Os sinos tocaram meia-noite, despertando-me do meu sono leve. Isso só podia significar uma coisa... Ele estava vindo!
Toda noite de lua cheia, Ele vem pegar alguém e leva para sabe-se lá onde. Ninguém está seguro neste vilarejo.
Quem não foi levado, tem sorte. Eu sou uma dessas pessoas sortudas! Quem foi levado, nunca mais voltou, e nenhuma pessoa sabe o que aconteceu com elas, só sabemos que não foi nada bom!
Rapidamente, me levantei da cama e corri pelas escadas até o andar de baixo, onde minha mãe, meu pai e minha irmã mais nova me esperavam perto da lareira. Ao me ver, papai puxou uma alavanca e a parede da lareira se moveu para o lado, abrindo uma passagem.
Minha irmã passou primeiro, seguida de minha mãe. Entrei logo em seguida e meu pai foi o último, fechando a passagem atrás de si. Descemos uma escadaria longa, estreita e escura até chegar ao abrigo subterrâneo, que é do tamanho do vilarejo. No abrigo tem bancos para as pessoas sentarem, duas camas grandes para cada família que vive no vilarejo e um restaurante para quem estiver com fome.
Minha família foi para nossas camas num canto e eu fui para o restaurante, pois estava morta de fome. A última vez que havia comido eram nove horas, e não foi um prato cheio.
Sentei-me em uma das mesas e esperei alguém me atender.
- O que a senhorita quer comer? - perguntou o homem que trabalha no restaurante.
- Quero uma sopa de legumes, por favor.
Ele anotou o meu pedido e saiu, me deixando sozinha, novamente.
- Liza! - alguém chamou.
Olhei para trás e vi James, meu melhor amigo, a única pessoa que me entende. Seu cabelo loiro estava molhado, ele provavelmente devia tê-lo molhado numa pia ou ter tido um pesadelo.
Ele chegou perto e sentou-se ao meu lado.
- Você está bem? - perguntou ele, com a mão no meu ombro, me olhando sério.
- Estou com um pouco de sono, mas estou bem! - respondi. - Teve outro pesadelo?
Ele assentiu, tirando a mão do meu ombro.
- Sempre tenho o mesmo pesadelo, desde que me dei conta do perigo que corremos.
- Ou seja, desde que tinha cinco anos!
- Você era mais nova que eu quando sua mãe nos contou sobre o lobisomem, como eu tenho pesadelos e você não?
James nunca se conformou com o fato de eu não ter sonhos ruins. Quando minha mãe nos contou sobre os sequestros, eu tinha quatro anos e James, cinco.- Às vezes eu tenho, mas não todas as noites, como você! - comentei.
James estava com uma preocupação enorme estampada nos olhos.
- O que houve, James? - perguntei.
- Meu irmão saiu e não voltou, estou preocupado com ele - respondeu, olhando para o chão,
Para aliviar um pouco sua preocupação, o abracei. Ele retribuiu o abraço.- Vai ficar tudo bem!
Ele se afastou para me olhar bem nos olhos.
- Você acha?
Assenti. Na verdade, não estava com um bom pressentimento sobre aquilo, mas quando um amigo está triste, devemos consola-lo.
- Obrigado Liza. Você é a única que consegue me fazer ver o lado positivo de tudo! - disse ele.
- Não precisa agradecer, é para isso que servem os amigos!
Minha sopa chegou e eu a dividi com James.
- Acho que vou me juntar à minha família - disse eu, me levantando.
- Tudo bem, ruiva! - disse James, se levantando.
Raramente, James me chama assim, obviamente, por causa da cor do meu cabelo.
Ele me acompanhou até a cama que pertence à minha família.
- Boa noite, James - disse, dando um abraço de despedida nele e fui em direção à minha cama.
- Boa noite, Liza - respondeu e foi andando até a cama de sua família.
Como são duas camas para cada família, meu pai e minha mãe deitam em uma e eu e minha irmã deitamos em outra.
Deitei-me ao lado de July, minha irmã. Ela tem sete anos, mas é alta para sua idade. Ela tem cabelo ruivo, curto e liso, e olhos azuis, ou seja, é parecida comigo.
- Liz! - chamou ela.
- O que foi, July?
- Eu estou com medo! - admitiu. - Você acha que estão todos bem?
Olhei bem em seus olhos, havia medo neles.
- Espero que sim, mas tente não se preocupar muito, durma!
- Está bem, boa noite Liz.
Dei um beijo em sua testa.- Bons sonhos! - comentei.
Ela se virou e dormiu, sem muita dificuldade.
Meus pais estavam sentados na cama, conversando. Os dois riam. Tentei fazer leitura labial, mas os lábios deles quase não se mexiam.
Decidi desistir e dormir, a noite provavelmente seria longa, e eu não queria perder tempo acordada, mesmo que tivesse um pesadelo.
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Sequestro À Meia-Noite
Manusia SerigalaTodas as noites de lua cheia, à meia-noite, um lobisomem vai a um vilarejo para levar alguém, e cabe a Liza e seu melhor amigo, James, descobrir quem está por trás desses sequestros. *** Todos os direitos reservados à Sophia Ribeiro Guimarães. Plági...