Capítulo 30

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LUKE

- Ele o que? Onde será o velório?
Hugo responde, mas só consigo pensar em ver Becca e poder abraça-la.
- Ok cara, chegarei em meia hora.

Senti um leve ciúmes de Felipe, mas jamais desejaria algo assim. Melissa, como ela irá crescer sem o pai? Becca deve estar se fazendo de forte, se a conheço, ela já está fingindo estar tudo bem.

Chego a capela e vejo Becca de longe, sentada em frente a um caixão fechado. Ela olha para mim, e depois para Daniela e baixa o olhar. Quando estava saindo Daniela chegou, ela se ofereceu para me acompanhar e dar um abraço em Becca.
Me aproximo, mas não pergunto a razão do caixão fechado, dou os pêsames e em seguida Dani lhe dá um abraço.
- Obrigado.
É tudo que ouço dela.

Me sento ao lado de Hugo, que está no fundo da capela. - Cara, por que o caixão está fechado? Seus olhos baixam até o chão e sobem novamente a mim.
- O carro incendiou e o corpo ficou preso nas ferragens, está irreconhecível. Eu vi, mas admito que preferiria não ter visto.

Olho para Becca novamente, e ela permanece imóvel, calada. – Ela viu Hugo? Ela viu o corpo nesse estado?
- Você realmente acredita que conseguimos impedi-la de ver? Seus olhos voltam ao chão, e meu coração fica ainda mais apertado. Ela está quebrada, completamente, mas não chora, não expressa 5% da dor que sente. Abraça cada pessoa que chega, agradece e nada mais... repetidamente.
Ela está ali, mas seu coração... provavelmente morreu com Felipe.

No enterro, com Mel em seus braços ela joga uma rosa. - Dê adeus ao papai amor! Beija so resto de Melissa, sem deixar rolar nenhuma lágrima. Faz o caminho até o carro, coloca Mel na cadeirinha e entra no carro. Hugo corre até ela:
-Ei mana, vou lá mais tarde.
- Não Hugo, preciso descansar. Preciso! Vejo seus olhos alcançarem os meus, e em seguida ela liga o carro e vai embora.

São duas da manhã, tentei ligar 3 vezes para Becca e não obtive resposta e nem retorno. Posso estar sendo completamente chato, mas me preocupo, ela é minha amiga e não pode passar por tudo sozinha, por mais que queira.

Três horas da manhã, nova tentativa de ligação e nenhum retorno. Me levanto e acordo Daniela no processo. – Ei Luke, o que houve?
- Preciso ver Becca, ela não atende e não retorna. Ela não está bem.
Ela me olha com cara de preguiça, ela é linda.
- Amor, ela deve estar dormindo, tentando descansar.
- Dani, nem você acredita nisso. Ela está mal, chorando, com um bebê. Morei um tempo lá, quando não tinha me estabelecido ainda, tem coisas sobre ela que só eu conheço. Quando ela sofre, ela sofre sozinha e calada. Ela não expressa, não compartilha. Não posso deixar ela sozinha.
- Luke, tudo bem... vá. Me ligue se a encontrar e ficar por lá. Ok!?
Amo seu jeito de ser, compreensiva, doce... – Obrigado linda, até já.

Quando chego em sua casa, as luzes todas apagadas... chamo, ligo, ninguém. Vou na porta dos fundos, tudo fechado. Ligo para Soph e ela vem ao meu encontro. – Ei Luke, que desespero.
- Soph por favor, diz que você tem uma chave!?
- Calma, sim... eu peguei ontem antes de sair. Ela abre e corro até o quarto, reviro os quartos e não há ninguém. Nem Mel, nem Becca. Volto ao andar de baixo e Soph vem do jardim dos fundos com olhar assustado. – Me diga que elas estão lá em cima, Luke!?
- Não estão.
Nos desesperamos, mas nisso percebemos um grande papel na geladeira.

'' Sei que não me deixariam quieta, e preciso de um momento pra mim, pra minha filha... Preciso pensar um pouco, só um pouco, sem ninguém perguntando se estou bem.
Ficarei bem, mas por favor, me deixam sozinha. Não se preocupem, levei tudo que preciso pra cuidar de Mel e de mim. Aviso quando retornar.''

Meu desespero aumenta, mas não há o que fazer, não sei onde elas estão. Eu só sei que preciso cuidar delas, preciso estar com elas e elas precisam ficar sozinhas.

MEU CUPIDO SINCEROOnde histórias criam vida. Descubra agora