Capítulo 3

114 2 0
                                    

Olhei não conseguindo enxergar muito bem o rosto, depois de várias piscadas e vários beliscões no meu braço em imaginário, vi o loiro que eu acabava de ter visto em meu pesadelo de pé, olhando pra mim, e eu não sabia se dava um tapa na cara dele ou o-abraçava. Ele era ridiculamente bonito demais para ser verdade, e muito mais bonito pessoalmente.Engoli a seco, os breves segundos antes de respondê-lo pareciam horas, a cara dele de sono e um olhar meio vazio, cansado, eu queria gritar mas fiz o mais improvável: Amarrei a cara e respondi seca:

-A vontade.

Ele se sentou meio jogado no sofá ao lado e começou a mexer no celular, olhei de lado tentando não encontrar meu olhar no dele. Abri um jogo qualquer no celular e comecei a jogar sem prestar muita atenção no que eu estava fazendo. Minha língua tremia dentro da boca e eu estava começando a suar, meu rosto queimava e eu não conseguia mais segurar o celular com tanta firmeza. Meus sinais vitais estavam caindo, eu não conseguia raciocinar direito. Talvez essa fosse a única chance de falar com ele e eu estava desperdiçando. Eu encarava ele e quando ele olhava na minha direção, fingia que eu estava olhando para outro lugar. Comecei a chacoalhar a perna, isso funciona muito bem em dias de estresse normais, porém não ajudou nada. Só o fez perceber o meu nervosismo. E então ele quebrou o silêncio:

-Hospedada aqui muito tempo?

Por que diabos ele me perguntou isso? Poderia me perguntar se eu estava passando mal ou precisava de ajuda, ou se eu queria ver as estrelas lá fora ou dar um trago em um beck. Mas não, ele me perguntou se eu estou hospedada e o pior de tudo é que eu não sei se falo se eu trabalho aqui ou me passo por hóspede. Respirei fundo, fingi que não ouvi. Olhei pro teto e a única coisa que meu corpo gritava era por oxigênio e pelo corpo daquele homem. Eu ia desmaiar quando respirei fundo e disse.

-Me hospedei hoje, assuntos de trabalho. - fingi que não dei importância e voltei a mexer no celular.

Ele notou o meu nervosismo e insistiu em conversar: 

-Problemas para dormir? - ele agora deixou o celular de lado e olhou para mim.

-Sempre. - Eu não conseguia olhar para a cara dele, então fiz uma menção para me levantar. -Mas vou tentar porque amanhã vai ser um dia cheio...

Terminei de me levantar e fui andando em direção ao Lobby, minha língua e minhas pernas tremiam tanto, que era impossível me despedir, ele falou algo, mas não conseguir ouvir, meu corpo deu pane perto dele, eu fiquei completamente fora de mim. Ao entrar no elevador respirei fundo, quase ajoelhei em meio de tanto alívio. Como seria um alívio ficar longe da pessoa que mais amamos? Não consegui entender a reação do meu corpo naquele momento. 

**

De manhã, depois de ter dormido umas 3 horas, acordei com uma vontade louca de fazer tudo diferente. Eu não menti, me hospedar aqui foi necessário para o meu trabalho. Mas ele não precisava saber tantos detalhes da minha vida. Mas até parece que ele queria saber, só queria ser gentil com uma menina que estava quase desmaiando. Ele não podia me reconhecer com um uniforme.

Ao me ver, Caio foi logo me dando a lista do que deveria conter no quarto dos meninos e da equipe. E que eles teriam saído para duas entrevistas e voltariam só mais tarde. Hesitei em subir para aquele lugar que me causava tantas coisas estranhas ao meu corpo, mas não teve jeito, ou eu ia, ou eu estaria na rua: Gente com grana não facilita quando o assunto é limpeza e prestação de serviços. 

Após tomar o meu café, entrei em colapso quando apertei o botão do décimo segundo andar, como esse elevador pode ser tão quente e sem ar? 

Saí do elevador cambaleando com o meu carrinho de produtos de limpeza, andei slenciosamente com a ajuda do piso em carpete o que me faz não ser vista por quase ninguém.

Comecei com os quartos da equipe, que seria menos perigoso para mim. Mas quando terminei, reparei que, quanto mais cedo eu arrumasse o deles, menor a chance era de levar um encontrão. Então eu queria aquele encontro ou não queria? 

Parecia um sonho quando entrei no quarto do Drew, roupas espalhadas pelo chão, peguei uma camisa e abracei. Ao sentir o cheiro dele uma lágrima caiu, como estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe? Larguei a camiseta e comecei a arrumar toda a bagunça, equanto eu estava dando os ultimos retoques na pia, ouvi o barulho que eu mais temia: o barulho de chave aceita e a maçaneta abrindo.

Em um pulo, peguei tudo que era meu e enchi a boca para me desculpar por não ter conseguido terminar a tempo de não chegar, mas quando vi aquele homem com uma expressão confusa no rosto pela minha pressa ele tentou dizer:

-He...

-Olá, desculpa por não terminar a tempo eujátermineiatémais - eu falava enquanto fechava a porta, completamente tonta novamente com o encontro não esperado. 

**

Depois de várias horas sem fazer nada, perguntei se haveria algo que eu poderia fazer pelo Caio naquele momento. Ele me disse que o chefe supremo pediu para me dispensar por enquanto, e que chamaria quando precisasse de mim. Voltei para o meu quarto para tomar um banho, eu não tinha comido nada mas Drew tirou minha fome, como se eu tivesse comido toda a comida do mundo, eu realmente não queria comer. Ao ver as roupas que eu tinha pra usar, desanimei. Essas meninas que estão hospedadas devem usar esse tipo de roupa para dormir. Vesti mesmo assim e tomei meio comprimido de calmante, eu não queria desmaiar de novo muito menos desperdiçar o tempo que tenho com ele querendo fugir dali. Saí para o hall do Lobby e por mera coincidência o calmante veio na hora certa, ele estava ali parado, mexendo no celular. Me olhou e falou: "E aí?"

Olhei para a recepção e antes que eu pudesse responder algum bando de fãs viu que ele estava lá. Ele percebeu também e fez uma cara cansada de desaprovação. Quando vi que ele queria ficar sozinho no momento, falei no tom mais baixo possível:

-Escada rolante ali atrás, corre.- E então fiquei parada esperando que ele conseguisse. Reti as fãs no local, falando um sincero "deixa ele, ele está cansado", depois de dispersar as fãs, ele sumiu. Me fazendo ficar cada vez mais ansiosa quando via alguém subir naquela mesma escada em que eu falei para ele descer. 

As horas se passavam: oito, nove, dez horas da noite, onze, meia noite e eu permanecia imóvel sentada olhando para o bar que era incrivelmente lindo: balcão de mármore luminoso, com várias orquídeas dentro de um tubo cheio de água. Um telão sobre a história de enterterimento do hotel, algumas pessoas no bar e uma música agradável tocando. Estava tudo perfeito quando eu avistei aquele caboclo do outro lado do balcão. Sinais vitais precários novamente.

Don't let it break your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora