Almas inocentes

6 0 0
                                    

Ele pediu para que eu me deitasse no chão. Não sei por qual motivo ele me escolheu. Eu tinha apenas nove anos. Não sabia talvez a metade do que ele já havia aprendido e feito. Senti-me estranho com tal pedido. Era por demais nauseante cogitar deitar-me no chão do banheiro e sem ao menos saber o que aconteceria depois. Na minha cabeça, não entendia aquele pedido. Não fazia nenhum sentido. Um asco tomou conta de mim. Naquele momento, não tinha a menor ideia do que ele queria. Recusei sua proposta que julguei imprópria. No decorrer daqueles sessenta minutos, minha vida mudou para sempre. Influenciou o modo como eu me via e como via os demais. Não contente com minha negativa, ele se posicionou atrás de mim e começou a roçar seu pênis em mim. Ele não desgrudou de mim por nenhum um momento. Meu coração disparou e eu entrei em pânico. Só lembro que eu olhava um saleiro e ele roçava cada vez mais forte até que eu o empurrei e pedi para que parasse com aquilo. Mas, o que é um rosto bravo de um garoto de nove anos perante à satisfação de um adolescente de seus quatorze anos? Virei-me e olhei novamente o saleiro. Ele simplesmente continuou o que fazia antes e com mais força e mais volúpia. Eu via sal. Via sal. Mais sal. Não dormi aquela noite. Sessenta minutos. Sal. Sessenta minutos. O relógio marcou vinte horas e ele parou. Sal...

Naquela noite, vários demônios se apossaram do meu corpo e da minha mente. Eu dormia na parte de cima do beliche, mais perto do céu, como meus pais costumavam dizer. No entanto, estava mais próximo do inferno. Sal. E aí, um arrepio tomou conta do meu corpo todo. Sal. Não fechei os olhos. Meu irmãozinho repousava ali embaixo. As sombras das árvores adentravam pela janela e arranhavam a parede do quarto. Eu continuava arrepiado. Fiquei ofegante. O teto parecia incrivelmente perto. Relembrei todos os fatos. O pênis. A dureza. E ele atrás de mim. Senti vergonha. Ele continuava atrás, com mais força, mais força e mais força. Eu tremia agora. Meu sangue fervilhava. O irônico é que num lugar sagrado eu fui profanado. Não havia ninguém para me proteger. A dureza. E os demônios finalmente dominaram meu corpo. Mais força. Muito mais força. Eu sentia o contorno. A rigidez. Tive uma ereção. Vergonha. Breu. Sal. Ele. Por quê?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 24, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Delírios poéticosOnde histórias criam vida. Descubra agora