Capítulo 29 - O Início do Fim

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Mamom está de volta ao inferno, de volta ao Círculo da Ganância. Ele caminha em direção à saída do templo e mais uma vez observa topo da Colina Escarlate. Mas desta vez, seu olhar não era de ódio, mas de vitória. Perdido em seus pensamentos o demônio não percebe alguém se aproximando.

— Por que olha tanto para a Colina Escarlate? — pergunta o recém-chegado. — Por acaso está tramando algo contra nós?

Mamom reconhece aquela voz, mas não se intimida. Ele se vira e olha para aquele que o provoca. Azazel, um dos Sete Decadentes.

— De jeito nenhum meu senhor — ele diz de forma bajuladora e cordial. — Estava apenas admirando o pico da montanha, pois estou feliz pelo retorno de nosso senhor.
— Relaxa eu só estava brincando — responde o decadente de forma amigável.

Embora conspiri contra os decadentes, Mamom ainda não possui poder suficiente para enfrentá-los, por isso os tratava sempre de forma respeitosa.

— O que deseja meu senhor? — ele diz curvando-se para o decadente.
— Vim convocá-lo para algo de estrema importância — responde  Azazel — Lúcifer exige a presença dos Seis Generais no topo da Colina Escarlate. Algo muito importante está para acontecer.


No alto da colina, Lúcifer e os outros decadentes estão reunidos, esperando a chegada dos Seis Generais do Inferno. E aos poucos eles vão surgindo. O primeiro é Focalor, o demônio de pele vermelha, com faixas pretas traçadas no copo e rosto. O segundo é Baal, um demônio de pele cinza, rosto monstruosos, dentes pontiagudos e dois grandes chifres negros. Ele vem acompanhado de Zepar. Este é alto e magro, os cabelos são castanhos e vestisse com uma longa túnica branca. Suas asas brancas estão depenadas com alguns ossos expostos. Em seguida surgem mais dois demônios. Lâmia, uma mulher de cabelos longos e pretos. Os olhos eram vermelhos e deles escorriam lágrimas de sangue e seu corpo magro é protegido por uma armadura cinza. Acompanhando-a, estava Moloch, um demônio com mais de três metros de corpo cinza escuro e extremamente musculoso. Dois grandes chifres e alguns espinhos brotavam de suas costas.
O último a chegar ao alto da colina é Mamom. Os Seis Generais do Inferno estão finalmente reunidos.

— Mas o que é isso? — pergunta Lâmia ao ver Maycon preso ao obelisco.
— O mais importante — diz Moloch — é sabermos por que estamos aqui.
— Vocês em breve vão descobrir — diz Azazel, surgindo entre os generais e acompanhado dos outros decadentes. — Algo fascinante está para acontecer! — ele diz com um sorriso estampado no rosto. — Não vão se arrepender. — Ele continua enquanto o vento soprava fazendo oscilar sua camisa cinza.

Prostrados diante da presença dos decadentes, os generais não questionam. Apenas aguardam em silêncio.

— Você fala de mais Azazel — diz Leviatã, com sua pose orgulhosa e sua majestosa armadura negra.
— Ora irmão, um pouco de suspense nunca é de mais.
— Você não tem respeito — responde Leviatã com um olhar sério. — Nem mesmo na frente de nosso senhor.
— O que eu não respeito, irmão, é um idiota pomposo igual a você.

Ao fundo, entre os dois obeliscos, Lúcifer observa calmamente aquela cena.

— Já chega — diz Alastair com a voz seria. — Acalmem-se você dois.
— Não aguento mais esperar — diz o ansioso Azazel. Mas antes que pudesse continuar, é interrompido por Lúcifer.
— Bom. Sua espera acabou.

Todos olham para o lado e veem três figuras surgindo no topo da colina. São eles, Lilith, Astaroth e Asmodeus, que carrega consigo o Livro de Cronnos. Já Astaroth está ferido.
Lúcifer pergunta o que houve e o decadente apoiado sobre o joelhos direto pede desculpas por ter falhado em sua missão.
Lúcifer responde que isso não é um problema, enquanto Asmodeus lhe entrega o livro. 
Alastair encara Astaroth e então o recrimina por ter falhado. Ainda de joelhos e se lamentando ele jura derrotar o Arcanjo Rafael.
Lúcifer olha para Lilith e pergunta se ela tem algo a dizer. Ela responde que não a com que se preocupar, pois nenhuma ameaça é grande o bastante para detê-lo. Ao mesmo tempo ela encara Mamom que está a sua frente.
A Estrela da Manhã está em pé entre os dois obeliscos. Lúcifer coloca o livro sobre uma espécie de púlpito de pedra e o abre. Todos estão reunidos esperando o grande momento. Ele começa a ler as palavras escritas no livro e ao terminar nada acontece. Os generais se olham com um ar confuso, mas os decadentes permanecem imóveis, pois sabiam que tudo havia dado certo. De repente um forte tremor é sentido e uma poderosa energia se dispersa pelo espaço.

— Está feito — diz Lúcifer com uma expressão de orgulho e satisfação. — O muro que separava o Jardim do Éden do Purgatório foi finalmente derrubado. Agora, qualquer alma estará sobre nosso poder. Poderemos andar livremente até mesmo pelo Éden. E então corromper as almas que lá viviam. E o mais importante. — Lúcifer olha para o alto e observa um pequeno ponto brilhante no espaço. A passagem para o Reino Celeste logo se abrirá.

Lúcifer dispensa os generais e pede para que eles aguardem novas ordens. Eles se retiram. Antes de deixar a colina, Mamom olha para trás pela última vez. Tudo estava saindo conforme seus planos.

— Agora, daremos início ao nosso segundo plano — Azazel! — Lúcifer chama pelo decadente que então se aproxima.
— O que deseja meu senhor? — ele pergunta curvando se levemente.
— Eu tenho uma missão para você — ele diz com um olhar sério.






De volta ao Círculo da Ganância, Mamom se reúne com seus subordinados. Um grupo de sete demônios que o segue desde o dia que iniciou seu plano de dominar o inferno.

— E agora? — pergunta Mephistos. Um demônio de pele pálida, corpo magro e cabelos negros e olhos  vermelhos. — O que faremos senhor?

— Tudo está saindo como planejei — responde Mamom com um ar de satisfação. — Com a queda do muro que separava o Éden e Purgatório, eu terei uma quantidade ainda maior de almas para devorar. As almas puras do Éden parecem deliciosas! — Ele diz expressando um sorriso sinistro. — Onde está Balberith? — ele pergunta em seguida olhando para os lados.

De repente o braço direito de Mamom surge das sombras com sua impecável jaqueta de couro preta.

— Desculpe-me a demora meu senhor — diz Balberith curvando-se levemente.
— Muito bem. Já ficamos tempo demais aqui. Estamos nos domínios de Lúcifer e precisamos de um lugar seguro para dar continuidade ao nosso plano.
— E como encontraremos um local seguro? — pergunta Algol. Um demônio com corpo magro, pele negra e careca. Seus olhos são grandes e brancos e ele vesti uma batina negra. — Agora que o muro que separava os dois mundos foi derrubado, não poderemos mais nos esconder no Purgatório.
— Isso não será problema — responde Mamom.

Ele então cria uma passagem e junto de seus seguidores a atravessa. 
A alguns metros de distância, alguém os observa escondido atrás das rochas.

No Círculo da Heresia, o General do Inferno Focalor percebe que Lilith entra em seus templo.

— Preciso de sua ajuda — ela diz para o general.





Gabriel está de volta ao Palácio Celestial. Ferido e quase sem forças ele pede desculpas por ter falhado enquanto é amparado por Ezequiel.  No topo da mais alta torre, os arcanjos observam um brilho no céu, como uma pequena fenda que se abre lentamente. De repente outro arcanjo se aproxima.

— Quer dizer que eles estão vindo — diz o arcanjo com um ar de desânimo.
— Sim — responde Ezequiel ao reconhecer a voz de Samuel. — Em breve eles estarão aqui.
— Cara, isso vai ser um saco — responde Samuel enquanto suspira e coça a cabeça.

Cronnos Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora