Capítulo Um

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Acordo.

Minha respiração está ofegante, muito alta aos meus ouvidos, levanto-me devagar e tateio em busca do meu abajur cor de rosa claro e o acendo.

Havia tido mais um pesadelo, mas, como sempre acontecia, não consegui me lembrar dele, um detalhe sequer.

Desde que que vim morar com Marina e Robert -meus novos pais- venho tendo pesadelos recorrentes, já conversei particularmente com três psicólogos, e dois deles disseram que este problema era um "distúrbio" pelo trauma que passei.

O outro, com a hipótese mais provável, explicou-me que após o trauma, meu cérebro estava tão sobrecarregado que tratou de dar um jeito na situação.

Apagando boa parte das memórias.

Do dia do imcêncio...

E daquele dia.

Sim, não me lembro de quese nada do que aconteceu antes daquela tragédia, apenas umas informações básicas, a cor do meu quarto, a fisionomia da minha mãe, o cheiro do perfume almiscarado do meu pais e algumas brigas com minha irmã mais velha.

Apenas isso.

E mais nada.

E, de modo antagônico, quando estou dormindo, alguns flashes me vêm. Mas quando acordo, não sei de mais nada.

Limpo as lágrimas que corriam por minhas bochechas, nem as tinha percebido, tamanha foi a sensação ruim que sentia.

Levanto-me e visto um hobe para cobrir meu pijama curto e de bolinhas coloridas me direcionando à porta do meu quarto.

A abro e fico observando atentamente se tem algum movimento pela casa, meu sangue corre rápido e zoa alto em meus ouvidos enquanto caminho a passos de gato para o quarto de Roth.

Abro a porta de seu quarto e a fecho silenciosamente atrás de mim.

O quarto está escuro, mas posso vê-lo à escassa luz da lua que entra pelas janelas.

Ele está sem camisa, apenas com uma bermuda curta e de tecido fino.

Ando até ele e toco a pinta dos meus dedos gelados em sua costa quente.

-- Roth. --sussurro o sacudindo levemente.

-- Huum. -- ele resmunga, mas não mexe nem um centímetro

-- Roth? Ei, acorda, sou eu. -- chamo mais uma vez, mas dessa vez ele acorda abre os olhos com tudo, se assustando, talvez, como se tivesse acabado de sair de um pesadelo.

Talvez eu não seja a única em que o cérebro gosta de pregar peças.

-- Adaira? -- pergunta sonolento, também, não é pra menos, não são bem três da magrugada ainda.

-- Pesadelos de novo? -- pergunta Roth em um tom compreensivo.

Assinto e me aproximo mais da cama, ele logo me dá espaço e, depois de deitar-me, ele me cobre e me abraça afagando meus cabelos.

Rothgar era meu "irmão" mais velho. Era, sem dúvida meu confidente, meu parceiro. Eu lhe contava tudo, nos míninos detalhes até, confiava nele meus segredos e ele me contava os seus.

Ele era o tipo de irmão ciumento, até demais, as vezes.

Ele literalmente parecia um armário, era grande e musculoso, treinava todos os dias, já que com certesa ingressaria na polícia, assim como nosso pai, e queria estar preparado para a ocasião.

Olhe-me, AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora