Lua Cheia

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A tarde do meu Dia dos Namorados estava sendo uma das piores, Marcos invadira minha casa e prendeu Luanda. Faz exatamente 3 meses do dia em que salvei a garota de ser morta pelo loiro, o dia 12 de cada mês é marcado pela rivalidade entre eu e Marcos, como a briga antes da Carnificina. O loiro estava vorazmente atrás de mim, contudo, eu me escondia bem, a cada lugar que Marcos ia, eu estava escondido antes dele ver um vestígio de sombra meu.

- Cadê você??? - gritou Marcos me procurando.

Eu estava no teto e me joguei em cima do loiro. Ao cair em Marcos, comecei a dar socos na cara do mesmo, que não conseguia sair da pressão que eu impusera nele. Levantei e chutei as costas do loiro violentamente, quebrando uma costela dele. Marcos levantou e me deu um soco no peito, onde está a cicatriz que marcou minha vida pra sempre. Nos engalfinhamos e Luanda correu até a pancadaria, tentando separar a briga.

- Parem!! Se continuar essa desgraça, mato os dois!! - gritou Lulu com extrema ira em sangue.

Comecei a tremer o corpo de susto da reação de Lulu. Marcos disparou quatro vezes na garota, mas errou os quatro disparos. O susto virou uma raiva de explodir artérias. Pulei e cravei um arranhão profundo na boca do loiro, arrancando um naco do lábio do garoto.

- Maldito! - gritou Marcos.

- Damn you, motherfucker! (Dane-se você, filho da puta!) - disse eu cuspindo na cara destroçada do loiro.

Marcos me pegou pela perna e me derrubou no chão. O garoto deu duas passadas largas para trás e veio num impulso incrível, pulando na minha barriga. Tirou-me todo o ar. Luanda já estava chorando, mas ela desaparecera da minha vista e da de Marcos também. O loiro me arrastou pelo piso áspero da casa, queimando meu rosto. Me levantei e peguei uma batata. Marcos me golpeava, mas errava todos os golpes desferidos. Me distanciei e joguei a batata no nariz do loiro. O rosto do garoto se encontrava em puro sangue.

- Morre, diabo!!!! - gritei.

Marcos pegou um vaso e atirou-o contra mim, acertando minha cabeça. Caí na hora. Luanda me viu caído, com cortes na cabeça, resultados do vaso me atingindo. Lulu pegou um pedaço de pau espesso e forte, e lentamente ia pela retaguarda do loiro. Sorrateira igual uma raposa, Luanda ergueu o porrete e deu o golpe que sempre quis dar em Marcos. Levantei e arrastei o menino para fora de casa.

- J-J-João, valeu. - agradeceu Luanda.

- Obrigado, você.

Limpamos a casa e eu fui tomar banho para lavar a alma. Após me renovar, literalmente porque liberei 10 kg de pele, fui ficar com Lulu. Eu sentia algo mais além do que amizade, o sentimento me torturava todo dia. A noite iniciava, 7 em ponto no relógio. Eu estava sem camiseta, porque queria ficar com a enorme cicatriz à mostra. Luanda me chamou para conversar:

- Cara, obrigada por me defender quando a situação aperta, mas não se machuque nem eleve a níveis extremamente insanos.

- De nada.

Fiquei tenso, suando frio e explodindo meu peito a cada batimento cardíaco.

Será que faço? Meu Deus! - pensei.

Me aproximei da garota e a mesma fez a expressão de nojo que fizera na escada ao quase me beijar. Luanda se afastou de mim e eu fiquei muito triste, comecei a chorar, sou dramático pra caralho. Minha vida era só friendzone, qualquer garota me usava só pra conseguir cola na prova porque sou nerd e depois pisava em mim. Lulu me viu quieto, sem demonstrar quaisquer reações e sem dizer quaisquer palavras.

- Tudo bem? - perguntou Lulu.

- Não. Tudo mal.

- O que houve?

- Porra, velho. Tu se afasta de mim como se eu fosse lixo radioativo, algo desprezível! O que eu te fiz? Você tá me tratando bem diferente do jeito que me trata normalmente.

Luanda ficou calada pensando no que responderia a mim. Eu abracei-a, mas Lulu me empurrou para se afastar de mim. Mas que caralhas eu havia feito a Luanda? Eu estava com um papel no bolso e a guria viu o objeto dobrado em minha mão. Os olhos da garota estavam pregados no papel, um súbito interesse em saber o que tinha no papel despertou na garota.

- Lê esse papel, por favor? - perguntei com duas cachoeiras escorrendo de meus olhos.

- Sim.

Luanda pegou a folha e a abriu. O olho da jovem bateu no título: "Querido Deus".

- É uma música evangélica? - perguntou a baixinha.

- Não.

Lulu continuou descendo o olhar nos meus garranchos escritos a lápis sobre aquelas linhas. A garota lia em voz alta:

- Querido Deus

As noites não consigo dormir
Teu abraço é a única coisa que quero sentir
Queria você aqui
De manhã, me lembro do seu doce aroma
Tão bom que me deixou em coma
Quem sabe um dia, eu te leve até Roma

Querido Deus, a única coisa que peço de Você
É, quando eu estiver muito longe, por favor ela proteger
Eu me sinto sozinho e cansado
Quero ela ao meu lado

Sempre penso nos teus cabelos voando ao vento
Quero te abraçar quando vierem os maus sentimentos
Eu tenho você no meu coração, bem lá dentro

Querido Deus, a única coisa que peço de Você
É, quando eu estiver muito longe, por favor ela proteger
Eu me sinto sozinho e cansado
Quero ela ao meu lado

Sinto meu coração pulsar
Ao ver você chegar
Você aceita ficar comigo?
Prometo ser teu melhor amigo

Querido Deus, a única coisa que peço de Você
É, quando eu estiver muito longe, por favor ela proteger
Eu me sinto sozinho e cansado
Quero ela ao meu lado
Ao meu lado...

Os olhos da garota se enchiam maia e mais de lágrimas ao ler cada palavra escrita na música. Luanda me abraçou e pediu desculpas. A garota estava num dia ruim, mas o meu era pior ainda.

- Luanda, tu é a garota que eu mais falo, mais converso, mais tudo. Você é a gauchinha mais linda que conheço e a minha melhor amiga. Está comigo nos momentos que mais preciso, eu sou assim contigo. Essa música eu fiz pra ti, demonstrando o que eu sinto. - me explanei.

- Tá certo. Nós tem um afeto enorme de um pelo outro. Só que o seu é tanto assim? - disse Luanda com lágrimas nos olhos.

- Luanda, esses dias vêm me matando, fico com receio de não aceitar o pedido que quero te fazer. Meu coração pertence a você e só a você. Eu fui o cara que te salvou e tu a garota que me conquistou. Lulu, você aceita ser minha namorada?

A garota ficou pasma e perplexa, totalmente de boca aberta.

"Me diga como ganhar teu coração, mas me deixe começar dizendo: 'Eu amo você' - Hello, Lionel Richie

My Celtic LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora