Capítulo Oito

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"Não é digno de saborear o mel
aquele que se afasta da colméia
Com medo das picadelas das abelhas"

William Shakespeare


As vezes pensamos que Deus é ruim para nós, que estamos pagando por algum pecado terrível que já cometemos, seja nessa ou em outra vida. Tudo de ruim que acontece em nossa vida, culpamos algo ou alguém, como o destino, como se ele fosse irremediavelmente  responsável por tudo. Nunca acreditei muito nisso.
Acredito sim que Deus está presente tidos os dias em nossa vida, mas acredito também que ele nos deu uma dádiva muito preciosa; o direito ao livre arbítrio. Apenas nos guiando e ajudando quando preciso.

Acredito também que nessa vida, apenas colhemos o que plantamos, ou seja, somente recebemos o que damos aos outros e ao universo, tipo um karma... ou algo assim.
É como se fosse uma toca confusa, mas que no fim faz sentido.
Eu não sei o que está acontecendo comigo. Na verdade, nem sei se algo está acontecendo ou eu simplesmente estou sofrendo muita pressão psicológica ao mesmo tempo. Realmente não sei, mas gostaria muito de descobrir. Acho.

Sinto-me como aquelas gatotas esquisitas dos filmes. Num momento elas estão de boa vivendo a vidinha pacata de miserável delas quando de repente um monte de coisas estranhas acontecem e elas descobrem que tem poderem fodões.

Sério, isso é horrível. Ninguém é capaz de ficar invisível ou sair voando por aí como uma borboleta cor de rosa. E também que não acredito que haja casais que estão predestinados desde o início do mundo. Toda essa história que, no fundo, queria viver.

Romances perfeitos não existem, é cientificamente impossível... E espero, com todo o meu coração, estar enganada quanto a isso.

Mas pensando bem, o que eu senti tanto quando vi Mike quanto quando eu me perdi nos olhos de Lucke foi... intenso. Diferente. Jamais tinha me sentido assim antes, o máximo que eu tive de afeição por algum garoto foi no primeiro ano do ensino médio quando tive uma paixonite idiota pelo garoto mais nerd da sala.

Ah, não me julgue, ele até que era bem bonitinho.

É só...

Um sentimento ruim toma posse de meu peito. É como uma mão que toca os sentimentos mais profundos de minha alma, que vai escavando com suas unhas de ferros os confins escuros de meu coração. As memórias semiperdidas de minha cabeça.

Aí está uma coisa que vem me incomodando a um tempo, mas que tento a todo custo evitar pensar, mas... - é você que não quer se lembrar- grita meu subconsiente de uma maneira que me irrita um pouco.

Eu quero me lembrar, mas não consigo. Simples assim. E não me refiro apenas do acidente que levou meus pais no incêndio, mas alguns anos após isso.

Aquele dia nos marcou como ferro em carne. De um jeito irreparável, que pode até cicatrizar, mas sempre estará lá para te lembrar do que aconteceu. Que você não é a mesma pessoa e nem nunca será.

Tudo o que estava acontecendo ultimamente tinha alguma relação com minhas memórias. Tinha que ter.
Ou então alguém estava me pregando uma peça muito bem armada, o que, pra mim, é impossível.

E ainda teve aquela visão... Eu sei o que eu vi, e não gostei nem um pouco. A angústia que senti ao ver aquelas  pessoas sofrendo daquele jeito, implorando pela minha ajuda. As crianças, o sangue... o medo que se abateu sobre mim... Foi horrível. Ou pior.

Além disso, nunca soube o por que de possuir dom que ninguém mais tem. Eu sinto as pessoas. Literalmente falando.

Com apenas um olhar, mergulho na superfície de sua mente, vejo seus principais sentimentos, como amor, ódio, tristeza e cançaso. Mas quando toco de modo certo a pessoa, no lugar correto... Aí sim as coisas ficam complicadas. É como se uma corrente elétrica carregada de uma coisa que não sei dizer exatamente passase de sua pele para a minha. Meu pelos se arrepiam e por baixo das pálpebras tenho o vislumbre tanto de seu passado quando de seu futuro certo.
Ok, algumas pessoas possuem um certo bloqueio, não me permitindo enxergar absolutamente nada.

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2016 ⏰

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