Capítulo 6

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O resto da noite passou sem mais sonhos, ou no meu caso, sem mais lembranças. Eu estaria mentindo se afirmasse que a presença do príncipe não ajudara nisso. Já devia fazer um bom tempo desde que nós acordamos, e eu ainda não conseguira parar de pensar naquele beijo.

O problema estava justamente em saber se ele já havia conseguido parar ou não.

Sem ter como fazer isso sem perguntar, resolvi guardar tudo para mim e não comentar nada. Afinal de contas, por mais que o momento tivesse sido maravilhoso, eu não conseguia transpor minhas inseguranças para pensar na Seleção como um futuro possível. Nem mesmo ao relembrar a última coisa que Osten me disse antes de adormecer.

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Era impressionante o número de suprimentos que aquele abrigo comportava. De comida à mudas de roupa e objetos de higiene pessoal.

Osten estava se trocando no banheiro, e eu, que já havia feito isso antes dele, o esperava para podermos comer. Apesar de ainda tratá-lo como príncipe Osten ou Alteza quando conversávamos, nos meus pensamentos eu passei a referir-me a ele muitas vezes usando apenas o seu primeiro nome. Uma parte minha não aprovou essa "suspensão de formalidade", mas eu simplesmente a ignorei.

— Estou pronto. — Osten falou, fazendo-me virar na direção da porta do banheiro e paralisar.

As roupas do abrigo eram bem simples, calças e camisetas que serviam para os dois sexos. Em mim elas ficaram um pouco grandes, mas em Osten delineavam o corpo com perfeição. E como se isso não bastasse, os braços dele pareciam ter sido feitos pelo mais talentoso escultor que já viveu. Eu poderia passar o dia inteiro assim, olhando para ele.

— O que aconteceu? — Osten perguntou, tirando-me do meu devaneio ao se aproximar de mim.

Corando, baixei a cabeça. — Nada, eu só estava pensando em como esse abrigo tem tantos "luxos". — Menti. — Quer dizer, aqui não era um local para pequenas passagens de tempo?

Ele sorriu, sentando-se à minha frente. — Sim, você está certa. Mas depois que os meus avós paternos morreram num ataque rebelde, o meu pai ficou tão preocupado com a segurança da minha mãe que reformou rapidamente todos os abrigos, projetando-os para que pudessem oferecer estadias maiores. Ele mandou construir banheiros e adicionou alguns itens à lista de suprimentos obrigatória. E desde então, os manteve intactos e abastecidos, até mesmo depois do fim das ameaças de morte. Acho que a minha irmã faz o mesmo por tradição.

— Isso explica tudo — Ouvi o estômago dele roncar e ri. — E o que temos para comer, Alteza?

Ele me olhou envergonhado mas seus olhos entregaram o seu divertimento. Rapidamente, o príncipe começou a tirar os alimentos de uma das cestas de refeição. Quando ele acabou o trabalho, nós nos vimos rodeados por uma garrafa de suco integral, muitas frutas secas, barras de cereais e dois pequenos potes de mel.

— Sinto muito que sua segunda refeição no palácio seja essa. — Osten falou, como se precisasse se desculpar, enquanto pegava um dos potes de mel para abri-lo.

Dei de ombros. — Não tem problema, eu não estou acostumada a extravagâncias de qualquer forma. Ontem mesmo eu obriguei as minhas criadas a comerem comigo e mesmo assim quase não conseguimos dar conta de tudo.

— Você comeu com as suas criadas no quarto? — Ele perguntou, fitando-me surpreso.

— Eu não podia? — Questionei de volta, confusa.

— Não é isso, é que poucas pessoas dividiriam sua refeição com uma criada. Vai contra a etiqueta. Eu, por exemplo, só imagino a minha mãe fazendo isso, e só porque já a vi fazendo de verdade.

A PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora