Capítulo 1

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            O nome do continente desta história, crianças, era a Hiborean. Uma imensa extensão de terra coberta por rios, montanhas e florestas. A leste, regiões inóspitas e desfiladeiros tornavam a região desconhecida até mesmo por renomados cartógrafos, também conhecida por Zona Oculta. A oeste, o oceano Grito da Tormenta surgia delineando toda a costa.

Grande parte dos estudiosos considerava que a era da Hiborean poderia ser dividida em dois períodos: o antes e o depois ao rapto da princesa Eillove do reino de Vanir.

Nenhuma outra ameaça mobilizou tantos exércitos, mercenários, cavalos de batalha, aríetes, navios de guerra e alianças entre reinos. Nenhuma outra ameaça foi comentada, entre todos os escalões da sociedade, e mobilizada tanta comoção para aplacar a dor do rei. Nenhuma outra ameaça inspirou heróis e canções de bardos animando e trazendo tristeza pelas estradas e cidades por onde cantavam.

Contudo, nem toda a força humana combinada do continente Hiborean foi capaz de vencer a força da natureza.

Força da natureza sim, pois foi às vantagens geográficas e climáticas que possibilitaram o reino Lotnar lograr seu intento por tanto tempo. Não é a toa que esse reino também era conhecido como o Reino Intransponível, pois em nenhuma guerra aquela região fora tomada. O Castelo do Ogro, nome do castelo do rei Kivan, tinha a parte leste, oeste e sul cercado por cadeias de montanhas tão altas que pareciam furar os céus. À frente, ladeado por um vale estreitíssimo, um paredão imenso se erguia protegendo a única entrada para aquele reino. O paredão possuía uma grande extensão, permitindo duas carroças uma ao lado da outra atravessar tranquilamente sobre ela, além de torres onde flechas eram cuspidas e catapultas fixadas em pontos estratégicos em que pedras em chamas eram arremessadas contra exércitos ofensores.

Mas não, claro que não. Apenas a natureza não foi determinante para o sucesso do rapto e sua impossibilidade de resgate da princesa Eillove.

Os soldados de Carvalho eram um dos principais motivos do sucesso do rei do Castelo do Ogro. Como cães bestiais, eram treinados na arte de matar e de abandonar os sentimentos no campo de batalha. Lutavam com uma ferocidade e velocidade que deixavam seus adversários temerosos antes mesmo do início do combate.

O rei Lonios, do reino de Vanir, fizera alianças e juntara um exercito nunca visto antes. Marcharam sobre desertos, pântanos e platôs. O exercito somava mais de quinze mil soldados de todo o continente Hiborean. Os soldados do Reino das Espadas, os soldados do Reino de Ymir, e os soldados do Reino de Vanir.

A batalha se deu nas grandes muralhas do reino de Lotnar. Após o ocorrido, esta batalha ficou conhecida como a batalha do Vale de Sangue.

Treze mil vidas perdidas do lado da aliança, e apenas duzentas vidas perdidas do rei Kivan, do reino Lotnar.

Em debandada, a aliança se retirou numa das piores fases da história do reino de Vanir.

Do seu trono de pedra, no Castelo do Ogro, Kivan vangloriava sua vitória e sua satisfação em ter vencido a todos do continente Hiborean.

E desde a batalha do Vale de Sangue, passou-se quatro anos até Axel, o nômade, chegar.

Calma, crianças. Sei que estão ansiosas, mas logo falarei mais dele.

Aconteceu que o rei, em medida desesperada, mandou chamar um feiticeiro, um mago das artes ocultas, pois sabia ser impossível vencer o exército de Kivan enquanto o mesmo estivesse intocado no Castelo do Ogro, atrás das suas incríveis muralhas.

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