Capítulo 50 - Miguel contra Lúcifer

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As chamas que consumiam a mansão Bradley se apagam. Abraham ignora Azazel que está a sua frente, e observa o que restou da casa. As paredes e madeiras que a sustentavam agora estão negras, caindo aos pedaços. Abraham permanece em silêncio por um instante.

— Raymond Bradley — diz o decadente. — Era realmente um homem astuto. Enganou seus amigos e inimigos. Enganou até mesmo a mim. E se sacrificou por uma causa. É por isso que vocês humanos são tão interessantes.

Azazel olha para o revolver Colt na mão de Abraham.

— É difícil acreditar que você tenha derrotado Mamon com essa arma — diz o decadente — Como conseguiu?
— Eu não conheço a origem dessa arma — diz Abraham olhando para a mesma. — O que eu sei é que ela não apenas tira avida de uma pessoa, mas também destrói sua alma. E como almas são pura energia, isso gera uma explosão. É um instrumento horrível. Por isso Raymond sempre a manteve escondida.

Enquanto eles conversavam, Abraham sente uma mão tocar seu ombro. Ao olhar para trás ele é atingido por um soco. O golpe o atinge em cheio e ao virar-se para frente com sangue escorrendo do nariz ele percebe que Olivia o encara. Ofegante de raiva ela olhava para ele com os olhos cheios de lágrimas.

— Por que não nos contou a verdade sobre o sacrifício dele.
— Isso mudaria alguma coisa? — ele diz com um olhar de tristeza. Eu sinto muito por isso — diz Abraham olhando fixamente nos olhos de Olivia.
— E agora? — pergunta Dean. O que será de nós? O que será desta organização? 

Antes que alguém pudesse responder, um forte tremor é sentido.

— O que está acontecendo — pergunta Alex, se equilibrando para não cair.
— Finalmente — diz Azazel enquanto olha para o céu. — Lúcifer está diante de Miguel. A última batalha vai começar!




No Santuário da Consagração, Lúcifer permanece flutuando a alguns metros acima do solo. Ele olha para baixo e vê Miguel  em frente ao templo. O arcanjo olha para cima e acompanha Lúcifer descer lentamente até o chão.
A alguns metros de distância os dois se olham por um breve momento.
Dentro do Templo da Consagração, Metatron continua sentado, meditando e observando as batalhas que ocorrem no paraíso. Lúcifer da o primeiro passo na direção do irmão e Miguel faz o mesmo. Os dois param de andar, ficando mais próximos. Assim como o irmão, Miguel não tira os olhos de Lúcifer, nem por um instante.

— Já faz muito tempo não é mesmo? — diz Lúcifer. — Acredita que este dia finalmente chegou?
— Sim. Finalmente tudo vai acabar.
— Eu estive pensando, precisamos mesmo fazer isso?
— O que quer dizer? — pergunta Miguel com um olhar desconfiado.
— Por que temos que lutar? — A expressão de Lúcifer é de tristeza.
— Você sabe a resposta. 
— Eu tentei abrir seus olhos, Miguel. Tentei abrir os olhos de Nosso Pai para o erro que Ele estava cometendo ao dar vida aquelas criaturas inferiores. Então me diga irmão, porque devo me curvar aos humanos?
— Sua mente está deturpada, Lúcifer. Não devemos nos curvar aos humanos e sim guiá-los. Mas o seu orgulho te impediu de fazer isso. Seria tão simples se os deixasse em paz.
— Não posso aceitar isso. — Eu devo destruir o erro chamado humanidade. Desde o inicio eu estive ao lado de Yahweh. Eu sempre O amei e O venerei. Como eu poderia abandoná-Lo para guiar e servir aos ínfimos humanos. 
— Sua sede de poder te deixou cego. Você usa a humanidade como pretexto para cumprir seu verdadeiro objetivo. Você diz amar a Deus, mas sempre desejou tomar seu lugar. E quando Ele criou os humanos você manipulou muitos anjos, fazendo-os acreditar que eles eram uma ameaça para nossa existência. A criação da humanidade mostrou quem você é de verdade. — Miguel olha para o irmão com desprezo.
— Meu irmão por favor entenda...
— Chega dessa conversa — diz Miguel tocando o cabo da espada em sua cintura. 

Lentamente, o arcanjo retira a espada da bainha. De cabo branco e guarda dourada. A lâmina prateada, levemente curva, extensa e estreita.

— Você se lembra dela, não é mesmo? — diz Miguel exibindo a espada para o irmão. — A espada que o selou no Grande Abismo. Mas agora irei usá-la para acabar com sua vida.

Lúcifer olha para a espada de Miguel com desprezo. Ele estende seu braço direito, conjurando uma espada semelhante a de seu irmão. Porem a lâmina desta é negra assim como o cabo e a guarda. 

—Você não me deixa escolha, — diz Lúcifer se preparando para a batalha — então eu o matarei, Miguel. Os irmão se encaram por alguns segundos, até que finalmente partem para o ataque. 

Quando as lâminas dos dois guerreiros se chocam uma explosão de energia acontece fazendo todo o santuário estremecer.





— Finalmente começou! — diz Gabriel com um sorriso desafiador, enquanto encara Asmodeus.






Com extraordinária força e velocidade, Lúcifer e Miguel se enfrentam com todo o poder. A cada impacto de suas espadas, ondas de choque e energia se espalhavam pelo santuário, destruindo as montanhas ao redor.
Miguel percebe a lâmina de Lúcifer se aproximando e levanta sua espada para se defender. O impacto faz com que o arcanjo seja arremessado para trás. Seus pés se arrastam no chão por alguns metros. Ao conseguir parar, Miguel observa Lúcifer com o braço estendido para frente, empunhando sua espada com a lâmina voltada para baixo.

— Olhe para minha espada, Miguel.

A espada de lâmina negra e brilhante reflete-se nos olhos azuis de Miguel.

— Santuário da Alvorada. Devaneio.

Um forte brilho ofusca os olhos de Miguel. De repente o arcanjo se vê frente ao Palácio Celeste. No topo da fortaleza está Gabriel, que sorri para o irmão. Miguel percebe que não há inimigos atacando o Reino Celeste.
Todos os anjos estão bem. Ezequiel e Yofiel estão vivos. 
Teria a batalha entre Lúcifer e seus seguidores sido um sonho?

No Santuário da Consagração, o corpo de Miguel está paralisado. Ele ainda empunha a espada, mas seus olhos perderam o brilho.

— A partir de agora — diz Lúcifer — você vivera no Santuário da Alvorada. Vivera em paz ao lado e nossos irmãos por toda a eternidade. — Enquanto se pronuncia, Lúcifer se aproxima de Miguel, observando seus olhos sem vida. — E eu governarei o Reino Celeste. Vê, irmão como sou benevolente? Eu lhe dei um destino muito melhor do que aquele que foi imposto a mim.

No falso Reino Celeste, Miguel continua observando os anjos e tudo ao seu redor. Era realmente possível viver naquele lugar. Pra sempre. Mas o arcanjo tem um dever a cumprir.

— É realmente um belo lugar, mas não posso ficar aqui.

Lúcifer da às acostas ao corpo sem vida de Miguel e caminha na direção do templo onde está Metatron.
De repente a espada empunhada por Miguel desaparece.
Lúcifer sente um imenso poder. Ele apenas sorri ao perceber que incontáveis espadas, feitas de pura energia surgem ao seu redor, cravadas no solo e flutuando sobre o céu do santuário.
O brilho retorna aos olhos de Miguel. O arcanjo está pronto para o contra ataque.

Cronnos Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora