Capítulo 14

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“Você só pode estar brincando.”

Li e revirei os olhos, óbvio que eu não apelaria dessa forma e muito menos daria um susto nele, só o faria ficar com mais raiva de mim. Então respirei fundo e mandei a última mensagem explicando  mais ou menos e dando um ultimato, porque ele poderia ser quem fosse, ele não poderia tirar a minha dignidade falando que a criança era de outra pessoa e muito menos me rebaixar.

“Faça as contas, e ah… lembre do sangue antes de supor que outra pessoa seja o pai.”

Joguei o celular longe e tentei respirar, a tontura que me invadia era muito pior do que eu imaginava que seria, eu na verdade nunca me imaginei grávida, nunca me imaginei tendo um filho mas a sensação naquele momento parecia bem mais pesada, e eu não levei em consideração nenhum dos pensamentos, não valia a pena arriscar a vida do meu filho por ficar pensando besteiras. Vinícius me olhou e me deu mais água para tomar, dei alguns goles e obviamente tudo parecia estar voltando. Respirei fundo e deitei no colo dele.

-Que que esse babaca respondeu? – ele perguntou irritado, fazendo carinho na minha cabeça.

-Ah, falou que eu estava brincando.

-Ele é realmente um idiota, ele vai ter um filho e acha que você está brincando? Que idade ele tem?Ele acha que você é qualquer uma? – Vinícius desatou a falar.

-Ele não falou nada disso e se pensou, não deu tempo de falar. Eu já cortei.

**

Uma semana depois do ocorrido não tive nenhuma ligação, absolutamente nada. Wesley me ligava para ver se estava tudo bem, mas eu nunca comentaria nada disso com ele, Keaton só mandava mensagem, o que ficava mais difícil ainda falar algo. Os dias passaram lentamente, Vinícius me fez ir ao medico pra ver se estava tudo bem e acabei tendo que fazer milhares de exames, me deixando cada dia mais cansada e de saco cheio de ter que enfrentar tudo sozinha, o VIni nem sempre podia me acompanhar em tudo, e quando não podia, se sentia mal por não estar, como se fosse obrigação dele. Quando eu finalmente estava conseguindo fazer comida por causa dos remédios milagrosos que eu estava tomando, a campainha tocou e fui atender, Lucky era bem mais esperto que a campainha mas não latiu, me deixando alerta. Olhei pela janela primeiro e para a minha surpresa, um loiro de olhos claros, alto e muito, muito bonito estava me esperando lá fora: Drew.

Eu pensei seriamente que eu ia desmaiar, porque apesar de tudo eu gostava tanto dele que poderia me jogar no chão e pedir mais uma chance, meu coração disparou mesmo que não pudesse disparar e eu congelei, ao ouvir novamente a campainha fiquei alerta, espiei um pouco mais e vi que ele estava em um carro particular e com um segurança, mas nada, nada tiraria a minha felicidade de vê-lo e saber que ele estava aqui por mim, eu não conseguia me conter. No terceiro toque da campainha resolve sair, fiz cara de durona e assim que ele me viu, esboçou um sorriso e logo escondeu, acho que ele estava tentando ser tão forte quanto eu. Abri o portão em silêncio, ele entendeu e logo entrou, dizendo para os seguranças ficarem lá fora. Bom, a conversa ia ficar séria dali em diante.

Quando fechei a porta da sala pensei que ele ia me bater, me executar, eu conseguia enxergar fogo nos olhos dele, eu conseguia sentir medo. Ele se aproximou e me olhou, meu corpo inteiro ficou rígido, eu não conseguia mexer um músculo, pensei que ele iria pegar no meu pescoço. Ele me abraçou e meu mundo parou naquele instante, há muito tempo que eu estava sonhando com aquele abraço, com aquele cheiro, então eu retribuí e apertei ele tão forte que ele fingiu que estava sendo esmagado e sorriu. Ele começou a sussurrar, sem me soltar:

“Ele me contou tudo, como eu pude duvidar de você?”

“Eu não queria te contar porque, você não iria acreditar em mim.”

“Anna, você mentiu, mas… o que você mostrou pra mim, foi o que você é de verdade e eu não deveria ter duvidado nunca!”

“Eu… eu te entendo.”

“Eu… eu te amo.”

“Você é tudo pra mim faz tempo, tudo.”

“Eu fiquei sabendo disso também.”

“Agora tem mais gente envolvida nessa história.”

“Eu amo vocês, de verdade. Nunca que eu ia deixar um filho meu passer necessidade. Eu fiz um check-up há alguns meses atrás e eu era completamente infértil, eu desisti de ser pai. Mas, depois de tudo fiz um exame que mostra que eu poderia sim ter um filho, e você mais uma vez fez nascer algo inexplicável em mim.”

Depois de muita conversa e muitos planos, Drew não falou nada de compromisso mas me chamou para ir morar com ele, o que eu não poderia aceitar e deixar meu amigo aqui. Eu simplesmente não conseguia largar tudo depois de pensar que eu ficaria para sempre aqui, eu não estava preparada para uma vida nova. Apesar do Wesley ter contado tudo, ele falava todos os dias que gostava de mim e se tornou muito presente mesmo distante, eu simplesmente não conseguiria olhar para a cara dele, aquela conversa era muito surreal para mim. Tudo parecia um sonho, tão distante e tão real ao mesmo tempo, olhar pra ele depois de tanto tempo estava me fazendo tão bem, me afundei nos braços dele e mergulhei no perfume que ele trazia na pele, que na verdade, parecia dele, parecia um perfume natural. Nada estava como o planejado e nada ficaria igual como era antes, mas era bom ver que ele se importava que ele ainda me amava. Ele era a paz que eu sonhei pra mim, com certeza. Mas eu não sabia se eu conseguiria fazer a escolha certa, se ficar com ele era o certo. A confusão é certa quando tudo está bom demais para ser verdade.

Don't let it break your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora