REVELAÇÕES

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CAPÍTULO 6

Ele me olha, e o vento do ar-condicionado sendo nossa única testemunha nessa pequena sala onde nos encontramos. Sinto-me decepcionada por não ter oque falar, abrindo minha boca, mais fechando logo em seguida, como se as palavras fugissem dela, e apenas saísse um som abafado que era capaz de pronunciar.

As horas me decepcionavam, e quanto mais olhava o relógio embutido na parede em minha frente, torcendo para que as horas passassem depressa, como se fosse algo sobrenatural os ponteiros retrocediam mais e mais, para meu pavor.

Batia meus pés involuntariamente, com medo de que a diretora ligara a minha vó, e informara sobre o fato ocorrido na escola; com medo de ter de explicar o porque que eu quebrei o espelho, e por que não tinha nem sequer uma resposta ou uma desculpa aceitável que faça todos acreditarem; com medo dela descobrir tudo; com medo de simplesmente que ele se volte contra mim, e venha atrás da minha família, e tente executar os únicos familiares que me restaram; com medo de Stace contar a todos o ocorrido daquele dia miserável;
com medo de simplesmente alguém ouvir meus pensamentos e sair espalhando esse segredo para tudo e todos, e com medo de não ser a única a ser abatida pelo desespero de perder a vida.

Como se percebesse minha timidez, ele quebra um silêncio breve.

— Mora aqui há muito ... Tempo?

Dou um sorriso contido, expirando para tirar o ar preso em meus pulmões, agradecendo-lhe figuradamente.

— há...Ham...moro aqui, dês de que, me entendo por gente.

— Legal. — ele fala fazendo uma pausa.- Sou novato aqui, na ... Escola ... E também na cidade, obviamente.—ele volta a falar, dando um sorriso bobo no final.

—Legal.

Em minha mente queria lhe dizer mais coisas, mais era como se as palavras ficassem presas em minha garganta, e então apenas pergunto-lhe a pergunta, que não quer calar.

— Por que... Você veio p'ra cá? ... É ...sem...sem ser pra cidade... P'ra detenção?

— Há ... Me desculpe mais eu não posso. Ele... É ... Ele. —ele inspira como se temesse falar algo de errado.

"Ele? Se Nicholas é novato, é óbvio o que está acontecendo".

—Renner?

Ele para, estantâniamente como se temesse esse nome mais do que ... Eu.

— Brad... Renner?.— volto a perguntar novamente. Lembrando-me daquele dia, tentando de alguma forma segurar as lágrimas que estavam prestes a rolar pelo meu rosto novamente.

Ele me olha de boca semi-aberta, como se estivesse assistindo a sí próprio, na tela dos meus olhos.

— Não. —ele responde.

Minhas lágrimas caem ao chão, e percebo que ele não falara a verdade, e como eu, tentava esconder o que estava sentindo, mais não se pode esconder o que os seus olhos demostram. Não se pode esconder, o que os seus olhos sempre deduram.

—Eu não consigo mais... — falo com lágrimas nos olhos.— ... Pensei que era capaz de ocultar o que estava sentindo, mais não consigo mais ... Viver... fingindo.

Ele me olha, aparentemente desconfiado e absorvendo a indireta jogada contra ele. Abaixando a cabeça logo em seguida como se estivesse envergonhado.

— Me ... Desculpe.—ele fala.— Ele ... Quando eu cheguei, ele não para de pegar no meu pé, e zomba de mim por que não consigo.... Há ... É jogar. Futebol. E odeio esportes, e me chama de... de livrinho, Por simplesmente não gostar disso tudo, e trocar esportes por livros.

Levanto meus olhos e observo, com fervor, o observo realmente seus traços e me surpreendo, pois ele não era nada feio, na verdade ele não era feio, seus traços eram marcantes, que davam um charme único. E não era anoréxico como a maioria daquelas pessoas que são ligado no mundo dos livros, é. Seu cabelo era de um tom lindo, avermelhado, ruivo, e seus olhos de um azul piscina brilhante.

—Sei por que quebrou o espelho. — paraliso. —A Claflin ... A namorada dele... Stace... do Runner, disse que, eu me parecia com você... Estranho... e que você é uma vaca, e que se eu não me comportasse, e se ousar-se abrir minha boca, para contar ... P'ra alguém ... Ele ia ... O Renner ia me matar. Eu sou forte, sei que consigo guardar segredo, mais ... Por que ela te odeia tanto?

As lágrimas correm, pelo meu rosto como se existisse um oceano nas minhas glândulas lágrimais, e como se fosse para seu consolo digo, quebrando um breve silêncio que e invade novamente essa conversa estranha, e ao mesmo tempo realizadora.

—Ele. Ele estava lá. — falo do nada, querendo tirar "isso" de vez do meu peito, falando logo em seguida como se o conhecesse a milênios.— Lá, no dia... No dia da festa. No passeio . No dia ... No dia que. —As lágrimas correm no meu rosto novamente.— ...No dia em... Que a irmã dela morreu.









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