Capítulo 28 - Aliança Entre Inimigos

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O demônio Mamom continua no Purgatório. O ferimento em seu peito infligido por Raymond se regenerou. Ele caminha pela floresta sombria em busca de mais almas corrompidas para consumir.
Para aqueles que estão presos neste lugar, à única opção é fugir para sobreviver, porém poucos conseguem. Quanto mais almas ele consome, mais poderoso Mamom se torna. Ele avista a sua frente um homem, que desesperado tenta fugir. Mas o demônio é mais rápido e o alcança facilmente. Ele o agarra pelo pescoço e o consome. Em seguida outro homem aparentando quarenta e tantos se aproxima. Usando roupas comuns. Calça de cor cinza e uma jaqueta de couro preta. Seus cabelos e barba são grisalhos e assim como a maioria dos demônios inferiores escondia sua verdadeira forma. Ele para em frente a Mamom e se prostra diante dele.

— Meu senhor — ele diz com tom de respeito. — Parece que Astaroth falhou em sua missão de capturar a alma de Alex Carter.
— Os decadentes são realmente patéticos, você não concorda, Balberith? — diz Mamom com um ar arrogante. — Mas isso não importa. O importante é que Lúcifer use o Livro de Cronnos. Dessa forma, eu terei incontáveis almas para devorar. E então, Lúcifer ou qualquer um dos decadentes não serão pareôs para mim.
— Mas não podemos esquecer que os Sete Decadentes não são nossa única ameaça. Anjos e os membros da Organização Cronnos ainda estarão em nosso caminho, mesmo quando tomarmos o controle do inferno.
— Diferente de Lúcifer eu não me importo com os anjos. Meu único objetivo é derrotá-lo e me tornar o Rei do Inferno. Serei tão poderoso que nem mesmo os Sete Arcanjos serão capazes de me enfrentar
— Mas e quanto àquela organização? — pergunta o Balberith ainda preocupado. — Seus membros têm enfrentado e derrotado muitos demônios. Mesmo sendo humanos não podemos subestimá-los.
— Não se preocupe com isso — diz Mamom com uma expressão confiante. — Eu mesmo destruirei aquela organização. Com apenas um golpe derrubarei o pilar que a sustenta. Isso será o suficiente para tirá-la do nosso caminho. Agora vá — ele diz fazendo um gesto com o braço direito. — Tenho assuntos a tratar com algumas pessoas.
— Sim senhor — responde o demônio antes de desaparecer.

Após Balberith se retirar, Mamom sente a presença de quatro seres adentrando o Purgatório. Em poucos segundos quatro homens montados a cavalo se aproximam do demônio. Eles param diante de Mamom.

— Como é bom revê-los, meus nobres cavaleiros! — ele diz de forma cordial, porém irônica.
— Não temos tempo para suas piadas, demônio — diz o Cavaleiro da Morte, o encarando seriamente do alto de seu cavalo. — Onde está o Livro de Cronnos?
— Não está com vocês? — ele pergunta ainda de forma irônica. — Ah, sim, vocês tentaram por suas mãos no livro, mas fracassaram. Você — ele diz apontando para Guerra — levou uma surra de Uriel. E você — ele aponta para o Cavaleiro Branco — derrotou facilmente dois arcanjos, mas foi vencido por Miguel. Mas que vergonha — ele diz balançando a cabeça com uma expressão de deboche.
— Não nos provoque demônio — diz Guerra, apontando a espada contra o pescoço de Mamom. — O braço direito antes decepado por Uriel, fora regenerado.
— Você sabe muito bem porque nos aliamos a você — diz o Cavaleiro Branco com a voz calma, porém ameaçadora. — Mas você fracassou ao corromper a alma de Gina Zanetakos. Ela foi morta, antes mesmo que pudesse cumprir seu objetivo. Você consumiu a alma dela, mas o que nós ganhamos com isso?
— Você se apega demais ao seu desejo de destruir Lúcifer e dominar o inferno e se esquece de nosso acordo — diz o Cavaleiro da Fome. — Corrompa a alma dos homens para que sejam acometidos por uma imensa sede de poder e então iniciem guerras com o proposito de dominar o mundo. Isso é necessário para aumentar nosso domínio e influência sobre a humanidade. Ou será que você se esqueceu?
— Talvez devêssemos lembrá-lo de outros de seus fracassos — diz o Cavaleiro Branco. — Xerxes,  Napoleão Bonaparte, Adolf Hitler e muitos outros. Você corrompeu suas almas, mas todos fracassaram. E agora temos Gina Zanetakos o maior de todos.

A expressão de deboche de Mamom se transforma em uma carranca de fúria.

— Então por que vocês não degeneram as almas dos homens — ele diz com voz e olhar sério. — Você — ele diz apontando para o Cavaleiro Branco. — É chamado de o Anticristo, o Falso Profeta. Você pode muito bem despertar o mal no coração da humanidade. Então por que precisam de mim?
— Eu sou diferente de você — responde o cavaleiro. — Aqueles que forem degenerados por mim, não iniciaram guerras para satisfazer seus próprios desejos. Eles mataram e morreram em meu nome. Mas para isso precisamos do livro. Somente assim este mundo poderá ser dominado por nós, Os Quatro Cavaleiros.
— Muito bem — diz o demônio com uma expressão mais amena. — Eu recuperarei o Livro de Cronnos e o entregarei a vocês.
— Faça isso rápido — diz o Cavaleiro Branco. — Pois você será recompensado com muitas almas.

Os Quatro Cavaleiros desaparecem. Mamom permanece estático, pensando em uma maneira de obter o Livro de Cronnos. Mas por ora, esta não é sua prioridade. Ele continua imerso e não percebe que ao longe, alguém, escondido nas sombras o vigia.

Cronnos Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora