Capítulo 2

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Desculpem-me por demorar tanto para escrever, mas sabe como é, semana de prova no colégio e você tem que estudar.

Meu nome é Lua Félix, tenho dezessete anos e moro em um grande centro urbano cultural. Meu pai Alexander é um grande empresário no ramo de tecnologia e marketing e minha mãe, Catrina, é assistente administrativa da empresa que por coincidência é a do meu pai. Espertinha ela não é?

Bom, tudo começou quando minha mãe terminou os seus cinco longos anos de faculdade. Ela precisava trabalhar para ajudar a sua mãe, minha avó Bernarda.Então ela começou a botar currículos em diversas empresas e uma delas foi a DRESSAGER. Diga-mos que ele viu a minha mãe e foi amor a primeira vista.Isso daria até um livro.OPS! Isso é um livro.

Depois de muito enrolar ela, Alexander resolve se casar e eu venho ao mundo por uma cesariana que quase levou a minha mãe para um encontro definitivo com Deus.Resumindo: Ela não pode ter mais filho e me culpa por isso. Como se eu tivesse culpa por ela ter ficado estéria.

Minha vida não me pertence e eu sei disso. Ninguém precisa me lembrar com frequência que só sirvo para acabar com a vida de tudo e de todos. Vocês leitores acham que sou muito dramática? Esperem para ver cada parte da minha vida, da minha insignificante vida , na verdade.

Aos três anos de idade eu já sabia ler. Aos cinco já sabia toda a tabuada. Aos seis, eu já escrevia perfeitamente bem. Aos dez, eu já falava em equação de 1° e 2° grau. Gênio? Não! Eu não sou nenha jênia, apenas encontrei nos estudos e na leitura uma forma de me distrair e de  me desligar do mundo.

 Você sempre sabe quando não é normal.

Passei a minha vida toda estudando no colégio interno AMERIZON HIGH SCHOOL, porque meus pais não queriam ter o esforço de me educar como qualquer família normal. OBS: Eu não sou normal!

Depois de algumas tentativas frustadas de tentar engravidar novamente, mesmo eles sabendo que Catrina não poderia ter filhos, resolveram adotar uma criança para começar tudo de novo. OBS: Começar de novo significa, para eles, esquecer que tem uma filha que eles mesmos jogaram no colégio interno. Então eles adotaram ,não uma, mais duas crianças, Khayo e Karine.Não tenho nada que reclamar deles, são verdadeiros amores e até me chamam de maninha. É claro, quando nós conversamos pela webcam, porque eu não volto para o Brasil desde...desde que eu me lembro, eu não sei. Faz tantos anos que nem me lembro se meu pai está velho ou se minha mãe cortou o cabelo. OBS: Ela tem cabelos grandes. Desde quando eu me lembro.

A minha vida frustrada não acabou ai. Se eu não tinha... quer dizer se eu não tenho o amor dos meus pais no Brasil, nos EUA é que eu não vou ter mesmo.Primeiro: Eu nunca procurei ter amigos. Segundo: Eles nunca quiseram ser meus amigos. Terceiro: Eu não sirvo para ter amigos. Bom, digamos que todos os meus amigos ,na verdade, todas as pessoas que tentaram ser meus amigos, acabaram de alguma forma se magoando. Então eu volto para o começo do livro: Eu só sirvo para fazer as pessoas sofrerem.

O Choro da LuaWhere stories live. Discover now