Capítulo 4

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E agora Anna? Você é uma mulher ou uma pamonha? Respirei fundo e tentei levantar lentamente, ele não pode sonhar que estou querendo ele há mais tempo do que ele imagina. Não sei porque estou fazendo isso se eu tenho certeza que ele iria me tratar como uma fã qualquer. Tentei me equilibrar para não cair, ele me causava grandes efeitos na gravidade, tudo ficava pesado demais ou mais leve, ele era bom demais para ser verdade, para ser humano. Eu estava tentando me lembrar de respirar, quando eu tentava me lembrar, mais difícil era respirar, porque eu parava automaticamente de fazer. Sentei do outro lado do balcão, como sou um pouco menos feia sem a touca do uniforme, o barman não me reconheceu. Pedi uma água pois além das bebidas alcoolicas serem caras, eram do tamanho do mundo e eu não podia estar de ressaca amanhã. Olhei pra ele e surpreendentemente ele estava olhando para mim, baixei os olhos e tentei olhar pra outra coisa, fixei meus olhos nas orquídeas, nunca parei para ver como aquilo era bonito. Então eu ouvi um "hey". E a voz claro, só poderia ser dele.No reflexo, abaixei para fingir que eu ia pegar alguma coisa, sumindo de vista. Quando levantei, não vi mais ele, será que era só ilusão. Dei um gole na minha água e olhei para o lado, ele estava lá parado a menos de meio metro de distância. Fiz o mais sensato a fazer, claro, engasguei com a água e comecei a tossir que nem um porco afogado. Me desesperei! O ar não entrava, não saía, fiquei me debatendo levemente e quando fui me encostar no assento para tentar relaxar e senti uma mão quentinha atrás de mim, me lembrando que a cadeira não tinha encosto e que DREW CHADWICK ESTAVA ENCOSTANDO EM MIM. Fechei os olhos e respirei fundo, não vou dar uma de fã agora, né? Ele não sabe, não vou estragar tudo.

-Tudo bem por aí?- Ele fez um carinho nas minhas costas antes de me soltar.

-É, você me deu um susto! - tentei desviar o foco.

-Desculpa, achei que você estava se escondendo. - ele forçou a ultima palavra porque estava se apoiando no balcão para sentar na cadeira.

-Por que eu me esconderia? - perguntei desconfiada, por que eu me esconderia dele? Por que ele é o amor da minha vida e não consigo aguentar as consequencias dele estar perto demais?

-Não sei, o que você está tomando? - Ele pegou meu copo e deu um gole, fazendo uma careta em seguida.

-Que foi? Minha baba é tão ruim assim? - Olhei pra ele querendo rir, peguei o copo de volta e voltei a beber.

-Não é isso, só que com tantas bebidas você escolhe justo água, qual é? 

-Agora tens que tomar conta até da minha vida? Qual é o seu nome mesmo? - Eu não sabia porque eu estava agindo daquele jeito mas meu sexto sentido estava me orientando a ser babaca com ele.

-Você não sabe meu nome? - Ele perguntou surpreso. Ergui a sobrancelha e respondi:

-Por que eu saberia? Prazer, Anna. - Estiquei a mão para ele mas vi que ele ficou confuso.

-Meu... nome é Drew. Mas... Brasileiros não se conhecem com um beijo no rosto? 

-Brasileiras atiradas sim, como sou de respeito te dou a mãozinha e olhe lá - insisti para que ele pegasse minha mão, mas no fundo eu estava gritando: "TE DOU MINHA MÃO, MEU CORPO, MINHA VIDA"

-Ah... desculpe...- Ele pegou minha mão e a-beijou. Fiquei completamente corada, confusa, e querendo enfiar um buraco para me enfiar.

-Tudo bem... - voltei a olhar para a orquídea e ele reparou.

-Gosta da natureza? - ele perguntou tão confuso com a pergunta idiota quanto eu.

-Ah...gosto... quem vive numa selva de pedra sente falta de uma selva de verdade...- eu não conseguia olhar pra ele, nem Cristo faria eu olhar para aquele homem.

-Verdade! Quer sair daqui, ir para algum lugar? 

-Tá achando mesmo que eu sou essas brasileiras que correm atrás de você não é? - falei num tom ofendido mas eu não estava ofendida. Outro lugar que eu poderia ir com o Drew seria somente para um: o quarto dele.

Ele pegou na minha mão e disse:

-Desde o primeiro momento vi que você não era igual! 

Revirei os olhos e respirei fundo... 

-Não! - cruzei as pernas e comecei a mexê-las, num tom ofendido de criança mimada ele perguntou:

-POR QUÊ?

-Porque eu não quero, oras!- "ah quero, quero muito."

Ele ficou boquiaberto e tentou contra argumentar, e então chamou o barman

- Duas caipirinhas, por favor.

-Uau, o fora foi tanto que vai tomar dose dupla? - falei debochando da situação, mas meu sexto sentido não falha. O barman voltou com as duas caipirinhas e ele me entregou uma.

-Você não é tão boa para aceitar um desafio desses- ele falou em tom desafiador, não me deem desafios, odeio perder.

-Ah é? - peguei aquele copo gigante de caipirinha e tomei inteiro, tipo glub glub. Após ter respirado um pouco, olhei para ele já meio tonta.

-Mulher de fibra e classe! Tomou tudo! - ele sorriu de lado, segurando o copo que restou. Segurei ele pelo ombro e tentei descer da onde eu estava sentada, caindo de lado. Sou muito fraca pra bebida.

-Venha, vamos falar sobre o mundo. - Ele me segurou e pediu uma garrafa de absolut.

-Eu não to bêbada ainda, você não vai abusar de mim! - Resisti ao máximo e então ele me abraçou pela cintura.

-Só te acho interessante para conversar, relaxa.

INTERESSANTE PARA CONVERSAR? ENTÃO NÃO SOU BOA O SUFICIENTE PARA VOCÊ ME COMER? COMO ASSIM? 

Eu nunca me senti tão ofendida em toda a minha vida.

Don't let it break your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora