Capítulo 5

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Thiago pensou em mim! Isso é tão estranho que chega a ser absurdo. O que ele quer com tudo isso? Se bem que ele só me perguntou se eu precisava de alguma coisa. Não é isso que as pessoas educadas fazem? Mais Thiago não é educado. Eu não posso acreditar que assim do nada, ele simplesmente tenha notado que eu existo. NINGUÉM NUNCA NOTA!

Voltei para o colégio, quando percebi que o sol já estava se pondo. Subi as escadas do Amarizon High School e fui direto para a meu dormitório. Andresa estava deitada na cama lendo Perdida de Carina Rissi:

- Boa noite! - disse ela enquanto eu entrava no nosso dormitório 171. Sem trocadilhos!

- O que é que tem de bom? - perguntei pegando uma toalha e indo em direção ao banheiro.

Depois de um longo e demorado banho, abri a porta do banheiro e dei de cara com Andresa bem na minha frente.

- Porque você é assim? - questionou.

- Assim como?

- Assim... - falou enquanto eu ia para o meu guarda-roupas e pegava um short e uma blusa de dormir - grossa com todo mundo.

- Eu não sou grossa. - repreendi.

- Claro que não! Você só dar foras em tudo e em todos!

- Olha só, eu estou cansada e quero dormir, se não for de muito incomodo, eu gostaria que... me deixasse em paz.

- Tá vendo! Você é uma chata, egoísta e orgulhosa! - gritou.

- Já me chamaram de coisas piores.

- Você não pode me culpar pelos erros dos outros! Eu não tenho culpa se você não é bonita ou se não é atraente, o mundo não gira em tordo de... - ela percebeu lágrimas formavam em meus olhos.

Mais que droga, por que eu sou tão sensível?

- Desculpa Lua, eu não... - não deixei ela terminar de falar e sai correndo em direção ao meu esconderijo secreto novamente.

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Lágrimas! Muitas lágrimas derramadas.

 É nessa hora que você percebe que tudo o que Goethe dizia era verdade "...os mal-entendidos cometem mais erros nesse mundo do que a astúcia e a maldade."

Nem sei o porquê de eu estar chorando tanto se já estou acostumada com esse tipo de comentário irônico. Sei que Andresa não teve a intenção de me machucar, mais as pessoas não entendem que a verdade realmente machuca. Que o sábio que inventou essa frase perfeita também sofreu muito com a verdade.

Pois é, estava eu, chorando, sentada num tronco de alguma arvore que não sei ao certo qual era quando algo pesou na minha consciência. Por que eu existo? Será que Deus teve a não displicência de me trazer para a terra só para sofrer? Será que não existe algum plano reservado para mim? Será que o meu destino é esse? Ou será que tem alguém ou algo destorcendo o meu caminho?

- É exatamente isso que está acontecendo! - falou uma voz no fundo da imensidão da floresta.

Quem poderia ser? Quem estava naquele lugar vendo o meu sofrimento? O medo começou a atingir violentamente os meus músculos.

- Quem está ai? - perguntei em meio ao vão.

Silêncio.

- Quem está ai? Isso não tem graça!

Silêncio.

Não sei o que é pior, saber quem está lhe vigiando ou não saber de nada. Esse silêncio já está me deixando louca. Quem seria tão ruim a ponto de me fazer ter tanto medo assim? Pensando bem, é melhor eu nem saber.

- Lua!- escutei novamente aquele burburinho na floresta.- Lua!

- Quem está ai? Responda! - gritei.

- Lua!

- Fala o que você quer? - não fala não, não fala não!

- Você!!!

E de repente como uma fumaça em meio ao vão, algo tocou os meus braços apertando-os com força. Sente um hálito quente em minhas bochechas e um cheiro de enxofre que fez com que as minhas narinas ardessem de dor. E quando finalmente, finalmente, eu viro o meu rosto... acordo com os gritos de Andresa bem diante de mim. 


O Choro da LuaWhere stories live. Discover now