Capítulo Seis

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A primeira coisa que eu penso ao acordar é:

Preciso de um psiquiatra!

Minha cabeça dolorida pede por clemência enquanto me levanto devagar, olho para o lado e noto que ainda são cinco e meia da manhã, mas como estou com muita dor, resolvo descer para tomar algum remédio. 

A passos lentos, desço as escadas e me direciono à cozinha.

Assim que toco meus lábios na borda do copo, paro para refletir sobre o pesadelo que acabo de ter com Mike, e a grande incógnita que fica martelando em minha mente é: quando eu fui dormir? Eu não me lembro de ter ido deitar.

É cientificamente impossível isso, pois me lembro exatamente bem de tudo o que aconteceu, do problema no chuveiro com Mike, meu pai, Roth e Briam indo conversando animadamente comigo, do quase beijo com aquele loiro lindo... o anjo...

Espera, pensando bem, nada parecia um sonho, para falar a verdade, uma alucinação talvez.

Mas parecia tão real, vislumbro meu corpo pelo reflexo do vidro do grande armário a minha frente e vejo o que eu não queria ver, algo que coloca um enorme ponto de interrogação em meus pensamentos conflituosos.

Estou com o pijama amarelo.

Eu odeio amarelo, e, apesar de se tratar de m presente vindo de minha mãe, eu nunca o usei.

-- Tem alguma coisa errada acontecendo aqui. Mas o quê? – falo pra ninguém em especial.

-- Falando sozinha, meu amor?! – disse alguém próximo a mim tão de repente que levei um solavanco e por pouco não derrubo o copo.

Olho pra trás e me deparo com os olhos brilhantes de Ross.

Fecho a cara instantaneamente e lhe lanço um olhar mortífero enquanto trinco os dentes num súbito ataque de fúria.

-- Perdeu o dom da fala?—um sorriso sarcástico brotou em seus lábios enquanto me encrava descaradamente.

Ross estava diferente, sei lá, estava exalando ódio e maldade de seus poros, seus olhos me mostravam muito, desde seu sofrimento quando criança até as maldades que fez aos outros que ele julgava serem “inferiores”.

Mas ainda havia algo, e, se eu não estiver blefando, arrisco ser algo muito ruim.

Ruim até demais.

-- Vamos querida, responda. – disse ainda me encarando.

Coloquei o copo de qualquer jeito sobre a pia e desfiz minha careta.

Um sorriso enormemente falso nasceu em meu rosto.

-- Não estou conversando sozinha, não está vendo? – apontei para o espaço vazio ao meu lado. – Estou conversando com o Satã, estávamos aqui decidindo se levaríamos você agora ou depois. – finalizei fazendo uma carinha de pensativa.

Ross empalideceu imediatamente dando dois passos para trás.

-- Você não me engana, garota estúpida, não tem nada aí. – tentou soar firme, mas sua voz tremeu nas últimas palavras.

Mordi o lábio para não cair na gargalhada. Ele estava mesmo acreditando nisso? Ou será que só estava zoando com a minha cara?

-- Ah, é? Então por que suas mãos estão tremendo? E afinal de contas, onde você estava? Compactuando com algo maligno? -- falei.

-- Se eu fosse você, tomava mais cuidado com suas palavras, pois elas podem ser mais mortíferas que mil espadas juntas. – falou dando-me as costas e indo embora.
 
Estranhei sua atitude, ele nunca agiu assim, algo realmete estava estranho esses tempos.

Olhe-me, AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora