Fecho a porta atrás de mim e limpo o suor que escorre pelas minha têmporas. Apoio as mãos no joelho e tento recuperar meu fôlego por alguns minutos até ir para a cozinha tomar um copo de água, na intenção de que aquilo vá me ajudar a ficar um pouco mais calma, quando na verdade eu sabia que não ficaria.
Quando lembro das vozes e dos gritos algo sinto uma angústia um medo que eu não sei explicar. Isso já havia acontecido algumas vezes mas não da forma como aconteceu hoje quando eu pude sentir alguém próximo de mim. Quando eu era menor lembro de ver vultos ou de ouvir vozes em momentos aleatórios mas nunca algo que me deixasse assim tão apavorada como hoje. Só por precaução eu checo se todas as trancas das portas e de todas as janelas do andar de baixo estão fechadas e subo as escadas acendendo as luzes de cada cômodo por onde passo. Entro no meu quarto, tiro a jaqueta e coloco pendurado atrás da porta. Suspiro e vou em direção a minha cama.
"Oi Candy."
Dou um gritinho e pulo olhando na direção da silhueta que está meio escondida no canto escuro do meu quarto, perto da estante de livro. Todo meu corpo fica tenso e meu coração palpita quando ela dá um passo a frente onde eu finalmente posso enxergar seu rosto.
"Eu não quis assustar você." diz a dona na voz com um rosto sorridente.
"Emma, que isso!" suspiro aliviada e fecho os olhos ao perceber que é apenas ela. "Você quase me matou sabia!"
Reclamo.
"Eu já pedi desculpa Candy." ela dá uma risadinha e fica seria novamente.
Ela se aproxima de mim senta na beirada da minha cama me olhando com aqueles olhos arregalados que ela tem. Eu sabia que ela estava fazendo essa cara de coitadinha apenas para que eu a desculpasse por hoje.
Olho soslaio para ela dando de ombros e sento na minha cama.
"Tá tudo bem? Você tá pálida e... toda suada." Continuo olhando para baixo, atormentada contudo.
Me lembro do que aconteceu mais cedo a pouco a caminho de casa e até penso em falar com ela sobre, mas decido não contar nada. Talvez ela me achasse uma maluca, assim como eu mesma estava achando. E além do mais ela já tinha irritado o bastante esses últimos dias e nós não podíamos voltar a nos falar normalmente como se nada tivesse acontecido.
"Não aconteceu nada." minto e lhe dou um sorriso fraco.
Deito na cama e olho para o teto pensativa. Meu coração ainda batia acelerado e eu estava me controlando para não pegar alguns comprimidos calmantes. Sinto os olhos de Emma sobre mim e me pergunto como foi que ela entrou aqui. Lembro muito bem de ter trancado todas as portas antes de sair de casa.
"Você está estranha." ela quebra o silencio do quarto. Reviro os olhos e me apoio sob o cotovelo para poder vê-la melhor.
"Eu não tô estranha Emma, você está estranha." digo. "Primeiro: você me chamou pra sair e não apareceu. Segundo: porque você está aqui e como entrou na minha casa?"
Ela olha para as próprias mãos procurando a resposta e levanta os ombros.
"Não importa como eu entrei e eu só vim aqui me desculpar e fazer as pazes Candy. Eu não aguento mais ficar brigada com você."
"Nós estamos brigadas por culpa sua lembra." minha voz se eleva.
"Eu tenho uma explicação muito boa pra isso."
"Pode começar."
Sento na cama e cruzo os braços.
"Briguei com o Jay..." ela deita de bruços na minha cama e apoia a cabeça sobre as mãos. Sua testa franze e ela me olha angustiada. "Eu tenho tanta coisa pra te contar."
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After Midnight
FanfictionDepois de um grave acidente, a filha do pastor, começa a ter uma serie de experiências sobrenaturais que colocara em questão quem e o que ela realmente é. Seu mundo vira de cabeça para baixo depois de mudar de escola e conhecer Harry, um garoto que...