INESPERADO

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CAPÍTULO 5

—Oi?... Malorie? ...certo?!—ele fala com espanto, mais tenta disfarçar, com fracasso.

— Hã ... Sim ... Nicholas, certo?

—Certo.—Ele abre um sorriso, arqueando as sombrancelhas.

— Hã... Queria falar com ... O. Pastor.—respondo, depois de um tempo de um silêncio constrangedor para nós dois.

—Há... eu já estou de saída.. Pelo mesmo motivo ... É ... ele não se encontra ... Falei com filho dele, ele me disse que foi fazer compras no, centro.- ele fala esperando na porta da igreja, como se quisesse que eu saísse de sua frente, mais tinha vergonha de abrir a boca e pedir licença.

Abro minha boca para falar, mais fecho logo em seguida, espantada pelo que enxergava na rua aproximando-se depressa.

Um carro vem em alta velocidade, freiando logo em seguida,deixando um rastro de pneus queimados no asfalto.

Quatro indivíduos encapuzados, descem do carro, um saca uma arma, e engatilha. E é como se tudo estivesse rodando em câmera lenta, ele anda em nossa direção com a arma apontada para meu rosto, e me obriga a entrar no carro a força, puxando-me pelos cabelos, e arrastado Nicholas logo em seguida para uma Vã estacionada no meio fio, gritando para os outros não deixarem nenhuma testemunha para trás.

Meu coração dispara larvas por todas as minhas veias; o medo me inunda, deixando-me ainda mais apavorada.

Tentava de toda forma gritar, mais era impossível, pois tapavam a minha boca com tanta ferocidade que sentia que a qualquer momento ia desmaiar.

Me debato, e uso toda a minha força para tentar me desvencilhar das mãos dos raptores, olhando para todas as direções em busca de algum sinal de humanidade, e piedade nos olhos de cada um.

Nicholas, igualmente tenta se desvencilhar das mãos dos dois que o seguram, desferindo golpes e pontapés no nada, enquanto é agredido constantemente por um, dos indivíduos.

Seus olhos, se arregalavam de medo. E não o culpava, pois, estava sentindo o mesmo medo, que me deixava mais apavorada e, mesmo que soubesse que não devia, estava em pânico, e sentia que o meu fim estava próximo e que iria morrer, não pelas minhas mãos, mais sim, pelas mãos de assassinos, ou pior, de estupradores ... Tento de alguma forma mandar esses pensamentos para longe, queimando meus neurônios, para tentar formar uma rota de fuga plausível, mais tudo que sinto é cansaço, dores no corpo, falta de ar e adrenalina.

Pelo que pareceu ser uma eternidade, nos jogam com ferocidade na Vã, e com a mesma rapidez que chegam, fogem a toda velocidade pelas ruas desertas dessa cidade pequena, deixando apenas, onde estávamos, um lugar vazio e sem vida.

Várias perguntas passavam pela minha cabeça: o por que eu estava passando por tudo isso? Qual seria o sentido dessa ação? Mais tudo que eu sentia era pânico e medo.

Medo de morrer ali.

Medo, de por algum outro motivo, me abster da vida da minha vó, e deixa-la com um rombo no coração pela minha ausência.

Medo, por Nicholas e pela sua família se por acaso acontecesse algo negativo contra a vida dele.

"por que se não fosse por mim, ele não estaria nessa situação".

Medo. O sentimento que sentia constantemente, e não conseguia afastar de mim, e que vinha degradando-me mais e mais. Era como se meus pulmões fossem eglodir larvas, por simplesmente estar tentando respirar.

Fico sentada com a cabeça entre os joelhos, obedecendo aos raptores, para não olhar para os rostos deles. Apontam uma arma para minha cabeça, e tudo que vejo é escuridão e tons de escuro, obrigada a ouvir ofensas, se eu tivesse a ousadia de levantar meu rosto e tentar idêntifica-los.

Meu coração bate tão forte e alto, que receio que todos ouçam, e me punham por esse motivo fútio. A respiração pesada de Nicholas é como brasas jogadas garganta abaixo, e me sinto culpada por isso, me sinto culpada por metê-lo nessa história maluca e sem sentido, sinto-me culpada por simplesmente tê-lo conhecido, sabendo que tudo isso não tinha nada ver. E que meus pensamentos estariam se embaralhando novamente, me deixando ainda mais confusa.

Estou totalmente em desespero mais não tenho escolha, e então espero.

Espero, o carro parar, mais não para.

Espero, tudo isso acabar, mais não acaba.

Espero, que isso não passe de um sonho, e que estaria prestes a acordar. Só que não era um sonho, era um pesadelo se transformando em realidade.

Espero, que isso não passe de uma pegadinha, mais não é. E sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, lágrimas quentes e que destruíam qualquer esperança que tinha de sobreviver.

Eu sabia que estava prestes a morrer.

Eu sabia que, a minha vida não passaria apenas de cinzas levadas pelo vento do destino.

Ali chegou o ápice, do meu medo, ali o medo se transformou no meu próprio medo.

Ali ... Fico perdida em meus pensamentos, com as lágrimas rolando em meu rosto, e com a boca fechada, com medo de pronunciar sequer uma palavra, com medo de nunca mais voltar a respirar; com medo de fechar os olhos, e nunca mais poder abri-los; com medo de arfar e grunir pelo pânico; com medo indistinguível de me tremer, e com medo de sentir simplesmente ...medo.

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