Um, Dois, Três

29 3 1
                                    


Meu tornozelo sofrera uma torção legal após o carro passar em cima do meu pé. Luanda e eu íamos para nossas casas juntos, já que éramos vizinhos, um do lado do outro. Me despedi da garota com um beijo na testa. Até chegar a sexta-feira, eu ficava sozinho em casa porque minha prima Bianca trabalhava incessantemente numa fábrica de tecidos. Luanda e eu moramos na rua Killarney, lugar supercalmo.

- Melhoras pra ti. - dizia Luanda com o típico sotaque gaúcho.

- Valeu.

- Qual teu nome, guri?

- João Pedro. Não lhe disse porque eu não sou muito de me revelar.

A garota só tinha eu de amigo do sexo masculino, mas ela me adorava como se eu fosse 100 amigos, agora ela me ama e eu retribuo o sentimento a ela com a mesma intensidade, ou mais. Entramos em nossas casas. Fiz minha lição de química que se tratava de ciclo do carbono, algo assim, rachei a cuca por 1 hora e meia, mas fiz. Comi minha jantinha bem brasileira pra alguém que mora na Irlanda, batata cozida com carne e arroz.

- Lulu, toma minha jaqueta de couro. - disse eu na porta da casa da garota.

- Mas, cara, tá um frio intenso. Tu vais ficar doente.

- Não me importo, te vi tremendo lá na escola porque esqueceu o blusão. 

- Ok. Se tu ficares doente, te meto o tapa amanhã. - disse Luanda rindo.

Já era 00h15, cedo demais pra mim dormir, mas adormeci por umas 2 horas até Lulu me ligar.

- João?? - disse Lulu em um tom baixo e assustado.

Aquela voz angelical soou em um tom tão desolador que me fez gelar, nunca vira Luanda num estado de tanto medo.

- P-pode falar. - respondi.

- Vem cá! É urgente, por favor, tem um a...

A ligação foi interrompida por uma queda de sinal. Meu coração começou a pulsar em uma velocidade exagerada, quase infartei. Entrei na casa de Luanda e vi dois corpos pendurados, com as vísceras para fora. Tinha um cara com um machado e um sorriso ensanguentado de psicopata, a imagem era horrenda. Reconheci que era Renan, grande amigo de Marcos.

- Um, dois, três... quem devo matar outra vez? - disse o psicopata lançando-me um olhar penetrante e que me fez gelar a espinha.

Renan veio correndo até mim.

"Estamos longe de sermos santos." - Left of Center, Serj Tankian

My Celtic LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora