A Princesa

Capítulo 26

Minhas criadas passaram o dia inteiro preocupadas comigo. Depois de ontem, elas começaram a achar que eu pudesse vomitar novamente a qualquer hora. O que era impossível, já que eu tivera forças apenas para levantar e fazer as provas do vestido, e havia pulado todas as refeições.

Minha noite também não fora fácil. Em uma das várias vezes que eu despertara durante ela, eu tentara refletir sobre o que o acontecera.

O caso não era mais eu confiar ou não em Osten, era eu ter algo para confiar. Não houvera promessas entre nós. Ele não me pedira em namoro, noivado ou nada disso. Nós havíamos apenas passado alguns momentos juntos.

E pelo visto eu não fora a única com quem ele havia feito isso.

Pensar nesse fato era como pegar uma estaca e cravar diretamente em meu peito. Pensar no que Leanna estava fazendo no quarto dele ontem à noite então, era como levar um tiro. Rápido, doloroso e às vezes mortal.

Cheguei à conclusão de que eu não suportaria vê-lo escolher outra garota. E por isso eu havia toma uma decisão.

Eu iria sair da Seleção. E iria contar a Osten no baile de hoje à noite.

— Senhorita Alice, está tudo bem?

— Não muito, Mary, mas vai ficar.

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— Alice, você está maravilhosa! — Leah olhou meu vestido de cima a baixo.

— Obrigada, você também está deslumbrante. — Falei automaticamente. Na verdade, eu não estava prestando atenção em nada naquela noite.

Leah arqueou uma sobrancelha.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. — Menti.

— Sei... — Ela me olhou desconfiada. — você me contaria se tivesse acontecido algo, não contaria?

— Claro que sim!

Leah não pareceu convencida, mas a rainha Eadlyn nos interrompeu antes que ela me forçasse a contar à verdade.

— Senhorita Alice, posso falar com a senhorita um momento?

— Certamente, Majestade.

Eu me despedi de Leah e comecei a circular pelo salão de festas ao lado da rainha.

— O baile está impecável. — Disse, tentando parecer animada.

Eu deveria ser uma péssima atriz, porque a monarca se virou para mim assim que ouviu o meu comentário.

— Obrigada... eu acho. — Ela franziu as sobrancelhas. — Pelo modo como a senhorita falou, eu não sei se foi um elogio ou uma constatação descontente.

— Foi um elogio, sem sombra de dúvidas.

— Certo... — Era óbvio que ela não havia se convencido, mas pelo menos ela deixou o assunto de lado. — Bem, eu queria lhe agradecer.

— Pelo quê? — Perguntei confusa.

— Pela ideia.

— Que ideia? — Meu raciocínio estava lento, pois aquele definitivamente não era um dos meus melhores dias.

A rainha me olhou de olhos arregalados.

— A ideia do baile, senhorita Alice. Meus pais concordaram em voltar para a Nova Ásia amanhã se tudo correr bem.

— Oh sim, certo.

A monarca pôs uma mão no meu ombro.

— Senhorita Alice, está tudo bem?