Capítulo 15 - Drew's POV (retroativo)

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Amor é algo complicado, é um sentimento que sempre pensamos que há muito mais coisa por trás mas simplesmente não conseguimos atingir esse ápice, acredito que para a tristeza que sinto é o oposto desse ápice que tanto falamos, porque mesmo conhecendo Anna a pouco tempo, sinto que ela já era parte de mim e isso dói. Dói como se fosse alojado aqui dentro a tristeza, como se fosse difícil de segurar, ocultar ou fazer qualquer coisa para segurá-la. As vezes acredito que nunca vai ter fim e quero simplesmente pairar no ar, sumir e nunca mais voltar. Só alguém muito poderoso lá de cima sabe como eu esperei por ela é em como ela é especial para mim. Só ele sabe como minha vida completa, não se tornou metade sem ela, se tornou completamente vazia.

-Drew, o que está havendo? Você anda tão distante... - Eliza despertou e ficou um tempo me olhando antes de me perguntar isso, eu nem tinha sentido a presença dela, acredito que porque eu bebi muito na noite anterior.

-Nada, Liza. Você pode me fazer um favor? - me afastei dela me tocando do que eu tinha feito.

-Todos que você quiser. - então ela se aproximou e tirou todo o espaço que tínhamos, juntando nossos corpos e espalmando meu tórax.

-Não, não é isso... Você poderia me deixar sozinho? Você poderia ir pra casa? - tirei as mãos dela do meu peito e levantei, caminhando em direção do banheiro.

-Desde que você voltou do Brasil, você está estranho. O que aconteceu? - ela me seguiu e parou na porta do banheiro.

-Nada, só não quero te enganar mais... - liguei a torneira e lavei meu rosto, tentando me livrar da minha tontura temporária.

-Me enganar? - ela me abraçou por trás e me deu um beijo no ombro, lembrei que Anna não conseguia fazer isso, ela não alcançava e riamos disso, Anna é incrível. Mas ao mesmo tempo senti que só Anna poderia fazer isso em mim, somente ela, afastei Eliza empurrando ela para fora do banheiro.

-Eu não gosto de você, Eliza. E acho melhor terminarmos qualquer vínculo que você acha que temos. - sequei meu rosto e fui para sala onde abri a porta de saída. - Vista-se e saia daqui, por favor.

Após a saída de Eliza, me senti confortável para sentar no chão e me debruçar na mesa de centro, logo senti o rastro da noite anterior: alguns pacotes de maconha e pó de cocaína jogados na mesa, ultimamente meus remédios tem sido esses. Peguei o canudo que estava no chão e aspirei um pouco do pó em cima da mesa.

Depois de algum tempo eu não sentia mais o efeito de nada, sem coragem de comprar mais, deitei no sofá e apertei o botão da secretaria eletrônica para ouvir os recados.

-

"Dude, não sei o que você está tentando fazer mas, acorda para a vida, você sonhou tanto com isso e está jogando tudo fora por uma garota, fique bem bro."

-

"Cara, onde você está? passei na sua casa e você não estava. Por favor, me liga."

-

"Eu estou começando a ficar impaciente, seu celular está comigo e você nunca está em casa, espero que esteja tudo bem."

-

"Bro, tenho notícias da Anna, ela disse que está gravida. Por favor, ligue para mim."

-

Ao ouvir o nome da Anna eu gelei, não sei mas algo que eu julgava estar congelado, aqueceu e então dei um pulo. Finalmente eu sentia meu coração bater, eu não sabia o que estava sentindo, só sabia que eu precisava dela, pelo menos conversar, tentar entender o que se passa e ainda por cima ela estava grávida e eu sabia que aquele ser que estava dentro dela era meu. Peguei o telefone trêmulo e disquei o número do Wes, depois de algumas tentativas ele atendeu.

"Finalmente, bro. Como você está?"

"Me explica esse negocio da Anna."

"Sabia que você reagiria, o negocio é o seguinte: ela mandou um SMS para você, falando que estava grávida, respondi perguntando se ela estava brincando e bom, ela não está. Acho melhor parar com essa briga toda e falar com ela."

Fiquei mudo por alguns momentos, ele realmente não estava brincando, nem ela. Me subiu um frio na barriga inexplicável e comecei a suar frio.

"Wes, você pode vir aqui? Me ajudar?"

"Claro, em 10 minutos estou aí"

Desliguei o telefone e fui tomar uma água, tentei tirar tudo de tóxico do meu corpo. Como eu tinha ingerido muita coisa, acabei ficando muito tonto após começar a me hidratar. Era terrível como eu me sentia, em ver o que eu me tornei. Lembro-me como se fosse ontem o garoto que eu era, lembro-me em como fiquei quando Simmon me olhou e disse que previa coisas grandes para nós. E realmente aconteceram coisas grandes: os elogios dos jurados pareciam não surtir o efeito desejado, começamos a cantar musicas que nem em sonho se tornariam musicas do nosso repertório. As vezes me lembro de todas as crises e das noites em claro tentando decorar uma música, me lembro de como doía receber uma crítica de algo que eu também concordava, mas não podia fazer nada. Quando a surpresa e felicidade se tornam algo ruim como frustração, eu me sentia como um pássaro preso na gaiola, eu não queria fazer nada mas tinha que cantar para sobreviver no mundo, no mundo da música. Saber que não vou conseguir agradar do jeito que eles querem, mas que eu agradaria do meu jeito. Depois do programa tive que passar por outra etapa dolorosa: cantar musicas que na maioria não foram feitas por mim. Eu nunca precisei que fizessem isso, eu tinha capacidade mas não deixaram, eles acham que minhas musicas não  vão atingir um público grande, mas eu não quero atingir um público grande, quero fazer música.

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2013 ⏰

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