20:57. Lá fora, o frio se apossa de todos os lugares, espanta todos que insistem em vagar pelas ruas escuras e molhadas. Nas poças de água, se refletem as luzes fracas e amareladas dos postes. Nem os insetos, que antes perseguiam essa iluminação, estavam iludidos. Nem passos, nem carros roncando pelas avenidas livres de todo o movimento habitual. Somente o silêncio, a garoa fria e o vento que nem sequer se dava o trabalho de agitar as árvores, tomavam conta desta noite. Era uma leve brisa rasgante e cortante ao mesmo tempo. Aqui dentro, a geladeira trabalhava incessantemente sendo que lá dentro só havia água para se refrigerar, as molas da cama gemiam ao virar de um lado ao outro, e a torneira do banheiro gotejava insistentemente, tornando essa noite ainda mais sem emoção e apática. As paredes brancas desgastadas, já não eram mais tão originalmente brancas como um dia foram. A luz do teto cintilava e causava estrepidos a cada instante. A cortina azul era de um tom tão escuro quanto do mar. A porta era de um cinza corroído pelo tempo que não deixa escapar nem sequer um átomo deste lugar. 21:16. A sonolência se apossou de mim. Lá fora, todas as coisas pareciam correr em câmera lenta. O frio faz o tempo passar mais devagar e devagar e devagar...
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Delírios poéticos
PoetryPara cada momento que pensei em você, sem ser correspondido. Para cada lágrima que escorreu pelos meus olhos sem que ninguém tenha visto. Para cada noite fria em um inverno rigoroso que não passa. Mas, também para cada raio de luz que possa vir a me...