"GUERRA INTERIOR"

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PRÓLOGO

— Você tem a coragem ainda de vir... estranha? —A garota que senta ao meu lado sussurra ao meu ouvido.

Sinto seus lábios roçando minha orelha ao falar, sinto-me enojada, não por esse detalhe, mais dela própria.

Fico em silêncio, fingindo estar prestando atenção à aula mais chata já inventada.
"Matemática".

— Você tá surda , ou tem cera bastante no ouvido, que impeça que você escute? — Ela volta a falar, olhando de relance para o professor disfarçando "nosso diálogo".

— Me deixa em paz !. — Eu respondo ainda fingindo estar prestando atenção à aula. Com receio de que minha voz transpareça meu medo.

— Nossa ... Você fala, pensei que sua língua fosse apenas um órgão que não faz sentido em seu corpo, uuuu ... espere, cobras sentem o cheiro através da língua.

Suspiro, tentando parecer aparentemente inabalada pela retórica.

— De que planeta você veio, onde não tinha comida o bastante para se alimentar? ... Ou você simplesmente veio de uma galáxia onde não existem carboidratos ?... Filha, não sei quando você chegou aqui.. Há espere, sei sim ... te expulsaram de outra galáxia e cometeram uma afronta de te exilar para nosso planeta, espero que saiba que aquilo alí em frente é uma cantina, devia se associar, vá direto e dobre a esquerda, não esqueça de ir pela sombra, bosta no sol seca. — Ela volta a falar.

Meus olhos começam a sair do foco pelas lágrimas que já insistiam em cair, mais não vou deixar que minha lágrima venha ser um tipo de troféu para esse tipo de pessoa. Minha respiração fica pesada, e temo já estar prestes a abrir as comportas dos meus olhos.

— Que foi? ...chorar não dói, só quando existe um motivo . Tem algum motivo pra chorar aqui... Estranha ? .

Mergulhada em meu mundo, respondo, sentindo uma gota de lágrima escapar dos meus olhos e escorrer em direção a minha boca .

— Não ... Me desculpe.

Ela solta uma espécie de sorriso contido, abrindo a boca para falar, e logo em seguida fechando-a, sendo interrompida pelo professor.

— Senhorita Malorie Hoffman?!... — O professor pergunta, a mim . - ... e Stace Claflin... Creio que não está na hora de papinhos entre amigas, por favor senhorita Claflin sente alí. — Ele aponta para uma cadeira quase no fundo da sala. — E... Malorie, está tudo bem? Está passando mal? Está sentindo aquilo que as mulheres sentem? Como é?! é é.... "Comigas" é...é Cólicas ... Isso mesmo... cólica?.Pode ir a enfermaria se quiser.

— Hum ... Há estou bem ... Hum é só um ... cisco que caiu no meu olho. — Respondo-o enchugando meu rosto com a manga da minha blusa.

Stace obediente, pega seus materiais e se senta na cadeira que o professor a ordenara, e logo após, começa seu joguinho, comentando piadinhas com suas colegas de classe, na rodinha das anoréxicas e oxigenadas da sala. E provavelmente eu era o centro dessas piadas.

Com meu coração abatido, tento de toda forma me concentrar na aula que o professor está aplicando. Mais por razões óbvias, me via presa no mundo de depressão e destruição .

Minha vida era um jogo, e milho na boca da galinha chamada "sociedade". Me via suja por seus comentários e já não estava mais aguentando, a sobrecarga era muito grande que dava vontade de retaliar todo o mundo, e gritar, até minhas cordas vocais se partirem, e meus pulmões sentirem a falta de oxigênio.

"Mais será que vale a pena?".

— não sei. — Parte de mim diz que vale, mais e depois, qual seria o sentido disso?.

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