12° Capítulo - Matthew

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" Você tem de se perguntar, qual longe está disposto ir?"

É incrível como amizades verdadeiras nunca acabam, amizades verdadeiras sempre voltam, mesmo que da forma mais estranha. No meu caso precisei vencer meu orgulho e me vestir de batata frita, sem falar que precisei dançar também. Mas valeu a pena. Com certeza eu faria de novo, e de novo e de novo, quantas vezes fossem necessárias.

Megan e Chloe estavam deitadas na grama conversando sozinhas, Scott e eu resolvemos dar um tempo para elas ficarem a sós afim de esclarecerem umas coisas.

(...)

- Sinto que ainda estou te devendo algo pelo jeito que te tratei quando estava revoltado. - Disse a Scott enquanto caminhávamos pelo longo quarteirão de Megan.

- Já disse que você não me deve nada. Na verdade eu só tenho a agradecer por te conhecido você e suas amigas, são as melhores pessoas dessa cidade. - Ele coloca as mãos nos bolsos do moletom e dá um leve sorriso envergonhado.

- Eu que só tenho a agradecer, você me ajudou muito. - Sorrio e dou um soquinho no braço dele. - Podemos ir ao parque de diversões? só vou deixar de me sentir culpado se te mostrar aquele lugar. É fascinante.

- Hum, não sei. - Scott ficou sério e começou a encarar o céu.

- Não sabe se está afim de ir? - pergunto, agora preocupado.

- Estou vendo que está querendo ir longe com esse lance de desculpas, então vamos ver até onde isso vai. Quero ver o quanto você pode me convencer a te desculpar. - Ele me dá um soquinho no braço, mostra a língua e acelera o passo para andar na frente, simulando estar bravo. - Vamos, você tem até meia noite para eu te desculpar!

- Então que o jogo comece, gato! - Agora precisarei de fato me esforçar.

Felizmente o parque nunca está cheio no meio da semana, menos ainda a esta hora. Eu vinha nesse parque quando tinha 10 anos, com meu pai e Megan. Não está tão diferente de quando me lembro, a não ser pela roda gigante que colocaram. Era extremamente alta, mas muito alta mesmo. Eu não tinha medo de altura, mas cara, encarar aquele brinquedo seria um desafio. O parque era repleto de barracas com prêmios, brinquedos eletrônicos e tudo mais.

- Eu gosto de ursos fofos, isso com certeza me animaria. Naquela barraca tem um panda lilás que está me encarando de uma forma tão amorzinho. Quero ele. - Scott aponta para a barraca branca ao lado do carrinho de pipoca.

- Seria mais fácil inaugurar uma empresa de confecção e costurar um urso eu mesmo. - Digo depois de perceber que o objetivo era atirar nos patos de plastico com uma espingarda falsa. - Me deseje sorte, vou precisar muito. Cheguei no balcão, paguei a tentativa e peguei a espingarda.

Mesmo de costas percebi que ele ria atrás de mim, eu mal sabia segurar a espingarda. Dei o primeiro tiro e errei. Errei feio. A criança que estava ao meu lado soltou uma gargalhada. Eu preciso ganhar esse urso - pensei.

O segundo tiro foi melhor que ou primeiro, porém ainda havia errado. Me arrependo profundamente de não ter jogado vídeo-game na infância. Era meu ultimo tiro, eu precisava acertar, não mais pelo panda lilás ou por mim, mas por Scott e também para esfregar na cara do garotinho nojento que estava torcendo para eu errar.

Respirei fundo. Fixei os olhos no maldito pato que se movimentava. Segurei firme a arma. O garoto agora me encarava de forma provocadora, esboçando um sorriso de deboche. Seria agora ou nunca.

Conto mentalmente: Um, Dois... Antes de chegar no Três Scott se posiciona atrás de mim, colando seu corpo no meu. Eu não olho para trás pois estou corado e surpreso ao mesmo tempo. O rosto dele está ao lado do meu, seus braços estão na mesma posição dos meus, suas mãos seguram as minhas. Posso sentir seu hálito. Ele olha para mim e sorri, em seguida aperta minha mão fazendo eu puxar o gatilho. Pronto, ganhamos um panda lilás. Quando ele percebe que ganhamos o urso ele me solta e esboça um enorme sorriso. Eu o abraço forte e ele retribui. Enquanto o abraço, me viro um pouco e lanço um olhar de "dorme com essa, garotinho de merda" ao garoto, que agora está saindo de fininho.

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