Capítulo 7 - Os Bradley

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Northern City 1969.

 Um Ford Galaxie 1967 de cores vermelho e branco estaciona frente a uma grande mansão. Quatro pessoas descem do veículo e observam a casa por alguns segundos antes de atravessar os portões. Entre eles está Raymond Bradley, com 13 anos de idade. O membro mais velho da família é seu avô, Roman Bradley, um arqueólogo que há pouco voltara de uma escavação das ruínas da antiga Sodoma. Romam traz consigo uma bolsa, e a segura com força.
Ao entrarem na casa a família começa a desfazer as malas.
Roman sobe as escadas e entra em um dos quartos, que ele escolhera para ser seu.
Na parede, ao pé da cama há um cofre. Roman o abre e em seguida retira da bolsa um livro velho de capa de couro preto e sem título.
Ele guarda o livro no cofre e se retira do quarto. 
Ao descer as escadas, Roman escuta uma voz de criança. 

 — Por quê? Porque temos que morar nesse lugar? — Era Raymond, chateado por ter que abandonar a cidade onde nascera e mudar as pressas.
 — Por favor, Ray, entenda! Nós não podemos mais voltar — falou o pai, Robert Bradley, na tentativa de acalmar o filho.
 — Não gosto deste lugar!
 — Mas deveria. Afinal foi nossa família que ajudou a fundar esta cidade. Além do mais essa casa pertenceu a nossa família. Seu avô nasceu aqui, e eu vivi minha infância nesta casa. 

 Mesmo tentando os argumentos de Robert não surtiram efeito. 

 — Não me importa, eu não quero ficar aqui! — responde Raymond que sobe correndo as escadas.
 — Eu sinto muito por isso — diz Roman, sentindo se culpado pela tristeza do neto.
 — Não se preocupe. Cedo ou tarde ele vai entender. — Quem se pronuncia é Lydia, a mãe de Raymond. De cabelos curtos e loiros, ela tinha em aparecia que transmitia calma. E um jeito calmo de falar. 
— Vamos deixá-lo em paz, ele está exausto por causa da viagem. 

Robert apenas concorda, sendo observado pelos olhos verdes da esposa que sorri e depois o abraça.

Raymond passou o resto do dia trancado no quarto. Só abriu quando a mãe bateu na porta para oferecer-lhe o jantar. Após a refeição que aconteceu dentro do quarto, mãe e filho tem uma longa conversa. Raymond era muito jovem e não entendia o porquê da família se mudar para outra cidade. 

Com o passar dos meses, Raymond acostumou-se a viver na casa que pertenceu a seus antigos parentes. Acostumou-se também, a viver na pequena e pacata Northern City.
Seu pai, Robert, trabalhava como médico. E sua mãe Lydia, como advogada.
Os Bradley vinham de uma linhagem nobre, mas no século XX isso não importava.  Eles eram apenas pessoas comuns entre tantas outras. Mesmo assim, eram vistos de formas diferentes pelos outros moradores da cidade. Muitos os respeitavam e admiravam por possuírem parentesco com uma das famílias que fundou a cidade. Outros olhavam com medo e desprezo. Pois, suspeitavam de que a família faria surgir na cidade um grande mal. E no ano de 1971, essa suspeita tornou-se realidade.

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