Capítulo 2: O dia da viagem

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  Acordei com a Vic me chamando e eu fiquei muito brava pois odeio que me acordem cedo.

  - Milly! Acorda querida vocês embarcam hoje e você nem se quer arrumou suas coisas.

  A Vitória era a uma senhora de seus setenta anos e minha segunda avó. Ela foi minha babá quando eu era pequena e de certa forma continuava sendo e sempre será.

  - Eu não acredito Vic... Até a senhora está fazendo isso comigo?! Eu já falei que eu não quero ir, vocês não respeitam nem o meu luto!
  - Milly eu sei que não está sendo nada fácil mas seu pai gostaria que fosse desta forma então levanta dessa cama antes que eu chame o Guto para te tirar dai.
  - Ah não! O Gustavo não! Eu já estou descendo para o café.

  Ela só balançou a cabeça afirmativamente e saiu do meu quarto. Não queriam as levantei-me, fui direto para o banheiro liguei a banheira e fiquei lá por cerca de meia hora, fiz minha higiene matinal e saí enrolada na toalha. Fui até o meu closet e como a Joanna havia sido dispensada a uma semana atrás por conta da morte de meu pai eu mesma escolhi minha roupa, peguei um vestido preto simples, ele era justo em cima e soltinho na parte de baixo e batia pouco a cima do joelho, calcei um all star também preto e desci.

  - Bom dia Maninha! - disse o Guto vindo me abraçar assim que entrei na cozinha.
  - Sério isso?
  - Isso o que Millena? - ele disse sem entender nada
  - Isso de vocês me obrigarem a me mudar e ainda fingirem que está tudo bem!
  -  Eu também não queria viajar e muito menos que o papai tivesse morrido mas nós precisamos ir e é melhor a senhorita aceitar por bem do que ir emburrada.
 
  Não respondi, apenas peguei uma maçã e fui para meu quarto novamente. Quando cheguei haviam várias caixas de papelão espalhadas pelo quarto e a Vitória arrumava minhas coisas dentro de uma delas, continuei em silêncio e a ajudei a arrumar o restante de meus pertences.

  - Vic...
  - Senhora?!
  - Eu queria que a senhora fosse com nosco.
  - Minha querida isso não será possível mas a senhorita poderá vir me visitar quando quiser.
  - Mas não será a mesma coisa - falei entre os dentes enquanto a abraçava.

  - Será que a senhora dava conta de terminar de arrumar minhas coisas? - falei mudando de assunto.
  - Claro. Mas onde você vai?
  - Me despedir da Clarinha e do Victor.
  - Pode ir tranquila, juízo em mocinha. E volte antes das onze pois vocês embarcam depois do almoço.
  - OK, OK! Só mais uma coisa, se o Gustavcoperguntar onde eu fui a senhora fala que não sabe está bem. - falei beijando a sua testa e saindo antes que ela protestasse.

  Como já havia falado não tinha muitos amigos, na verdade só dois, mas eu os amava muito. Havia combinado de encontrá-los na casa da Clara que ficava a apenas duas quadras da minha então fui andando mesmo.
  No caminho mandei uma mensagem para cada um falando que estava saindo de casa para vê-los e depois liguei uma música qualquer em meu fone.

  Quando cheguei na casa da Clara não precisei tocar a campainha pois os dois já me esperavam e assim que me viram pularam em meus braços e eu retribui o abraço.

  - Miga sério que você tem que ir? - Clara disse chorosa
  - Infelizmente... Embarcou hoje depois do almoço e só passei para me despedir de vocês.
  - Vou sentir sua falta pirralha - Victor falou me abraçando de novo.
  - Eu também vou sentir muito a vossa falta mas prometo ligar sempre que puder e nós vamos poder continuar conversando por SMS.

  Nós ficamos horas conversando no jardim da casa da Clara e quando eu percebi já passava do meio dia.

  - Ai meu Deus! A Vitória vai me matar, eu prometi chegar às onze em ponto. Gente eu tenho que ir - falei com os olhos cheios de lágrimas.
  - Vai dar tudo certo Milly. Vê se não esquece de nós. - Victor disse me abraçando pela última vez.
  - Vai sim, prometo que ligo assim que chegar.
  - Tchau miga. Vou sentir muito sua falta. - Clarinha disse em prantos me dando um abraço apertado e eu retribui.
  - Também vou sentir sua falta. Preciso mesmo ir - disse me recompondo. - Tchau meus amores.
  - Tchau - os dois disseram em uni som.

  Voltei para casa correndo e não olhei para trás para não chorar mais e piorar a situação. Não queria levar uma bronca então pulei a janela do meu quarto que ficava no segundo andar (já estava acustumada a fazer isso) mas quando cheguei lá em cima advinha quem estava lá? Se você falou o Gustavo você acertou.

  - Posso saber onde você estava? - ele falou bravo
  - Não enche Guto! - falei vestindo um casaco que estava em cima da minha cama e colocando a bolsa que eu havia separado para a viagem. - Vamos nós já estamos atrasados para o vôo.
  - Vamos mas ainda não terminamos essa conversa - ele falou saindo do quarto e eu sai junto.
                          ***

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