Os Monstros de Meu Medo

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- Mad, você pode me escutar pelo menos um pouco, por favor. -Yoshi disse irritado. Depois do fatídico momento dentro do banheiro masculino da faculdade, Mad havia sumido e consequentemente depois, ignorado sua presença com um simples e rápido: ''Em casa conversamos''. A questão era que, mesmo depois de horas a suas volta para casa, Mad continuava a ignorar o amigo. Depois de uma série de verdade jogadas em sua cara, Mad simplesmente não o deixava explicar a situação. O olhar magoado e longe, sem brilho algum, do outro só o deixava cada vez mais de coração partido. Parecia estar sendo pisoteado e por isso, condenado a sua mentira bem contada. Yoshi sentia-se assim, o mais completo lixo.

Mad suspirou e olhou para o menor que estava com lágrimas nos olhos. Aquela cena o deixava desconfortável porém, estava mais ferido. Tudo o que menos queria era olhar Yoshi, ouvir sua voz. Aqueles detalhes que eram tão importantes para si, como a fisionomia do outro e a cantiga que era sua voz, sempre seriam bem vindos porém, no momento, só lhe fazia apertar mais o peito. Sentia-se traído, jogado de lado, a escanteio, uma segunda opção. Sentia-se quebrado. Foi com isso em mente que sentou-se no sofá encarando o chão. Seu cérebro pedia a esperança e... esperança seu coração estava produzindo de não precisar brigar mais com o amigo quando proferiu as seguintes palavras.

- Ok, Yoshi. Fale então.

O menor aproximou-se de si, as mãos foram parar em seus ombros e seus olhos lacrimejados cravaram-se nos seus. Com o corpo encurvado para que pudesse estar o mínimo distante de si, Yoshi começou a falar com a voz embargada.

- Por favor Mad. Para, para com isso. Eu só quero que perceba que tudo o que menos queria era te magoar. Eu só estava com medo, estava com muito medo de que me rejeitasse. Passei minha vida toda reprimindo meu verdadeiro eu por causa desse maldito medo de ser rejeitado, sobre tudo por meus pais, que eu sabia que não iriam aceitar quem eu sou e também, como uma das causas principais, você. Sempre tive medo que me abandonasse, que jogasse na minha cara coisas horríveis que... que... - nesses momentos as lágrimas já corriam soltas. Os soluços dificultavam sua fala. Yoshi sentia vergonha do chorão e frágil ser que havia se tornado, seu emocional estava a flor da pele e não sabia dizer por que, talvez motivado pelos recentes extresses que estava passando com a mudança de vida. Não sabia o que esperar apartir dali. Estava com medo realmente. Mad sabia disso. Mad sentia TUDO isso. E naquele momento, tomando a dor de quem mais amava, deixou qualquer magoa de lado e abraçou Yoshi. O prendeu forte em seus braços enquanto o deixava-o soltar seus monstros para fora. As palavras de conforto que murmuravam ''tudo bem'', "vai ficar tudo bem", não poderiam ser mais verdadeiras por que, de fato, enquanto Yoshi estivesse consigo, não deixaria nada, NADA, lhe atingir.

Mad sentia-se frustado que não poderia tomar o coração de Yoshi para consigo e sofrer em seu lugar.

Yoshi repousou seu copo de café sobre a mesinha amadeirada a sua frente e ajeitou-se na cadeira. Preservou o líquido amargo por um tempo dentro da boca antes de finalmente o engolir. A bebida quente desceu queimando por sua garganta deixando seu gosto acafeinado por onde passasse. O pequeno ao perceber que não poderia mais enrolar, encarou os olhos verdes da mulher que o observava curiosa. Yoshi suspirou e abriu a boca para falar porém, as palavras lhe faltaram. Renata um dia havia mesmo mexido com ele? Talvez não... talvez sim... Não saberia dizer certamente, o que poderia ter lhe deixado atraído talvez fosse somente sua beleza em demasia só que, diferente das outras mulheres pela qual já dera um fora. - Tinha muito experiência com isso, diga-se de passagem, Yoshi havia encontrado em Renata muito mais que uma simples paquera e sim, uma amiga. Confessava o quanto iria ser difícil dar o próximo passo.

- Então, Yoshi... Por que me chamou aqui tão de repente? - Renata repetiu a pergunta que quase se tornava uma mantra para si. Iria fazer praticamente uma hora que estava ali, plantada, em frente ao menor e até o momento parecia que o outro não sabia mais falar.

Meu Pequeno Retardado( Yaoi)Onde histórias criam vida. Descubra agora