O TROCO

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CAPÍTULO 13

"Uma vida por outra vida".

A frase ressoa no ar, e como se eu estivesse em uma caverna, ecoa em minha mente deixando-me ainda mais perturbada. Corro em sua direção, sem hesitar. Bloqueando a minha mente, de pensar o inesperado.

"Uma vida por outra vida". — Minha mente repetia, ecoando, de encontro ao meu pesadelo. "Por favor... Não! — Gritava para mim mesma. Mas, as palavras não saiam da minha boca, como se minha garganta estivesse entupida pelas pedras e pedregulhos do medo, raiva, e cansaço .

"Uma vida por outra vida". — Insistia em repetir .

O olho, e seus lábios se abriam em um grande sorriso . Junto com o rosto pálido, aterrorizado de Nicholas. Com a faca em seu pescoço, como se já soubesse o final trágico de sua própria história. Temendo o enredo e o desfecho dela.

Num instante de desespero, grito. Usando umas das únicas forças que me restava. Grito tão alto, que minha garganta seca, somando com a respiração pesada, junto com o ar pútrido.

Com uma força, que não imaginava ter. Berro um grito seco, que ecoa pela floresta. E como um freio, o sequestrador fica sem ação. Estacionado, como se não soubesse mas oque fazer, parando. E em  seguida, jogando a faca para longe. Me deixando perplexa.

— Eu, o amo! — falo. Arfando e tentando buscar ar, sem sucesso. Com a respiração pesada junto com as lágrimas que já insistiam em descer. Meus lábios tremiam involuntariamente, junto com minhas mãos e meu corpo. Engulo em seco, e o olho, e por um breve momento nossos olhares se fixam. Seus olhos estão cheios de lágrimas, e desejo que isso acabe logo, não aguentava mais isso, meu ser clamava para que cessasse  isso tudo, meu corpo pedia descanso e minha mente uma simples folga. Era como se tivesse acabado de correr mil milhas e no final ao invés de beber água estivesse comido sal. A pressão mental e o clima pesado era tão forte, que estava prestes a ter um ataque cardíaco. Arfo de desespero e tento buscar ar, porém quanto mais buscava-o, mais fugia. Como se estivesse desaprendido à tomar fôlego, dando a impressão do  oxigênio está se solidificando, tornando o ato natural de respirar  simplesmente impossível.

Nossos olhares se encontrão e era como se meus olhos pudessem transpassar a emoção que estava a sentir. Enganando a mim mesma novamente, pois nem eu sabia o que realmente estava sentindo, me cansando ainda mais por cair nas mesmas armadilhas dos mesmos sentimentos que tanto me  paralisavam. Só sei que um turbilhão de sensações viajava em minha mente. Deixando-me sem reação.

— Ele era meu irmão. — o gordo, fala. Apontando para o corpo ensanguentado e sem vida jogado ao meu lado. Com seus olhos se enchendo d'água.

Ele começa a se mover. Arrastando Nicholas com ele . Fico sem reação, e boquiaberta. Queria poder falar a ele, clamar por perdão. Queria dizer, que não foi minha culpa; dizer que foi apenas um acidente; dizer que por Deus que ele me perdoasse de verdade. Dizer, que estava apenas me protegendo, e tudo o que eu fiz foi por impulso, e o calor do momento.

— Você conhece a dor? — Ele fala, interrompendo meus pensamentos.
— Você conhece a dor de quando alguém tira  um outro alguém de você?... você consegue entender, que apesar do que você faça. Essa dor nunca passa?. Nunca... cicatriza.— Volta a falar, movendo-se em direção ao nada. Com cautela .

Queria dizer que: Entendia sim. Entendia como ninguém, a dor. A dor de perder a família. A dor de perder entes queridos. A dor de ser rejeitada. A dor de acordar, e aquelas pessoas que você ama, não estarem mas ali do seu lado. A dor, de saber que as pessoas que você ama depois de dormirem, não acordarem mais. Queria dizer a ele que conhecia bem a dor de perder alguém depois de ter crescido, vivido, amado, rido e chorado com ela. Queria dizer que, o entendia sim, a dor. Essa dor que nunca vai embora. Queria pedir desculpas. Queria poder não ter feito o que eu fiz. Mas não posso mudar a realidade. E só o que faço é chorar. Balanço a cabeça, em positivo, com minhas lágrimas caindo nas folhagens, escorrendo para terra e sendo sugada por ela.

Ele engole em seco. Balançando a cabeça. Respondendo, com um toque de desprezo e raiva.

— Não conhece não! —Berra. Empurrando Nicholas em minha direção, agachando e pegando a arma, que eu tinha jogado para longe, me amaldiçoando por ter jogado naquela direção . Engatilhando, e apontando a arma em direção ao peito dele .

— Mas vai conhecer. — Volta a falar. Puxando o gatilho, e atirando em Nicholas, transpassando as costas e saindo em seu peito. Fazendo-o soltar um suspiro alto, perdendo a força do seu próprio corpo, tombando, caindo por fim de lado.  O projétil, atravessa seu corpo. E demora um pouco para minha ficha cair.

— Nicholas!— Berro.

Corro em sua direção, ignorando o ardor, queimando em meu braço. Não queria acreditar nos que meu olhos estavam vendo, não queria acreditar, que a realidade estava de novo me atingindo. Pressiono seu peito para estancar o sangramento, e sinto sua respiração pesada. Olho nos seus olhos, e as lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto, e por um momento sinto, uma emoção nova, sendo que talvez nem seja um sentimento, mas sim algo inventado, ou simplesmente uma mistura de sentimentos velhos, que se tornaram uma loucura misturada de todos os sentimentos. Como se fosse uma equação complexa de matemática, na soma de rancor mas ódio, dividido por adrenalina, vezes medo ao quadrado. A raiva sobe e irradia em meu corpo, ardendo em pulsando em minhas veias, como se meu corpo estivesse a queimar pelo pior fogo, que pudesse existir. O fogo da perda. Prometi que não ia me queimar mais nesse fogo. Mais não podemos prever o futuro.

Mesmo que o futuro seja inevitável.

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⏰ Última atualização: Nov 14, 2018 ⏰

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