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"Lost in the mirror.
I knew your face once, but now it's unclear.
And I can't feel my body now."

.

Longos minutos depois eu me levanto e jogo minhas roupas no chão de qualquer jeito, me apoio sobre a pia do banheiro e observo a garota no espelho. Olhos inchados, rosto vermelho, um cabelo arruinado e uma mente perturbada. Aquela que diz ser eu, mas pra mim não passa de uma estranha que eu venho tentando entender a muito tempo. Às vezes eu sinto como se eu estivesse conectada a ele, mas não me encaixasse da maneira certa para fazer como que eu me sentir eu. É tudo tão estranho, tão bagunçado que as vezes eu desejava que isso tudo acabasse. Pego um vidrinho de remédio e tiro três analgésicos e engulo seco.

Eu sou tão patética, penso tocando do meu rosto, tão fraca. Minha mãe não se orgulharia dessa garota que eu acabei me tornando. Nem eu me orgulho dessa estupida que tem medo de tudo e de todo mundo. Às vezes eu me odeio por ser assim, me odeio de verdade. Queria ser como Emma. Livre. Destemida. A sensação parece ser boa. Ou melhor... Eu queria ser eu mesma, mesmo nem sabendo ainda quem eu sou direito. Eu só odeio ser o que quem eu sou, queria fazer tudo ser diferente, eu não sei como, apenas queria. Isso me deixa angustiada.

Aperto minhas mãos ao redor da bancada e mordo meu lábio com toda força, aperto meu olhos e abaixo a cabeça. Minhas mão tremem e sinto o gosto de sangue brotar e se espalhar pela minha língua. Coloco as mão na cabeça e puxo meus cabelos, quando sinto uma dor aguda vinda de dentro da minha cabeça. Me afasto da bancada empurrando meu corpo contra a parede. Deus. O que é isso. Gemo e me encolho quando sinto a dor que faz todo meu corpo se contorcer. Caio de joelhos e minha pele arde como se ácido tivesse sido jogado em cima de mim. Um grito alto sai pela minha garganta contra a minha vontade quando a dor se torna insuportável. Ouço uma explosão acima da minha cabeça e cubro meu rosto para me proteger dos estilhaços de espelho que caem por cima do meu corpo.

Meu corpo fica paralisado eu não consigo me mexer. Minha respiração está rápida e meu coração bate forte. Abro os olhos e vejo os cacos de espelho pelo chão. Levanto rapidamente me afasto dos estilhaços, esbarrando nos moveis do banheiro, cortando meus joelhos e meus pés. Me afasto do banheiro rapidamente sem entender o que aconteceu e caio sentada no chão do meu quarto. Limpo meu rosto molhado e soluço.

"Candice!" Meu pai grita do outro lado e eu me assusto. "O que está acontecendo ai? Abre essa porta agora!"

Tiro meu cabelo do rosto devagar sem tirar os olhos do banheiro, sem me esquecer daquela dor infeliz e tento ficar de pé.

"Candice!" meu pai continua batendo na porta e eu volto um pouco a realidade.

"Eu... Eu estou bem pai." digo com uma voz tremida pós choro. "Foi... O espelho. Eu quebrei ele, está tudo bem!"

Minha mãos estão tremendo e minhas pernas estão bambas.

Deus o que está acontecendo comigo?

"Candice, abre-"

"Eu preciso ficar sozinha!" Berro e coloco a mão na minha boca depressa "Por favor pai, eu preciso ficar sozinha."

Encosto a cabeça na porta sentindo meu corpo e minha mente esgotados e ouço os passos altos do meu pai no piso de madeira, quando ele se afastar sem questionar mais. Eu nunca tinha gritado com ele antes, foi sem querer. Foi mais forte que eu.

Puxo meus cabelos para trás e levanto meu braços a frente do meu corpo, tirando alguns restos de cacos de vidro que ficaram grudados a minha pele suada, sacudo meu cabelo e ando devagar sentindo os cacos de vidro machucando os meus pés e deixando pequenas marcas de sangue sobre o piso escuro.

After Midnight Onde histórias criam vida. Descubra agora