VII

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Saindo da cidade, a caminho da casa de Frank passamos por um bosque, nunca pensei que havia uma entrada alí ao lado de um motel e que a entrada levava para um bosque e o bosque levava a casa de alguém. Quem em meio a cidade grande mora em um bosque? - Eu me perguntei.
Mas emfim até que era um bom lugar, as árvores nos davam a sensação de estar livre, sem ninguém te observando, ninguém pra te julgar, ninguém para nada. Alguns minutos depois chegamos à casa de Frank. Era uma bela mansão. Era uma casa de dois andares, ela tinha um modelo antigo, estilo anos 30, bem bonita por sinal, a casa tinha as paredes de madeira cinza e telhados de madeira vermelho escuro quase preto e bem parecido com sangue seco.

- Ei, garoto. Não quer ver a casa mais de perto? - Disse Frank saindo do seu carro.

- Bela casa Sr.Frank.

- Obrigado. Mas pode me chamar só de Frank, aliás somos amigos, certo?

- OK, sim somos. - Respondi.

Então ele pegou as chaves, abriu a porta, e entramos.

A casa estava bem arrumada, organizada e limpa. Como as paredes não eram claras, mesmo com as lâmpadas ligadas ainda era um pouco escuro, mas não me incomodava. Ele disse para mim:

- Vamos, sente-se aqui.

Então eu sentei e ele disse:

- Gostaria de algo para beber? Ou para comer?

- Não, obrigado. - Eu disse.

- Então vamos falar dos seus problemas. Pelo o que você me disse, eu vou ser sincero. Você pode estar tendo uma psicose bem elevada. Ela faz você sair de sí e acreditar em algumas coisas que não são reais. Talvez você não tenha matado ninguém. E a amnésia fazem parte do seu surto psicológico, vai ser difícil você diferenciar o real da sua mente. Mas eu tenho algumas pílulas que você deve tomar. Para evitar essa amnésia, tome.

Então eu peguei e fiquei muito aliviado por ele saber exatamente como me ajudar.

- E você não deve contar a ninguém sobre nossa conversa, entendeu? - Disse Frank, olhando nos meus olhos.

- Okay, não vou dizer a ninguém - Eu confirmei com a cabeça.

- Nero, acho melhor você tomar uma agora, e me diz o que sentiu e viu. Ela pode ter efeitos colaterais, mas não sofrerá de amnésia. - Disse Frank, pegando whisky e colocando em um copo.

Então eu peguei a pílula peguei o copo de whisky e bebi com a pílula. Um minuto depois eu comecei a ver tudo esquisito. Estava tudo estranho. As paredes da casa de Frank parecia ensanguentadas. Surgiam manchas de sangue da parede, as janelas ficaram quebradas e o Frank, ele ficou com um sorriso, um sorriso macabro. O sorriso pegava de bochecha a bochecha, e ele estava coberto por sangue. Como se estivesse acabado de cometer um massacre. Eu tentei me levantar e sair de lá o mais rápido possível. Mas eu não sentia meu corpo. Era como se só minha mente estivesse acordada e meu corpo estivesse dormindo. Eu tentei dizer algo mas minha voz não saia. Estava começando a entrar em desespero, quando parei pra perceber. Eu não dava a mínima. Estava pouco me fodendo. Não ligava se eu morreria alí. E nem fiz esforço pra tentar entender o que tinha acontecido. Então quando eu me acalmei e não tentei pensar em nada, fechei os olhos por dois segundos e abri. Tudo tinha desaparecido e Frank estava com uma pequena lanterna ligada apontando pro meu olho. Ele percebeu que acordei então disse

- Garoto o que aconteceu em seu pesadelo? - Ele fazia uma cara de surpreso.

- Pesadelo? Como sabe? E o que era àquela pílula? - Perguntei nervoso.

- Acalme-se. A pílula que você tomou é uma pílula que abre sua mente para seu maior medo. E por que eu menti? Você ia me perguntar isso mas já vou responder. É óbvio, você não tomaria uma pílula sabendo que iria sentir na alma seu pior pesadelo então eu menti.

- Não discordo disso, no seu lugar faria o mesmo. Mas pode me dizer qual a razão disso?

- É simples meus garoto. Pelo seu pesadelo eu terei várias resposta sobre você. E também saberei se você tem problemas mentais. Mas para isso você tem que narrar seu sonho para mim. Então, quer as respostas?

- Sim. Então escute. - Eu comecei a contar a ele tudo o que tinha acontecido, qual a sensação que senti, também contei sobre ele e a expressão facial em que ele fazia. E sobre meu corpo adormecido.

Então ele me perguntou:

- Você já assistiu algo violento? Nem que seja um filme?

- Não. - Eu não sabia o que isso tinha haver mas o que ele falou logo depois me assustou um pouco.

- Nero, você em sí não é um assassino, é super normal. Mas seu subconsciente é um psicopata. Você não tem tendências assassinas, não pensa em morte, e nem em ultraviolência. Enquanto está consciente pelo menos. Assim que você adormece seu subconsciente toma conta de você e ele é totalmente seu oposto.

Após escutar isso eu paralisei. Era como se eu tivesse acabado de morrer. Não sentia nada além do meu corpo gelado. Então eu tenho psicose. Sou praticamente um psicopata. Eu estou fodido.

- Mas Nero. Não é o fim do mundo ou o da sua vida. Deve estar pensando isso agora. Mas eu posso te ajudar. Te fazer controlar. Te aconselhar. Mas pode ser difícil para você no começo. Mas é o único jeito de te ajudar. E só irei te ajudar se você concordar com meus métodos, sem discussão e não poderá dizer a ninguém que veio a minha casa e nem que somos amigos, somente que sou um psicólogo que ajuda um paciente normal em uma escola. Certo?

Eu não respondi. Fiquei calado. Olhei nos olhos de Frank e falei:

- Preciso de um tempo para pensar. Até mais Frank. - Então eu me levantei, sai da casa de Frank e fui correndo para a casa.

Mas enquanto eu saia escutei Frank murmurando.

- Ele é perfeito. Ele vai voltar.

PSYKHÉ PATHOS (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora