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Tomo meu café e como as minha panquecas monotonamente. Deixo uma música calma tocando baixinho e olho para o quintal. Não tive ânimo para me arrumar hoje, então eu apenas estou usando um moletom cinza e calça jeans, coisa que eu não costumo fazer nunca. Não gosto de roupas coladas no meu corpo me sufocando, ainda mais calça jeans que aperta a minha barriga quando eu sento.

O jantar que eu havia feito para o meu pai na noite anterior ainda está do mesmo jeito que eu deixei. Eu esperei por ele, mas pela segunda vez nessa semana ele tinha chegado tarde em casa e eu estava me acostumando a isso, não ficava mais tão aflita como antes. Então eu fui para cedo e só ouvi ele chegar as nove, mas não me mexi na cama para ver como ele estava ou se precisava de alguma coisa e nem mesmo ele veio me ver, então eu continuei ouvindo minhas música e lendo um livro que eu tinha pegado na casa do Kile. Eu me arrependi de ter lido, porque passei a noite toda tendo pesadelos e só consegui dormi de verdade quando tomei um comprimido. Agora sinto como se eu fosse um zumbi e o chão fosse um imã me puxando para ele e eu podia dormir ali mesmo.

Termino meu café e vou para a varanda, me sento na escada e olho no relógio ansiosa para que Kile chegue longo. Ele me mandou mensagem mais cedo dizendo que ia me dar uma carona para a escola. Ele sem dúvidas ainda estava se sentindo culpado por não ter saído comigo ontem e eu realmente preferia ter ido com ele.

Kile está sendo um ótimo amigo pra mim. No começo eu pensei que não me daria bem com ele, já que normalmente eu não me dou bem com quase ninguém da minha idade. Depois que eu cheguei em casa ontem, passamos um tempo conversamos por mensagem e eu contei a ele tudo sobre Harry e deixei Mark de fora. Ele ficou o tempo todo me dizendo que Harry não era o tipo de pessoa com quem eu deveria sair e ter amizade e eu apenas disse que eu não ando por aí saindo com Harry, foi apenas uma carona e que de amigos nós não temos nada.

Eu não entendo o Harry. Tecnicamente não faz muito tempo que eu conheço ele, só que dentro desse tempo já era esperado que eu soubesse pelo menos que tipo de relação nós dois temos, eu nem sei quem é o Harry de verdade, como ele fazia questão de jogar na minha cara.

Eu não sei se ele me odeia. Não sei se eu odeio ele. Não sei porque ele me tratou mal desde o primeiro dia e nem porque ele faz questão de ser um babaca, pedir desculpas e voltar a agir como um babaca que ele originalmente é. Isso está longe de ser um bipolaridade, então acho que ele faz mesmo isso porque não gosta de mim. Eu não sei meu Deus... Não sei também porque diabos ele muda tanto de humor e isso me deixa maluca, confusa, constrangida e tão irritada. Ele faz eu sentir tantas coisas que eu não consigo descrever, mas sei que ele faz surgir uma Candice dentro de mim que nem eu conhecia.

E eu ainda nem entendi porque ele resolveu me dar uma carona do nada e depois começou a me ignorar, mas também não me importo, porque é melhor isso do que brigar com ele o tempo todo como um daqueles casais de livros que brigam o tempo todo. Até porque não somos um casal.

Ouço o motor da moto do Kile e volto a realidade.

Dou um sorriso fraco quando o vejo e ele sorri de volta me dando bom dia. Sua barba está por fazer e isso faz ele parecer alguém bem mais velho do que ele é. Ele fica bem assim.

"A gente pode passar no hospital rapidinho?"

"Claro." ele diz, enquanto coloca o capacete em mim e arruma o fecho.

"Obrigada, Kile."

"Por nada. Sobe ai."

Subo em sua moto e seguro no apoio dos lados. Eu não gosto de andar colada nele. Parece íntimo demais e mesmo que eu me sinta a vontade perto dele agora, não acho que é certo.

"Eu não demoro, tá bem." digo descendo da moto. Minhas pernas estão tremendo. Eu detesto motos. Definitivamente.

"Sem problemas, a gente ainda tá com bastante tempo." ele diz me ajudando a tirar o capacete.

After Midnight Onde histórias criam vida. Descubra agora