar mais uma vez para a aula prática, o Professor Firmino me esgana. A gente se esbarra por aí!

E, dando uma piscadela em despedida, ela se foi, tão rápido como havia surgido na minha frente.

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⏰ Última atualização: May 13, 2016 ⏰

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