DESESPERO

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CAPÍTULO 11  

— O que você fez?!— alguém berra, sobrepondo o ruído de acusação de minha mente, olhando para o corpo que jazia caído sem vida em minha frente.

"Sua Assassina!" — minha mente berrava, acusando-me.

O olho com os olhos quase para saltar para fora das órbitas, deixando-me intoxicada com o próprio ar que respirava. Era como se o ar fosse totalmente sólido, junto com o medo que sentia, que a qualquer momento poderia toca-lo, pois soluçava e suplicava ao indivíduo misericórdia, com malditas lágrimas que não paravam de jorrar de minhas glândulas lacrimais. Viajando pelas maçãs do meu rosto e serpenteando pelo meu pescoço.

Levo um choque de realidade, quando volto minha atenção para o raptor, que acabara de falar realizando um golpe mata-leão em Nicholas. Que me olha com um olhar cortante de reprovação. Que  perfura-me e atravessa meu corpo me deixando em perplexidade misturado com o adrenalina, como se fosse incapaz de acreditar no que fizera.

— Eu o matei...— repetia, com a arma em minha mão, a segurando com uma força que eu não imaginara que seria possível, pois tremia e soluçava ao mesmo tempo. Junto com as lágrimas embaraçando minha visão e tirando-as de foco por um momento. Deixando-me ainda mais apavorada, perdida na minha própria consciência, que contestava o que acabara de fazer.—... Eu ... Eu matei ele.

 O soluço agonizando minha alma, viajando e fazendo-me voltar a realidade; junto com o jato de adrenalina que percorria meu corpo em uma velocidade desafiadora, me deixando em perplexidade.

Admiro o objeto em minhas mãos, minha mente negando o ocorrido. Arfo de desespero, e tenho uma séria ânsia de vômito.

O raptor empurra Nicholas que se desequilibra e cai ao chão, com os pulsos amarrados atrás das costas. Arfando de desespero, o indivíduo inquilino corre, para seu parceiro sem vida caído no chão, verificando se ainda tinha vida em suas veias, o largando logo em seguida, e extrapolando palavras fortes para mim, afirmando que iria me arrepender, de ter feito tal ato, e que por deus mataria a mim e "TODOS" que eu conhecia. Me deixando ainda mais arrependida e apavorada.

Seguro a arma, com mais "segurança" em minhas mãos. Pois: "Era meu bilhete de fuga" disso tudo, apontando para o raptor que levanta seus braços em sinal de submissão para mostrar que não tinha nada em suas mãos.

—Sua ...des-gra-çada. — ele fala, por entre os dentes, tentando esconder sua fúria, como um vulcão prestes a entrar em erupção.

— Cala a boca!... Ou nunca mais irá abri-la. — falo, com uma coragem que tiro de uma tênue terceira dimensão que não sabia que seria possível.

Nicholas fica paralisado com a situação, o olho de relance, e volto a realidade seguindo apontando a arma para o indivíduo gordo em minha frente.

— Solta ele... — falo, como um sussurro.

Ele me olha, como se não tivesse ouvido o que eu acabara de falar.

— Solta ele ... Agora! — Grito, o ordenando, que se locomove rapidamente desengonçado, com as mãos levantadas continuamente, como se temesse abaixa-la.

Seguindo em direção a Nicholas que está sentado imóvel. O levantando-o, e com um solavanco mudando-o de posição, o segurando por trás pelos braços, e com uma faca na mão direita, encosta seu gume diretamente no pescoço de Nicholas, pressionando com tanta força, que uma linha de sangue sai de sua pele e escorre, viajando por seu peito.

— Para!— peço, tremendo olhando para Nicholas que está paralisado e mudo, respirando pela boca, como se tentasse manter a calma ou ocultar o medo que sentia.

— Solta a arma!— ele grita.—... Ou ele morre. — continua mansamente.

Vários minutos agonizantes se passam, que parecem ser horas, olho de relance para Nicholas, que arfa de desespero, e como resposta acena com um leve balanço de cabeça, tentando passar para mim a mesma segurança que parecia que estava sentindo.

Meus batimentos aumentam e minha consciência acusa-me ainda mais, a cada segundo que passa. Não tenho escolha alguma: a não ser jogar a arma para longe, e pedir-lhe gentilmente que cumpra sua parte do "acordo" soltando Nicholas, e mantendo a salvo.

O inquilino se mostra bastante satisfeito, e seu semblante cai novamente, deixando sair de seus lábios, uma única frase que me deixa ainda mais apavorada. Que corro em sua direção tentando organizar meus pensamentos, tentando de alguma forma salva-lo, tentando o impossível, tropeçando em minhas próprias pernas e deixando o vento da injustiça ser uma das testemunhas do fato preste a ocorrer. O tempo passa em câmera lenta. E olho para os lábios do indivíduo  gordo, que mexem extrapolando a seguinte frase:

— "Uma vida, por outra vida".

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